segunda-feira, 26 de julho de 2010

2139 - HISTÓRIA DO PERGAMINHO

UNIVERSIDADE FEDERAL RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE BIBLIOTECONOMIA E COMUNICAÇÃO
Departamento de Ciências da Informação
RESTAURAÇÃO DE DOCUMENTOS E ENCADERNAÇÃO DE LIVROS:
noções básicas
Renata Cristina Grün CRB 10/1113
Bibliotecária do Instituto de Geociências da UFRGS
Jussara Pereira Santos CRB 10/9
Prof. Titular do Curso de Biblioteconomia e Documentação da UFRGS
Porto Alegre
UFRGS – FACULDADE DE BIBLIOTECONOMIA E COMUNICAÇÃO
Departamento de Ciências da Informação
2003
UFRGS – FACULDADE DE BIBLIOTECONOMIA E COMUNICAÇÃO
Departamento de Ciências da Informação
Rua Ramiro Barcelos, 2705 – Bairro Santana
90035 007 Porto Alegre, RS
Fone: (xx) 51 33 16 5229
Fax: (xx) 51 33 16 5435
E-mail : dci@ufrgs.br
Documento preparado para o Curso de Extensão sobre Recuperação de Documentos:
conhecimentos básicos de Restauração e Encadernação
Ministrante: Bel. Renata Cristina Grün, CRB-10/1113
Coordenadora: Profa. Ms Jussara Pereira Santos, CRB-10/9
Local e data de realização: Porto Alegre, RS, 28 de junho a 15 de agosto de 2003
CIP – Brasil – Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação
(Iara Conceição Bitencourt Neves, CRB-10/351)
Grün, Renata Cristina.
Restauração de documentos e encadernação de livros: noções básicas. /
Renata Cristina. Grün, Jussara Pereira Santos. -- Porto Alegre :
Departamento de Ciências da Informação da Faculdade de Biblioteconomia
e Comunicação da UFRGS, 2003.
24 f.
1. Documentos - Restauração. 2. Documentos - Encadernação. I. Santos,
Jussara Pereira II. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Departamento de
Ciências da Informação. III. Título.
SUMÁRIO
1 RESTAURAÇÃOP E CONSERVAÇÃO DE LIVROS E BIBLIOTECAS:
conceitos, importância e objetivos ........................................................................... p.04
2 SUPORTES PARA IMPRESSÃO ......................................................................... p.05
3 AGENTES AGRESSORES DO PAPEL ............................................................... p.06
4 CUIDADOS NO ARMAZENAMENTO E MANUSEIO ..................................... p.11
5 LIMPEZA DE LIVROS E PRATELEIRAS........................................................... p.13
6 PLANEJAMENTO CONTRA DESASTRES ........................................................ p.15
7 PARTES DO LIVRO ............................................................................................. p.16
8 RECUPERAÇÃO DO DOCUMENTO .................................................................. p.17
9 COSTURAS ........................................................................................................... p.20
9.1 Costura de Folha Solta.......................................................................................... p.20
9.2 Costuras em Cadernos........................................................................................... p.21
10 ENCADERNAÇÃO ............................................................................................. p.23
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... P.23
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RESTAURAÇÃO DE DOCUMENTOS E
ENCADERNAÇÃO DE LIVROS: noções básicas
1 RESTAURAÇÃO E CONSERVAÇÃO DE LIVROS E BIBLIOTECAS:
conceitos, importância e objetivos
Conservação: é um conjunto de ações estabilizadoras que visam desacelerar o processo
de degradação de documentos ou objetos, por meio de controle ambiental
e de tratamentos específicos (higienização, reparos e acondicionamento).
Preservação: é um conjunto de medidas e estratégias de ordem administrativa, política
e operacional que contribuem direta ou indiretamente para a preservação
da integridade dos materiais.
Restauração: são técnicas utilizadas para a reintegração do suporte tanto nos aspectos
físicos quanto químicos. São utilizadas técnicas mais apuradas,
complexas para a integração total do documento ou suporte de modo a não
comprometer sua integridade e seu caráter histórico.
Importância da Restauração: a restauração visa dar condições para que a informação
em suporte papel chegue ao futuro. Mas, para isso, é
necessário ter consciência de que só restaurar não é o mais importante e sim mostrar
como fazer para que o livro (papel) chegue ao futuro sem sofrer os danos causados pelo
homem e por outros agentes que podem ser provocadores de sua degradação.
Hoje, a restauração já possui novos rumos de preservação onde antes só
restaurar era o fundamental; agora, é conscientizar para não chegar ao ponto de intervir
em uma obra, mas dar condições ideais tanto de clima, armazenamento, manuseio,
iluminação para que ela se mantenha o mais próximo possível do original.
Objetivos da Conservação e Restauração: são objetivos básicos das técnicas de
conservação e restauração, os seguintes:
· manter em boas condições o patrimônio físico e bibliográfico da biblioteca;
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· zelar pela saúde das pessoas envolvidas em sua manutenção e no seu uso;
· detectar focos de proliferação de insetos e combatê-los;
· identificar agentes causadores de danos ao patrimônio e eliminá-los;
· estabelecer uma política de restauração de documentos que propicie:
- o estabelecimento de prioridades a serem atendidas;
- recursos humanos, materiais e financeiros para sua viabilização.
· realizar trabalhos de restauração de documentos danificados por agentes
biológicos (insetos, roedores e humanos).
2 SUPORTES PARA IMPRESSÃO
A informação dos nossos antepassados chegou até nós graças aos seus
registros. Estes registros foram grafados em vários suportes e o Papiro, o Pergaminho e
o Papel são as formas que mais encontradas em bibliotecas, arquivos e museus.
História do Papiro: a origem do Papiro é africana, por volta do ano 3700 a.C. É considerado
o suporte mais importante da escrita pois perdurou até os
primeiros séculos da Era Cristã em toda a África, Europa e Ásia. O Papiro era
produzido de uma planta nativa das margens do Rio Nilo, a Arundinária. O caule desta
planta era reduzido a tiras ou lâminas, coladas perpendicularmente umas às outras,
depois batidas, lixadas e polidas e recortadas as aparas, obtendo-se folha fina e flexível.
