segunda-feira, 26 de julho de 2010

2172 - O PRIMEIRO SUPORTE PARA A ESCRITA

Civilização da escrita






Por volta do século X a.C. os Gregos, partindo do alfabeto fenício, adoptaram estabelecerem o seu próprio sistema de escrita. Este alfabeto foi sofrendo várias alterações durante vários séculos, ficando definido no século V a.C. com 24 letras- 17 consoantes e 7 vogais. Posteriormente, deu lugar ao alfabeto latino (desenvolvido pelos Romanos) que se usa actualmente.

Para saber mais sobre o alfabeto Fenício siga o endereço na Net:

http://www.emory.edu/CARLOS/ODYSSEY/GREECE/alphabet.html

Curiosidades:
Qual a diferença entre o sistema de escrita Pictórico (como os cuniformes e hieroglifos) e o alfabeto que se utiliza actualmente?


A invenção da escrita



A Escrita é um sistema de signos que serve para exprimir graficamente a linguagem e constituiu uma das grandes conquistas da Humanidade. Desde os primeiros signos conhecidos até chegar aos sistemas alfabéticos actualmente em uso, a escrita passou por inúmeras mudanças e transformações. Nesta evolução distinguem-se claramente duas fases essenciais: a escrita ideográfica e a escrita fonética. No primeiro estádio, a escrita compunha-se por signos pictóricos que representavam objectos ou ideias, com um simples valor ideográfico. Por isso, eram necessários tantos signos quantos os objectos e ideias a exprimir. Numa segunda fase, os signos já não representavam objectos ou ideias, mas os sons com que os objectos ou ideias eram nomeados no respectivo idioma. Os signos além do valor ideográfico passaram a ter também um valor fonético, conforme o texto em que surgiam.

O primeiro sistema de escrita baseado em Alfabeto nasceu por volta de 1400 a.C. através dos fenícios e mudou a história humana e civilização oriental para sempre. A partir dele derivaram todas as escritas alfabéticas.


A primeira referência escrita em relação ao alfabeto Fenício e a sua migração para a Grécia aparece no quinto livro de Histórias¹, escrito pelo grego Herodotus no ano 476 a.C. e considerado o primeiro historiador do Mundo.
¹ "Agora os Fenícios que vieram com Cadmus, e para os quais Gephyraei pertence, introduziram na Grécia com sua chegada uma grande variedade de artes, além de todas a da escrita, quando os gregos até esse tempo, como eu penso, eram ignorantes. E originalmente eles esculpiram as suas letras exactamente como as outras Fenícias, mas depois, com o tempo, eles mudaram gradativamente a sua língua, e junto com isso a forma dos seus caracteres." A História de Herodotus p: 502.

Em 1929, 2400 anos depois do quinto livro de Historias ter sido escrito, as deduções de Herodotus foram confirmadas por Claude Schaeffer, um destacado arqueólogo Francês. Enquanto escavava sobre as colinas de Ras Shamra, na antiga cidade de Ugarit, Schaeffer achou várias tábuas escritas com língua cuneiforme desconhecida. Durante os anos seguintes, centenas de tabuletas cuneiforme Fenícias foram descobertas em Ugarit e em outros locais arqueológicos ao redor do Mediterrâneo Essa descoberta foi muito significante para a civilização do Oriente Médio, porque em Ugarit os arqueólogos levantaram o véu da história. Essas Tábuas de Ugarit continham o primeiro alfabeto da história humana.
Em 1948, todos os vinte e oito caracteres do alfabeto cuneiforme Fenício foram correctamente identificados sendo 26 eram consoantes.



O mapa de Ugarit, Ras Shamra, Byblos, Sidon,Tyro e redondezas.





Fragmento de uma Tábua cuneiforme de Ugarit.




A escrita cuneiforme não se originou com os Fenícios. Por volta de 1400 a.C., os Sumérios, Acádios, Babilónios, e outras populações antigas da região já praticavam escrita cuneiforme há 600 anos.
O sistema de escrita sumério recebeu o nome de cuneiforme (do latim cuneus + forma) em forma de cunha.


O alfabeto linear escrito dos Fenícios desenvolveu-se por volta de 1100 a.C. e tinha apenas 22 caracteres, todos consoantes.
Os historiadores deste período são incapacitados de identificar a razão exacta ou data da transição linguística do cuneiforme para o alfabeto escrito. Simplicidade, flexibilidade, portabilidade, e a diminuição no peso para guardar foram provavelmente alguns dos factores envolvidos na decisão da mudança
.

O facto de maior importância para a nossa civilização foi a adopção durante o séc. VIII a.C., do alfabeto fenício por parte dos Gregos, que o aperfeiçoaram, introduzindo-lhe a notação dos sons vocálicos.







Os caracteres Fenícios acima são (Do topo esquerdo para a direita) aleph, beth, gimel, daleth, he, zayin, cheth, teth, yod, kaph, lamed, mem, nun, sameth, ayin, pe, resh, shin, and tau. (Note que muitas nomenclaturas Fenícias tornaram parte da língua Grega: alpha, beta, gamma, delta, etc.)