O retângulo, tratado cuidadosamente, formava o Papiro de rico. As aparas eram
aproveitadas, coladas irregularmente, resultando um produto de qualidade inferior,
constituindo o Papiro do pobre. Nos primeiros séculos de nossa Era, o Papiro já não se
constituia era o único suporte para a escrita pois já havia sido desenvolvida a técnica de
fabricação do Pergaminho.
História do Pergaminho: o Pergaminho foi desenvolvido a partir do couro de animais
jovens, especialmente cabritos e cordeiros. Os melhores
Pergaminhos eram os que utilizavam-se espécimes intra-uterinos e a estas variedades
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mais finas dava-se o nome de Velinos. Sua preparação era semelhante ao curtimento do
couro. Depois de lavados, as peles eram depiladas, estendidas num retângulo de madeira
e polidas com pedras-pomes. Desta forma, obtinha-se uma superfície lisa e clara. O
Pergaminho foi o principal suporte da escrita durante toda a Idade Média.
História do Papel: o Papel tem sua origem na China, em data não determinada
precisamente, por volta do ano 105 d.C. Os chineses utilizavam as
fibras do cânhamo e do algodão. Como este material era muito utilizado na indústria
têxtil, passou-se a empregar o bambu e a amoreira, bem como a juta, o linho, o rami, a
cana e os talos do trigo e do arroz. O Papel chegaria na Europa somente em 1150,
através da Espanha, onde se instalou um moinho de papel trazido pelos árabes. Em
1276, chegou na Itália; em 1320, chegou na Alemanha; em 1494, na Inglaterra e, em
1690, nos Estados Unidos. No Brasil, somente em 1811, começou-se a fabricá-lo. Com
surgimento das primeiras máquinas para o fabrico de papel foram testados vários
produtos como matéria prima. Em meados do século XIX, com o advento da
alfabetização e a expansão da forma escrita de documentos e troca de informação,
houve a necessidade de uma demanda crescente de papel e suas múltiplas aplicações. As
utilizações de trapos de linho e algodão foram substituídas pelo emprego de fibras
vegetais ricas em celulose e adequadas para a fabricação do papel. Thomas Rutledge,
em 1861, é o inventor do papel de fibras vegetais. O Capim Espanhol, Espato, veio
substituir a matéria prima do papel de trapo. Atualmente, a celulose é a principal
substância usada na fabricação do papel. Seu aspecto branco leitoso é insolúvel em
água. Na sua composição se encontram fibras vegetais, carboidratos, amido e lignina. A
lignina é um polímero de caráter ácido e de natureza orgânica, que impregna as fibras de
celulose e diminui a resistência do papel. A lignina, devido à sua reatividade química,
pode tornar-se fortemente colorida, o que explica o progressivo amarelecimento dos
papéis. A utilização de processos químicos reduz o teor de lignina melhorando sua
qualidade.
3 AGENTES AGRESSORES DO PAPEL
Agentes Externos e Ambientais: o papel é vulnerável a diversos processos de dete07
rioração, alguns provenientes de sua própria
fabricação (ver parágrafo acima), outros devido às condições do ambiente circundante
ao acervo documental.
Iluminação: a luz, natural ou artificial, é um tipo de radiação eletromagnética capaz de
fragilizar o papel, induzindo um processo de envelhecimento acelerado.
Além da radiação visível, os raios ultravioletas e o infravermelhos são dois outros tipos
de radiação eletromagnética nocivas à conservação de acervos documentais,
particularmente aqueles constituídos de papel. O controle das radiações
eletromagnéticas deve ser feito através de cortinas, persianas, filtros especiais para
absorção dos raios ultravioleta e filmes refletores de calor. No momento, não existe
nenhum tipo de lâmpada ideal capaz de iluminar sem danificar o material documental.
Poluição Ambiental: a poeira e os gases ácidos devido à queima de combustíveis são
os poluentes mais agressivos às obras. O acumulo de poeira nos
documentos prejudica e favorece o desenvolvimento de microorganismos e pode
acelerar a deterioração de material documental. Os gases ácidos agridem mais
rapidamente a estrutura química dos documentos. A velocidade de degradação por
poluentes atmosféricos é função do percentual de umidade relativa no acervo e
circunvizinhanças. Como medidas de proteção à ação de poluentes atmosféricos citamse
os sistemas de ventilação artificial com o acoplamento de filtros especiais destinados
à retenção dos componentes nocivos ao material documental.
Umidade e Temperatura: a umidade e a temperatura são fatores climáticos que
contribuem significativamente para a deterioração de
material bibliográfico. A medição da umidade ambiental é feita através do uso de
higrômetros, higrógrafos, psicrômetros e tiras de papéis especiais. Termoigrômetros e
termoigrógrafos são aparelhos que medem simultaneamente a temperatura e a umidade.
As variações de umidade e temperatura submetem o papel, principalmente, a
movimentos de estiramento e de contração de acordo com ao maior ou menor nível
desses parâmetros. Os fatores climáticos são responsáveis pelo desenvolvimento de
microorganismos, insetos e também roedores. Os valores aceitos como convenientes à
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conservação de acervos bibliográficos podem variar entre 50% e 60% de umidade
relativa do ar e 16 à 22°C de temperatura. O controle da umidade é feito através de
aparelhos de desumidificação do ar, quando ambiente úmido e de umidificadores em
ambientes secos. O controle pode ser feito de uma forma caseira misturando-se cinco
tabletes de cânfora, 500gr. De sal grosso, cinco tabletes de giz esmagado, cal virgem.
Depois de misturar bem, espalhar por toda a biblioteca em pequenos potinhos. Pode-se,
ainda, comprar sílica gel e montar saches e colocar na biblioteca trocando-os de seis em
seis meses.
Agentes Biológicos: dentre os agentes biológicos que provocam a degradação nos
documentos encontram-se os insetos, os fungos, os roedores e o
próprio homem.
São cinco os principais insetos que atacam o ambiente de uma biblioteca ou
arquivo. Para melhor caracterizá-los, podem ser subdivididos em duas grandes
categorias:
- Superfície: são insetos roedores, que atacam documentos externamente: baratas
(Blattarias), traças (Tisanuros) e o piolho de livro (Corrodentia) são os mais comuns;
- Internos: são insetos roedores, que atacam o interior dos volumes. Os
cupins(Termitas) e brocas (Anobiideos) são típicos desta categoria.
Este agrupamento não quer dizer que estes insetos têm o mesmo hábito,
ciclo de vida e características de ataque, assim como diferem as técnicas de controle das
infestações.
Barata (Blattaria): existem aproximadamente cerca de 3.500 espécies de baratas. Elas
escondem-se em fendas de paredes, batentes de portas, ralos,
esgotos, lixos, locais onde a luz do sol não penetra. Têm hábitos noturnos. Em
bibliotecas atacam papéis gomados e capas de publicações encadernadas com tecido.
Sua presença pode ser notada pelo aparecimento de pequenas manchas na superfície ou
extremidades roídas. Como media preventiva à sua infestação, é necessário que o
ambiente seja mantido limpo e o lixo retirado diariamente; deve-se, também, fechar toda
e qualquer fresta ou abertura no assoalho, paredes e batentes. Periodicamente, pode ser
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feita uma dedetização, com cautela, pois os produtos químicos utilizados podem causar
estragos maiores, sendo que as manchas causadas pelos mesmos são irreversíveis. Os
resíduos podem, ainda, atacar a saúde das pessoas que mantém contato direto com os
documentos.
Traças (Tisanuros): as traça pertencem a família Lepismitidae, não ultrapassam a 2 cm
de comprimento não considerando as antenas e os filamentos
caudais. Sua cor é cinzenta e têm brilho prateado. As traças escondem-se dentro de
papéis velhos enrolados, mapas, arquivos de documentos, jornais ou sobre a superfície
de papeis gomados, geralmente em ambientes aquecidos e úmidos. Seu alimento ideal é
a celulose do papel ou do amido da cola da lombada dos livros ou das etiquetas. As
medidas de controle podem ser adotadas mediante uma verificação e limpeza semestral
do ambiente. Para evitar estes insetos espalha-se saches de ervas aromáticas como, por
exemplo; mangerona, louro, salvia e arruda.
Piolho de Livro (Corrodentia): são insetos que medem de 1 a 3 milímetros de comprimento.
Algumas espécies são de cor amarelada ou
cinza ou castanho avermelhada. O alimento do piolho de livro é o fungo presente no
papel corroendo toda a superfície onde exista este tipo de organismo. O controle está na
limpeza constante dos documentos e controle da temperatura e da umidade.
Cupins (Termitas): os cupins são insetos sociais que se organizam em colônias
numerosas, formadas até por milhares de indivíduos, conforme a
espécie. Vivem em túneis fechados dentro da terra, madeira ou ninhos. Os cupins alados
partem em revoada adentrando nas casas e edifícios nas noites quentes entre os meses
de setembro a dezembro. Eles voam em torno das lâmpadas acesas até perderem suas
asas, procurando então novas colônias, penetrando nas madeiras dos moveis, forros,
batentes das portas e janelas. Em bibliotecas, além da madeira, atacam os livros
formando galerias não visíveis. Nas bibliotecas com estantes de madeira não tratada
deve ser observado a existência de pó da madeira constantemente. O controle é feito
através do extermínio dos ninhos, eliminando as colônias destes insetos. Inseticidas
locais de ação residual repelente são temporários, passado o efeito, o inseto volta a
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atacar abrindo novas galerias. Outra forma de prevenir é usar o óleo de bergamota na
superfície dos móveis principalmente onde foi localizado alguma presença de cupim.
Ou ainda colocar serragem de cedro em potinhos e colocar nos cantos dos móveis. O
trabalho de tratamento do solo ao redor do edifício e no seu interior deve ser realizado
por firma especializada no ramo.
Brocas (Anobiideos): são pequenos besouros medindo cerca de 2,5 a 3,5 milímetros de
comprimento, coloração castanho ou preto e cobertos de pelos
muito filos. As brocas colocam cerca de quinze ovos em cada postura procurando
sempre os orifícios da superfície da encadernação ou a borda das folhas. Após a eclosão
dos ovos, as larvas penetram no interior dos livros. Os livros são o principal material de
ataque das brocas, mas seu alimento não é somente a celulose, atacam também o couro.
É importante, para o controle dos anobiideos, uma inspeção das coleções mais visadas
por estes insetos. As publicações antigas e encadernadas em couro deverão ser
examinadas minuciosamente, procurando-se localizar orifícios produzidos pela larva ou
a presença do pó característico nas estantes ou no próprio livro. Os volumes atacados ou
suspeitos, devem ser separados para tratamento e guardados em salas separadas. Esta
rotina deverá ser efetuada na biblioteca pelo menos uma vez por ano entre os meses de
julho a outubro, quando as larvas alcançam de três a cinco milímetros e antes da fase
adulta.
Fungos: os fungos, às vezes chamados de “mofos” ou “bolores”, atacam todos os tipos
de acervos independentemente dos seus materiais constitutivos. Os danos que
causam vão desde uma simples coloração até a deterioração da estrutura das obras. Os
fungos são vegetais desclorofilados, portanto, incapazes de realizar fotossíntese. Desse
modo, necessitam instalar-se sobre matérias que lhe possibilitem obter os nutrientes
numa forma pré-elaborada, isto é, de fácil assimilação. O desenvolvimento dos fungos é
afetado por diversos fatores como a luz, o pH do papel, natureza do material
constitutivo dos documentos e a presença de outros microorganismos.
Roedores: os roedores além de atacar os documentos podem atacar o revestimento
isolante dos condutores elétricos, favorecendo a instalação de sinistros. A
admissão de roedores nos acervos se dá devido à presença de resíduos de alimentos,
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hábito que deve ser proibido junto aos funcionários e usuários dos acervos.
Ação do Homem: o homem tem contribuído para a degradação dos documentos
através do manuseio incorreto e acondicionamento inadequado.