As primeiras inscrições alinhavam-se da direita para a esquerda, mas mudou-se depois de orientação, alinhando-se da esquerda para a direita, o que deve ter tido em conta a procura de semelhança com os signos fenícios. O alfabeto grego clássico do séc. VI a.C., compõe-se de vinte e quatro letras, vogais e consoantes.



Escrita Grega: As placas em Linear B

A escrita silábica das placas em Linear B (datadas o mais tardar de 1200 a.C.) é uma forma arcaica do grego antigo, o chamado grego <>. Foi descoberta por Sir Arthur Evans quando escavou o Palácio de Knossos em Creta, na primeira metade do século XX, mas foi somente em 1952 que o arquitecto britânico Michael Ventris a decifrou.
Esta escrita foi utilizada apenas para fins de registo: lista de funcionários, soldados ou trabalhadores, inventários de mobília ou de armazéns, declarações de dívidas ao governante ou oferendas feitas aos deuses.


Linear B - a primeira forma da escrita grega.

Mesmo assim, o Linear B era desajeitado e complicado. A verdadeira evolução veio em 775 a.C., quando os gregos adoptaram o alfabeto usado pelos comerciantes fenícios. O antigo sistema precisava de um símbolo por cada sílaba, mas o novo alfabeto de 24 a 26 letras usava um símbolo para cada som, permitindo-lhes construir números ilimitados de palavras com poucos caracteres.
A alfabetização expandiu-se rapidamente e aproximadamente em 600 a.C. – apenas 175 anos depois – a maior parte dos cidadãos homens podia ler e escrever. O alfabeto grego teve tanto sucesso que foi adoptado depois pelos etruscos e os romanos, e evoluiu no alfabeto usado hoje.




A invenção da escrita - desenvolvimento

Introdução

Enquanto que numa sociedade oral “só sabemos o que sabemos” , numa sociedade escrita “nós sabemos coisas que não sabemos”.
"A invenção da escrita transformou o primeiro universo humano e permitiu a passagem a uma nova idade mental. Não é exagero dizer, escreve Gusdorf, que ela constituiu um dos factores essenciais para o desaparecimento do mundo mítico da pré-história. O escrito consolida a palavra."Deste modo, conclui, a invenção da escrita liberta o homem do jugo da tradição e do "diz-se". Nasce então uma nova autoridade, a da letra, que substitui o costume, numa ambiência sagrada. Porque a primeira escrita é mágica, por efeito das suas prestigiosas virtudes".
Entre Homero e Platão, a passagem do oral para o textual não deixou a oralidade "obsoleta", porque houve um longo período de resistência ao uso do alfabeto depois de sua invenção.

Em Protágoras podemos observar uma tensão entre a escrita e a tradição oral pois Platão procura transportar para a escrita a linguagem oral através de diálogos muito vivos mas em obras posteriores começam a surgir longos monólogos.
A fragilidade e raridade são motivos de desaparecimento dos livros. Mas uma reprodução vagarosa, uma manipulação incómoda, fazem com que os escritos só se perpetuem se tiverem leitores suficientes, isto é, potenciais copistas. Uma obra que não agrada é simplesmente posta de lado e esquecida a muito curto prazo.


A evolução da escrita

A escrita é um sistema de signos que serve para exprimir graficamente a linguagem e constituiu uma das grandes conquistas da Humanidade. Desde os primeiros signos conhecidos até chegar aos sistemas alfabéticos usados actualmente, a escrita passou por inúmeras mudanças e transformações. Nesta evolução distinguem-se claramente duas fases essenciais: a escrita ideográfica e a escrita fonética. Na primeira fase, a escrita compunha-se por signos pictóricos que representavam objectos ou ideias, com um simples valor ideográfico. Por isso, eram necessários tantos signos quantos os objectos e ideias a exprimir. Numa segunda fase, os signos já não representavam objectos ou ideias, mas os sons com que os objectos ou ideias eram nomeados no respectivo idioma. Os signos além do valor ideográfico passaram a ter também um valor fonético, conforme o texto em que surgiam.
O berço da humanidade, a Mesopotâmia, viu nascer aquele que se julga ser o primeiro sistema de escrita da humanidade: a escrita cuneiforme suméria. As inscrições mais antigas (cerca de 3 400 a.C.) foram encontradas na antiga cidade de Uruk mas o sistema de escrita mais significativo desenvolveu-se por volta de 1100 a.C., a escrita linear Fenícia .


Cuneiforme: (do latim cuneus + forma) em forma de cunha.
O suporte desta escrita era, à data, a massa mole de argila (placas de barro), na qual se inscreviam e gravavam, com a ajuda de um estilete, os símbolos gráficos em forma de cunha (até porque era difícil desenhar em barro mole sinais curvos), para depois serem cozidas como peças de cerâmica.


Escrita Grega

A escrita silábica das placas em Linear B (datadas o mais tardar de 1200 a.C.) é uma forma arcaica do grego antigo ou micénico e foi descoberta por Sir Arthur Evans quando escavou o Palácio de Knossos em Creta, na primeira metade do século XX. Esta escrita foi utilizada apenas para fins de registo: lista de funcionários, soldados ou trabalhadores, inventários de mobília ou de armazéns, declarações de dívidas ao governante ou oferendas feitas aos deuses.