Alguns procedimentos inadequados que prejudicam o livro podem ser constatados no
Quadro a seguir.
QUADRO – Procedimentos Inadequados com Relação ao Livro
Exercidos pelo Homem
- Inserir no livro pétalas ou folhas de plantas; recortes de jornais e papéis ou papelão de
baixa qualidade.
- Retirar o volume da prateleira, puxando-o pela borda superior da lombada, danificando
a encadernação.
- Colocar clips como marcador de páginas. - Folhar livros com as mãos sujas.
- Fazer refeições junto ao livro. - Fazer marcas na páginas, dobrando-as.
- Fazer anotações a caneta nos livros. - Debruçar em cima dos livros.
- Tirar cópia xerox dos volumes
encadernados.
- Molhar a ponta dos dedos com saliva
para virar as páginas.
- Usar fita adesiva para consertar páginas
rasgadas.
- Confinar volumes em armários fechados
e sem ventilação.
- Utilizar mobiliário de madeira sem
tratamento, para armazenagem de
documentos.
- Prateleiras sem auxilio de bibliocantos
para amparar volumes.
- Utilizar elástico para amarrar volumes danificados.
- Acomodar nas prateleiras livros volumosos, grandes e pesados na posição vertical
4 CUIDADOS NO ARMAZENAMENTO E MANUSEIO
O armazenamento inadequado tem efeito direto sobre a vida útil dos
materiais. A guarda sem cuidado ou a superlotação de espaços resulta rapidamente em
danos às coleções. O manuseio inadequado também tem seu custo. Se o manuseio
normal produz, inevitavelmente, alguns danos, o manuseio descuidado rapidamente
conduz a problemas sérios e irreparáveis.
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Os livros, de modo geral, devem ser mantidos em local com boa circulação
de ar. Nunca devem ser guardados em contato direto com as paredes devendo estar no
mínimo a 7 cm de distância das mesmas, para facilitar o movimento do ar ao seu redor e
evitar a ocorrência de bolsões de ar úmido. Isto se faz especialmente importante quando
as estantes de livros estão posicionadas junto as paredes externas de um prédio. Os
livros armazenados em armário fechado também devem guardar certa distância da
parede de fundo do armário e o próprio armário deve ficar afastado em
aproximadamente 7 cm da parede.
Os livros devem ser sustentados em posição vertical sobre as prateleiras.
Não se deve permitir sua inclinação para um lado ou outro, pois isto força a
encadernação. Devem ser colocados de forma a encher as prateleiras, a fim de evitar que
se inclinem: entretanto, não se deve apertá-los de forma a provocar danos ao retirá-los
da estante. Caso as prateleiras não estejam cheias, devem ser utilizados bibliocantos
para manter os livros em pé. Estes suportes devem ser à prova de danos, com superfícies
lisas e cantos arredondados, para evitar o risco de arranhar as encadernações ou de
rasgar ou amassar as folhas.
Os livros não devem ultrapassar as margens das prateleiras, estendendo-se
no espaço dos corredores, pois assim correm o risco de serem danificados. Ao invés
disso, devem ser previstas prateleiras de dimensões especiais, adequadas para
armazenagem de livros grandes. Até que se reorganizem as estantes, os livros devem ser
guardados com a lombada para baixo. Armazenando o livro nesta posição, evita-se que
as folhas se descolem da encadernação por força de seu peso. Não se deve dispor livros
grandes perto dos pequenos, pois estes não os apoiam adequadamente.
As encadernações de papel e de tecido não devem ser armazenadas em
contato direto com as de couro. A acidez e os óleos que estão no couro migram para o
papel e o tecido, acelerando sua deterioração. Além disto, o couro deteriorado se
transforma em uma substância poeirenta, que acaba por sujar o papel e o tecido. Sempre
que possível, os livros encadernados em couro devem ser protegidos em caixas para
evitar esses problemas.
Procedimentos inadequados de manuseio podem causar danos irreparáveis
aos livros. Estes não devem ser puxados das prateleiras por sua lombada, pois isto faz
com que a lombada se desprenda da capa. Em lugar disto, deve-se empurrar os livros
que se encontram ao lado daquele que se deseja, para depois puxá-lo suavemente,
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segurando-o dos dois lados com o polegar e os dedos. Depois de remover o livro
desejado, reajustam-se os demais na prateleira, bem como os bibliocantos. Para
recolocar o livro no primeiro lugar, deve-se retirar o bibliocanto e mover os outros
livros, abrindo espaço. Só então o bibliocanto deve ser reajustado.
Os livros sofrem freqüentemente danos desnecessários durante o processo
de reprodução fotostática (xerox). As máquinas planas exigem que a encadernação seja
forçada, aplanada, para que se consiga uma boa imagem. As melhores máquinas são
aquelas com mesas em ângulo ou outras características que permitem fotocopiar uma
página com o livro aberto apenas em 90º, em vez de 180º. A lombada de um livro nunca
deve ser apertada para baixo com a mão ou com a tampa da copiadora para assegurar
uma imagem de qualidade. Se um livro está muito quebradiço e frágil para ser
fotocopiado com segurança, deve ser microfilmado, podendo-se, então, produzir uma
cópia em papel a partir do microfilme.
5 LIMPEZA DE LIVROS E DE PRATELEIRAS
Os livros devem ser mantidos limpos já que isto aumenta sensivelmente sua
vida útil. A limpeza deve ser feita em intervalos regulares, com freqüência determinada
pela velocidade com que a poeira se acumula nos espaços de armazenagem. É
importante assinalar que a própria limpeza pode danificar encadernações frágeis, que
muitas vezes não resistem ao manuseio para limpá-las. Neste caso, é preciso bom senso
para decidir quando os livros podem e devem ser limpos.
Para reduzir a quantidade de poeira e impurezas que se acumulam nos livros
e prateleiras, é necessário manter os pisos nos espaços de armazenagem o mais limpo
possível, aspirando-os periodicamente. Não é recomendável varrer, pois o pó tende a
levantar e espalhar-se. Os pisos devem ser lavados com o pano bem torcido e os
carpetes (melhor não colocar carpete em bibliotecas ou sala com muitos livros)
aspirados, sempre que necessário. É, também, essencial tomar medidas preventivas
para evitar que os livros das prateleiras mais baixas recebam respingos de produtos de
limpeza. A cera líquida pode ser usada na limpeza da biblioteca sempre observando o
cuidado no uso, nunca levar o balde entre as estante deixando-o na entrada de cada
corredor.
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Nas prateleiras deve-se remover a poeira pesada com um aspirador provido
de filtro, para evitar a recirculação do pó através do exaustor. As acumulações grossas
de poeira e sujeira às vezes exigem a lavagem das prateleiras com um sabão suave. É
necessário, entretanto, avaliar cuidadosamente os riscos que representam o transporte
de água para os espaços de armazenagem, devido não só à possibilidade de
derramamento, como ao aumento da umidade do ar provocado pela limpeza de muitas
prateleiras de uma só vez num espaço confinado. Também, devem ser tomados
cuidados no sentido de que as prateleiras estejam completamente secas antes que os
livros sejam recolocados, sobretudo se tiverem sido limpas com água.
Quando se faz a limpeza dos livros com uma flanela, é preciso fechá-los
com firmeza. Se estiverem cobertos com uma camada pesada de poeira, pode-se usar
um aspirador, não importa a marca, bastando não ser muito potente e com a utilização
de uma peça com escova macia. Deve-se, também, afixar um pedaço de tecido ou
talagarça entre a extremidade da mangueira e a escova, para evitar que fragmentos
soltos de capas deterioradas sejam sugados para dentro do aspirador. Por esta razão,
pode ser necessário reduzir a sucção do aspirador, que não deve ser usado diretamente
em livros antigos e raros. Para estes casos, recomenda-se o uso de uma escova de
cerdas macias, varrendo-se a poeira para dentro da boca do aspirador. Ao limpar os
livros, é importante segurá-los firmemente fechados para evitar que a sujeira deslize
para baixo, por entre as folhas. Quando se passa a flanela ou a escova, o movimento
deve ser no sentido do pé para a cabeça, para evitar que a sujeira penetre na guarda ou
na lombada. A parte superior do livro, geralmente a mais suja, deve ser limpa primeiro.
Os panos de limpeza dos livros devem ser trocados freqüentemente, e os que forem
utilizados para limpar as prateleiras nunca devem ser usados também para os livros.
A limpeza normalmente é feita com mais eficiência por equipes de duas
pessoas, utilizando-se um carrinho de livros, flanelas e um aspirador. A equipe deve
trabalhar prateleira por prateleira, de cima para baixo, removendo os livros na ordem em
que se encontram e colocando-os de pé no carrinho, apoiados por bibliocantos. A
prateleira deve ser então limpa. Os elementos estranhos aos livros, como marcadores de
páginas, tiras de papel e flores prensadas, devem ser removidos para que a acidez não
migre para as folhas, danificando-as. Os clipes e outros prendedores danosos devem
também ser removidos, para que não causem manchas ou marquem as páginas. Cada
livro deve ser limpo e, então, devolvido à prateleira.
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Uma vez que a limpeza pode ocasionar danos aos livros, deve-se ensinar aos
funcionários técnicas de manuseio cuidadoso, além de conscientizá-los da importância
desta tarefa, que por ser tão básica e demorada é freqüentemente esquecida ou adiada.
A limpeza é, entretanto, fundamental para aumentar a vida útil das coleções.
Eliminando a poeira que causa atrito às páginas e à superfície das encadernações,
atraindo insetos e tornando o ambiente propício à criação de fungos, os funcionários
estarão contribuindo muito para a conservação dos livros. Essa tarefa básica é, portanto,
uma das mais importantes para a preservação das coleções.
6 PLANEJAMENTO CONTRA DESASTRES
Os desastres são imprevisíveis pois podem destruir todo o acervo de uma
biblioteca. A necessidade de um planejamento contra desastres como os incêndios e
inundações é cada vez mais necessário.
Planejamento: planejamento contra desastres é fundamental para qualquer instituição
mantenedora de documentos. De inicio, é necessário que um
funcionário seja designado para planejar e coordenar o projeto. Uma vez elaborado este,
deve-se treinar os demais funcionários nos processos de prevenção. O plano para
prevenir desastres deve conter cronograma de verificações permanentes das condições
físicas do prédio e manter contato com o setor responsável pela manutenção do imóvel.
O corpo de bombeiros pode orientar quanto às medidas de segurança contra incêndios e
eventuais problemas decorrentes da estrutura do imóvel. O plano para prevenir desastres
deve incluir uma lista dos funcionários que podem ser contatados fora do horário de
expediente. O plano deve conter os procedimentos e orientações e a identificação e
seleção de objetos e documentos que devem ter prioridade numa operação de
salvamento. É importante que a instituição esteja no seguro, prevendo a indenização por
danos sofridos pelo imóvel e pelos documentos, inclusive as despesas com a
recuperação do acervo danificado. O plano para prevenir desastres deve ser escrito na
forma de um manual e revisto periodicamente. Cópias de todos estes documentos,
inclusive da apólice de seguro, devem ser mantidos em local fora do recinto da
biblioteca já que a instalação do sinistro pode impedir as pessoas de terem acesso aos
mesmos. A cópia de segurança deve ser mantida em cofre de aço ou de outro material
resistente ao fogo e/ou inundação.
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Incêndios: os incêndios acontecem, normalmente, com o uso de cigarro, defeitos nas
instalações elétricas e de incêndios provocados criminosamente. Os livros,
por serem objetos compactos, queimam tri-dimensionalmente e de modo lento. As
capas de encadernação protegem o texto e com isto o papel queima primeiramente nas
bordas. A fumaça e a fuligem se espalham por toda a área, manchando, inclusive,
documentos que tenham escapado do fogo. O maior perigo em um incêndio é o dano
causado pela água do combate ao fogo, promovendo os mesmos efeitos de uma
catástrofe por inundação. O uso de detectores de fumaça e fogo, conectados a sistemas
de sprinklers com válvulas de segurança, constituem-se em instrumentos que podem
debelar o fogo com o uso de água na medida da necessidade da combustão instalada.