Os gregos adoptaram o alfabeto consonântico fenício a partir da primeira metade do século VIII a.C., mas acrescentaram vogais e os caracteres fenícios sofreram algumas modificações quer ao nível da escrita, quer ao nível dos valores fonéticos que representavam.
A primeira referência escrita que existe em relação ao alfabeto Fenício e a sua migração para a Grécia aparece no quinto livro de Histórias¹, escrito pelo grego Herodotus no ano 476 a.C. e considerado o primeiro historiador do Mundo.
¹ "Agora os Fenícios que vieram com Cadmus, e para os quais Gephyraei pertence, introduziram na Grécia com sua chegada uma grande variedade de artes, além de todas a da escrita, quando os gregos até esse tempo, como eu penso, eram ignorantes. E originalmente eles esculpiram as suas letras exactamente como as outras Fenícias, mas depois, com o tempo, eles mudaram gradativamente a sua língua, e junto com isso a forma dos seus caracteres." A História de Herodotus p: 502.

Nota: Abrir o site que se segue

http://www.kfssystem.com.br/loubnan/fenicio.html




A tese geralmente admitida para a introdução da escrita alfabética foi em primeiro lugar a das necessidades de um desenvolvimento comercial decalcado sobre o êxito mercantil dos Fenícios: os Gregos inventaram uma forma de notação adequada às operações de contabilidade, inventário e arquivo, ligadas às suas novas funções de negociantes internacionais. Este utensílio aparece no entanto, com uma sofisticação pouco adequada aos meros usos mercantis: Chipre, até à época clássica, utilizou o linear B sem ter prejudicado o seu dinamismo económico. Por isso, vários historiadores pensam que a invenção da escrita alfabética, se desempenha um papel imediato e preponderante no domínio do comércio, também responde a outros motivos mais complexos e, nomeadamente, à notação da poesia.
A prosa aparece aproximadamente em finais do século VI. Neste sentido a poesia foi o vector essencial das trocas intelectuais no mundo arcaico. Portanto pode-se pensar que entre a data de aparecimento do alfabeto e a data de composição da Ilíada existe mais do que uma coincidência.
A fixação por escrito conduziu também a novos comportamentos. Não se tratava apenas de ter acesso aos textos de referência, leis por exemplo, mas a possibilidade de analisar e contestar estes textos. A argumentação, o espírito crítico nascem da discussão em torno do suporte escrito: a filosofia jónica não tinha a mínima hipótese de ver o dia numa civilização de cultura oral. As leis tornam-se elementos que têm de ser comparados uns com os outros, de cidade para cidade ou de legislador para legislador. Da mesma forma, a redacção da poesia homérica, que tinha sido obra do próprio Homero ou de um dos seus assíduos ouvintes, modifica totalmente o seu sentido e alcance. Os aedos devem doravante seguir um texto fixado em vez de improvisarem livremente com base numa trama e a recitação torna-se um exercício de fidelidade em relação a um modelo. Homero deve unicamente à escrita o facto de ter sido salvo das múltiplas transformações e do esquecimento final.



O Desvio da Tradição

As rupturas com a tradição foram mais dramáticas na extensão da escrita à esfera do poder. Nas cidades-estado o abandono dos regimes monárquicos, onde o destino de cada um estava marcado pela sua maior ou menor proximidade aos deuses, pela pertença a uma família ilustre, ou pela fidelidade a um chefe, passou a ser determinado a partir de um princípio abstracto que é a lei escrita. A lei impõem-se agora perante a tradição oral.
Esta luta entre a lei escrita e a lei apoiada na tradição oral, surge com toda a clareza em obras como a "Antígona" de Sófocles.
"Creonte (Rei): - Mas tu (a Antígona) diz-me, sem rodeios: sabias que te era vedado, por édito, fazer o que fizeste?
Antígona: - Sim, sabia-o bem. Como poderia ignorá-lo, se toda a gente o sabe?
Creonte: -E, apesar disso, atreveste-te a passar por cima da lei?
Antígona: - Não foi Zeus que ditou esse decreto; nem Dice ( a Justiça), companheira dos deuses subterrâneos, que estabeleceu tais leis para os homens. E não creio que os teus decretos tenham tanto poder que permitam a alguém saltar por cima das leis, não escritas, mas imutáveis dos deuses; a sua vigência não é, nem de hoje nem de ontem, mas de sempre, e ninguém sabe como e quando apareceram. Não iria atrair o castigo dos deuses, com receio das determinações dos mortais".
In, Antígona, de Sófocles.

A alfabetização expandiu-se rapidamente e aproximadamente em 600 a.C. a maior parte dos cidadãos homens podia ler e escrever. O alfabeto grego teve tanto sucesso que foi posteriormente adoptado pelos etruscos e romanos, tendo evoluído no alfabeto que utilizamos actualmente.




Olga Pombo: opombo@fc.ul.pt




COPYRIGHT OPOMBO@FC.UL.PT

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Contador de visitas