Outro método muito eficaz, mas ainda oneroso, é a liberação de gás na atmosfera
(especial para este fim), baixando a taxa de oxigênio e acabando com o fogo por meio
de asfixia. Estes gases não são danosos aos seres humanos, mas só podem ser usados
em ambientes que possam ser vedados com segurança, evitando a entrada de oxigênio.
Inundação: as causas mais comuns de inundações são as precárias condições das instalações
hidráulicas, com tubulações entupidas e danificadas, defeitos de
forros e telhados do imóvel. A causa de uma umidade excessiva faz com que o mofo
invada todo o acervo. A água das inundações deixa os documentos sujos e manchados.
Os livros editados antes de 1850 são capazes de absorver mais água do que os livros
recentes que, muitas vezes, são impressos em papéis menos resistentes. Os livros
molhados aumentam de volume, provocando o seu deslocamento nas estantes,
dificultando a retirados dos livros das estantes. Os livros impressos em papel tipo cuchê,
com revestimento brilhante, em geral usado para impressão de ilustrações, transformamse
em verdadeiros tijolos com suas páginas coladas umas nas outras. Para informações
complementares ver na Seção 3 deste documento, o título Umidade e Temperatura.
7 PARTES DO LIVRO
Cabeça: a parte superior do livro ou página; por extensão, a parte de cima
da lombada da capa de um volume encadernado.
Cabeceado: arremate colorido que se cola na cabeça e no pé do dorso,
como acabamento.
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Caderno: conjunto de folhas de um livro dobradas ao meio encaixadas e
costuradas.
Corpo do Livro: o que propriamente constitui o texto da obra, excluída a
capa.
Dorso ou Lombo: o lado do livro onde está a costura, oposto ao corte da
frente.
Encaixe: cada um dos sulcos formados nas laterais da capa, junto à
lombada, onde se encaixam os papelões da capa.
Folha de Rosto: é a folha do livro que tem impresso o título da obra, nome
do autor, indicação do impressor e outros dados complementares.
Guardas: são as folhas dobradas que se põem no começo e no fim, do livro
encadernado, unindo a capa ao volume.
Lombada: é a parte da capa que recobre o dorso do livro.
Medianiz: canal formado pelo encontro das duas margens internas das
páginas de um livro, dispostas face a face.
Orelha: parte da capa de certos livros em brochura, que se dobre para
dentro.
Pé: parte inferior do livro ou página.
Seixa: a parte dos papelões da capa que sobressai ao formato das páginas do
livro encadernado, nos cortes (cabeça, frente e pé).
8 RECUPERAÇÃO DO DOCUMENTO
Metilcelulose: é um pó meio esbranquiçado e fibroso. Quando diluído em água, vira
uma solução viscosa. É usado como adesivo em restauração de livros.
Cola METILAN: é utilizada para colar, descolar papeis, lavagem, revitalização,
fortalecimento do papel e conservação. Para a cola durar mais
tempo, guardar na geladeira pois mofada já não terá mais utilizade. Quando estiver
sendo preparada não deve ser aspirada, pois causa problemas respiratórios. O pó é
misturado com água à 60 ºC com isto terá maior aderência. Para ficar mais densa, diluir
40gr de Metilan em ½ litro água à 60 ºC
Desmonte do Livro: o livro deve ser desmontado para ser tratado. Em primeiro lugar é
necessário numerar todas as páginas do livro. Este processo deve
ser feito com todo o cuidado para não danificar mais a obra, separando os cadernos e
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seguindo os passos necessários.
Limpeza de Tintas: para retirar qualquer tinta, não desejada do documento é necessário
fazer uma mistura de porções iguais de água e álcool. Fazer
uma buchinha de algodão com a pinça ou cotonete. Mergulhar na mistura e pressionar
na tinta, sem esfregar para não rasgar o documento. Quando o algodão utilizado estiver
manchado deve-se troca-lo.
Retirada de Fitas: usa-se isaraz para retirar as fitas tipo durex, crepe, isolante,
adesiva de qualquer espécie ou papel contact. Faz-se uma bucha de
algodão e utilizando a pinça molha-se no isaraz e com o auxílio do bisturi vai-se
levantando a fita e soltando a cola. Após, para tirar a goma que restar, passa-se uma
bucha de algodão com xilól.
Teste de PH: o teste de pH é feito para a verificação do grau de acidez ou alcalinidade
do papel. Esta variação ocorre em função da absorção dos poluentes
pelos papéis. O teste consiste em molhar o papel com uma gota de água e pressionar,
alguns minutos, com uma folha do Papel Indicador Universal, ao retirar o Indicador
Universal mostrará uma alteração de cor. A escala de pH é de 1 a 6 ácido, 7 tem pH
neutro e de 8 a 14 alcalino. Sendo que os extremos são os de maior prejuízo ao livro.
Enxertos: esta técnica consiste em recompor uma área faltante do papel com pedaços
de papel similar em cor e textura. O papel mais utilizado para esta finalidade
é o Ingris sempre na cor mais próxima do papel do livro. Com o lápis 6B pontilhar
(bem de leve) o contorno do rasgo no papel que vai servir o enxerto. Retirar o pedaço de
papel para o enxerto e separar o enxerto 3 mm a mais da parte pontilhada. Pelo verso do
papel que vai ser reconstituído, desbastar, com o bisturi, cerca de 3 mm nas bordas do
rasgo. Repetir esta operação nas bordas do papel para enxerto, só que na parte de cima,
que vai ser colada ao outro. Este procedimento visa afirmar as bordas de ambos os
papéis para que, quando colados um sobre o outro, apresentem a mesma espessura do
papel original. Verificar se há uma perfeita sobreposição das duas partes desbastadas.
Colocar uma folha de papel siliconado atras do documento, passar cola na borda
desbastada no enxerto e colar ao documento, o enxerto por baixo. Colocar por cima uma
tela e, com a espátula, alisar bem para completa adesão. Deixar secar entre telas, papel
mata-borrão e pesos.
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Tingimento de Papéis: tingir papeis é o ato de dar uma outra cor ao papel; para fazer
Isto, basta colocar as folhas em uma cuba com chá, café ou
erva-mate, para dar a tonalidade desejada. O café dá uma aparência de documento
envelhecido.
Marmorização: é uilizada para vários fins, aqui a utilização é para a guarda de livros.
Os materiais utilizados são: tinta esmalte sintético (varias cores); ou
tinta rápida enigma ou tinta óleo; água em uma cuba e Isaraz para fixar e espalhar
melhor a tinta. Na cuba com água pingar algumas gotas de tinta (combinando as cores) e
algumas gotas de Isaraz. Mistura levemente com um palito de madeira. Colocar a folha
de papel branco do meio para as pontas, não mergulhar o papel na água. Retirar o papel
rapidamente. Colocar em uma mesa forrada com papel jornal para secar. Limpar a
superfície da água com uma folha de papel jornal e pingar novamente as tintas desejadas
e fazer todo o processo.
Consertos das Folhas: os remendos podem ser realizados em documentos isolados e
em folhas de livros com rasgões ou na medianiz dos cadernos
que formam os livros. Em caso de folhas de livros, procurar a maneira mais discreta de
executá-los. Em folhas de rosto e em páginas com títulos, fazê-los sempre no verso da
folha, por razões estéticas. As obras raras e/ou valiosas devem ser restauradas com o
papel japonês e nas outras obras podemos usar um papel de restauração de qualidade
inferior como o papel mimo a base de casca de arroz, sendo este bem mais barato, ou
ainda usar papel segunda via, Florpost (este, porém, é mais frágil). Os retalhos de papel
transparente não são jogados fora, pois servem para remendos menores. Forrar a mesa
com papel jornal ou Kraft. Para remendar a folha de um livro, colocar por baixo da
folha a ser remendada, uma folha de papel siliconado, para isolar do resto do livro a
folha que vai ser reparada. Colocar o papel transparente (japonês), com o lado mais
brilhante para cima, sobre o desenho do rasgão e, com o pincel zero umedecido em
água, contorná-lo, deixando cerca de 5 mm de margem, para marcar o lugar em que se
vai destacar o papel que vai servir de remendo. O pincel faz as vezes de um lápis.
Separar o remendo, separando do local molhado. Deste modo as fibras do papel não são
cortadas, o que é importante para a melhor adaptação do remendo. Passar cola
metilcelulose em torno do rasgão, (cerca de 5 mm) e colar em cima o remendo.
Acomodar as fibras da borda do remendo sobre o papel que foi remendado, com auxílio
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do pincel, em movimentos do meio para as bordas. Colocar por cima a tela (organza ou
voal)e alisar com a espátula delicadamente. Colocar a parte remendada entre telas
(organza ou voal) e papéis absorventes (mata-borrão ou papel filtro ou feltro branco), a
tela (organza ou voal) junto ao documento, o papel absorvente por fora e pressionar com
pesos até secar.
Montagem dos Cadernos: a montagem dos cadernos somente é feita quando todas as
folhas do livro estão restauradas. A montagem está em
ordenar as folhas na ordem dos cadernos utilizando a ficha de identificação.
9 COSTURAS
Na costura juntam-se todos os cadernos. Deve-se observar alguns pontos
antes de iniciar a costura:
- seguir a costura o mais original possível;
- ter consertado todas as folhas;
- organizar os cadernos;
- conferir as páginas.
9.1 Costura de Folha Solta
Costura Ponto Esteira: é utilizada para livros finos e de folhas soltas. Em primeiro
lugar mede-se a cabeça e o pé do livros, 1,5 cm e 2 cm, respectivamente. O intervalo
entre um ponto e outro vai variar com o tamanho do livro a ser costurado. O livro de
tamanho normal o intervalo é de 1,5 cm. Depois de fazer todas as marcas furar com a
sovela, cuidando para colocar uma proteção entre a mesa e o livro.
A costura é como a costura de alinhavo. Esta costura pode iniciar tanto pelo pé como
pela cabeça. Introduzir a agulha no primeiro furo e sair no segundo, deixando uma ponta
de fio para o arremate, e ir assim até o fim depois voltar. Quando chegar ao fim, ficar no
mesmo lado do fio de arremate fazer dois nós e esconder em um dos furos.
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Costura Arráfica: é utilizada para livros mais grossos e de folhas soltas. Em primeiro
lugar mede-se a cabeça e o pé do livros, 1,5 cm e 2 cm, respectivamente. Logo depois
marcar o meio do livro. Em seguida fazer estar marcas na lombada do livro com um
lápis 6B. Colocar o livro na prensa de maneira tal que se possa serrar nas marcas.
Terminada esta etapa fazer duas outras marcas paralelas as anteriores uma de cada lado
e serrar.
Agora são cinco partes serradas. Nestas partes serrados colocar fio Rami deixando um
pedaço de cada lado da lombada, para o arremate. Passar cola Metilan e deixar secar.
9.2 Costuras em Cadernos
Costura de 3 Pontos: é utilizada para livros finos e formados por um caderno assim
como para revistas.
Em primeiro lugar mede-se a cabeça e o pé do livro, 1,5 cm e 2 cm,
respectivamente. Sendo o livro pequeno marcar o meio e fazer um furo nestas três
marcas. Caso seja uma revista fazer três marcas proporcionais ao tamanho.
A costura é feita da seguinte maneira:
- após ter feito os furos introduzir a agulha no furo do meio por fora do
caderno deixando uma ponta para o arremate final;
- agora subir ao furo da cabeça do livro passar por fora do caderno;
- descer ao furo do pé e passar para o lado de fora;
- entrar novamente no furo do meio;
Por fim, fazer dois nós para o acabamento tendo o cuidado em deixar o
fio entre as duas pontas da linha.
Costura Holandesa: é utilizada para livros pequenos com cadernos e que tenham em
torno de 200 a 250 folhas. Em primeiro lugar mede-se a cabeça e o pé do livro, 1,5 cm e
2 cm, respectivamente. Logo a seguir, marcar a lombada e serrar estas duas marcas.
Depois de conferir os caderno para que estejam em ordem contar os mesmos com a
finalidade de medir a linha utilizada para a costura.
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O início da costura consiste em pegar o primeiro caderno e introduzir a
agulha no primeiro furo passando o fio e sair no outro furo, mas deixando um pouco
para o arremate. Coloca-se o outro caderno e inicia a costura neste novo caderno,
chegando no outro lado fazer dois nós com o de deixado para o arremate, puxando bem
para deixar o fio bem esticado, mas sempre cuidando para não rasgar. Coloca-se o
terceiro caderno e faz o mesmo processo, para arrematar, passar a agulha no caderno
abaixo e dar duas laçadas puxando para cima, sempre cuidando para não rasgar as
folhas. Continuar da mesma forma até terminar os cadernos. No último caderno fazer os
dois nós de arremate e cortar o fio deixando mais ou menos 2 cm de linha para fazer o
acabamento. O acabamento consiste em colocar o livro na prensa e passar cola Metilan.
Costura Ponto Inteiro: é uma costura para livros grossos. Em primeiro lugar mede-se a
cabeça e o pé do livro, 1,5 cm e 2 cm, respectivamente. Em seguida mede-se o meio do
livro, esta marcação é só para auxiliar, marque novamente o meio de cada lado. A
marcação central pode ser apagada e as quatro marcações são passadas para a lombada e
serradas, sendo que as duas do meio devem ser mais profundas, pois nelas será colocado
o fio Rami. A seguir, contam-se os cadernos para medir a linha Urso. Sendo o número
de cadernos muito grande, trabalha-se a primeira metade dos cadernos; terminando o
fio, arremata-se com dois nós e inicia-se novamente a costura no caderno logo abaixo,
passando a agulha no caderno, deixando um pedaço de fio para fazer o novo arremate.
Ao iníciar a costura, pega-se o primeiro caderno e coloca-se o fio Rami,
deixando um pouco de fio para fazer o acabamento. Introduzir a agulha no primeiro furo
passar por dentro do caderno, deixando um pouco de fio para o arremate, sair no
próximo furo passar pela frente do fio Rami e entrar no mesmo furo. Após, sair no
outro furo e passar na frente do outro fio Rami e entrar no mesmo furo e sair no outro
furo. Pegar o segundo caderno e seguir os mesmos passos até sair no último furo com o
fio deixado para o arremate, fazer dois nós sempre cuidando para que a linha esteja bem
esticada. Com o terceiro caderno fazer a mesma coisa, saindo a agulha do ultimo furo
passar a agulha entre os cadernos abaixo dando uma laçada e repetir, sempre cuidando
para que a linha esteja bem esticada. Observar que para esta laçada fique dentro do furo.
Seguir este processo até terminar os cadernos.
A terminada a costura colocar o livro na prensa e passar cola Metilan
observando que os fios Rami não sejam colados. Deixar secar.
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10 ENCADERNAÇÃO
Depois do livro restaurado e costurado, colar a guarda somente uma tira
fina de Metilan na linha da lombada. Rasgar um pedaço de papel sulfite, em meia-lua e
colar na guarda. Cuidar para não colar o fio Rami usado na costura. Colar a gravatinha
de forma que fique bem junto a lombada, não colar reto na guarda mas levemente
inclinado. Na lombada deve sempre passar um pouco do livro. Pois sua utilidade e de
embelezar e proteger a lombada e o livro do pó. Tendo fio Rami na costura, desbastar e
colar na meia-lua. Depois medir 4 mm da lombada e colar a capa (papelão) previamente
cortado com 4 mm a mais na cabeça e no pé para formar a seixa. Em um lado colar a
meia-lua com três pontos de cola e no outro em meia-lua. Todo o processo que leva cola
deve-se deixar seca para fazer nova etapa. Colar no Escarpele um papelão mais fino que
o utilizado para a capa do livro do tamanho da lombada do livro. O papelão é da altura
da lombada. A capa sendo mesclada com o Papel Marmorizado, o Escarpele é menor.
Colar o papelão para a lombada no meio do Escarpele deixando sobras para a cabeça e o
pé. Deixar secar bem. A montagem da capa consiste em colar o Papel Marmorizado no
papelão da capa bem junto ao Escarpele colocar na prensa para secar. Separar a guarda
da capa onde tinha sido colado com os três pontos de cola. O acabamento deve ser feito,
dobrando e colando o Escarpele e cortando os cantos e colando o Papel Marmorizado
para fazer o acabamento.
REFERÊNCIAS
BECK, Ingrid. Manual de Conservação de Documentos. Rio de Janeiro: Arquivo
Nacional, 1985. (Publicações Técnicas, 42)
BECK, Ingrid. (Coord.). Manual de Preservação de Documentos. Rio de Janeiro:
Arquivo Nacional, 1991. (Publicações Técnicas, 46)
CASSARES, Norma Cianflone. Como Fazer Conservação Preventiva em Arquivos
e Bibliotecas. São Paulo: Arquivo do Estado / Imprensa Oficia, 2000. (Projeto Como
Fazer, 5)
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GOMES, Sônia de Conti. Técnicas Alternativas de Conservação. Belo Horizonte:
Editora UFMG, 1992.
LUCCAS, Lucy; SERIPIERRI, Dione. Conservar para não Restaurar: uma proposta
para preservação de documentos em bibliotecas. Brasília: Thesaurus, 1995.
MILEVSKY, Robert J. Manual de Pequenos Reparos em Livros. Rio de Janeiro:
Projeto Conservação Preventiva em Bibliotecas e Arquivos: Arquivo Nacional, 1997.
MOTTA, Edson; SALGADO, Maria Luiza Guimarães. O Papel: problemas de
conservação e restauração. Petrópolis: Museu de Armas Ferreira da Cunha, 1971.
SPINELLI JR., Jayme. A Conservação de Acervos Bibliográficos & Documentais.
Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 1997. (Documentos Técnicos, 1)


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