domingo, 25 de julho de 2010

2076 - A IDADE MÉDIA

Os embates realizados nos primórdios da razão moderna pelos renascentistas em confronto com o obscurantismo, onde os pioneiros da racionalidade moderna ressaltavam o esplendor da antiguidade clássica, foi muito importante. Entretanto, realizado, é importante esclarecer que, embora tenha sido de fundamental importância o confronto travado pelos renascentistas com o obscurantismo, ressaltando o esplendor da antigüidade clássica, isso não deve, necessariamente, nos levar a concluir, apressadamente, que a Idade Medieval era apenas uma barbárie e a antigüidade a genealidade civilizatória que deveria ser restabelecida. Esse postulado não faz a devida justiça com as múltiplas conquistas e realizações medievais. É bem verdade que o mito das trevas medievais é insustentável, mesmo numa perspectiva eurocêntrica.

Como bem nos lembra, Erwin Panovfsky, em sua conhecida obra: Renascimento e Renascimentos na Arte Ocidental, o mito das trevas medievais é insustentável numa perspectiva não eurocêntrica.

Durante a Idade Média, entre os séculos V e XV, a Igreja Católica exerce forte controle sobre a produção científica e cultural. Essa ligação da cultura medieval com o catolicismo faz com que os temas religiosos predominem nas artes plásticas, literatura, música e teatro. Em todas as áreas, muitas obras são anônimas ou coletivas.





Artes Plásticas



Criada para exaltar Deus e os santos católicos, a arte medieval difere da representação idealizada da realidade, típica da Antiguidade Clássica. As obras têm aspecto ornamental, com formas estilizadas. Predominam temas bíblicos e a simetria é a base das composições. A arte mais desenvolvida é a arquitetura, com a construção de inúmeras igrejas.

Entre os séculos VIII e X surgem novas atividades, como a iluminura (ilustração manual de livros), a tapeçaria, a ourivesaria e os esmaltes. Com as invasões bárbaras, a arte adquire certa descontração e colorido.

No século XII, surge a arte gótica, principal marco do período medieval. Sua origem é incerta, mas é na França que assume suas características mais marcantes. Depois se espalha por toda a Europa, vigorando até o século XVI. O termo gótico surge no Renascimento, com conotação pejorativa: godo era sinônimo de bárbaro. Na pintura e na escultura, usadas principalmente na decoração de templos, as figuras são esguias e delicadas. O tamanho dos personagens depende de sua importância social ou religiosa. Na transição para o Renascimento, a pintura incorpora o naturalismo e noções de perspectiva, que depois caracterizam o classicismo. Um dos exemplos são os murais sacros do italiano Giotto (1266?-1337), considerado o primeiro artista a assinar uma pintura.





Literatura



As formas literárias medievais típicas são as novelas de cavalaria e o trovadorismo. Principal prosa da época, as novelas narram aventuras guerreiras, desenvolvendo temas ligados aos cavaleiros medievais, como a valentia, a fidelidade ao soberano e o cristianismo. A maioria tem caráter religioso, mas trata também do amor cortês, que idealiza a mulher. Destacam-se as que contam as aventuras do lendário rei Artur (século VI), do País de Gales, que teria fundado a Ordem dos Cavaleiros da Távola Redonda.

A assimilação das novelas de cavalaria pela Igreja, que as utiliza como instrumento doutrinário, faz surgir A Demanda do Santo Graal. O trovadorismo, que celebra formas idealizadas de amor, em geral platônico e inatingível, tem início no sul da França, no século IX, e domina o cenário literário europeu por dois séculos. Em Portugal, só aparece no fim do século XII e dura até meados do século XV. Poetas-cantores compõem poemas, chamados de cantigas, para ser cantados e acompanhados de instrumentos.

As obras classificam-se em líricas, que compreendem as cantigas de amor e de amigo, e satíricas, que incluem as cantigas de escárnio e de maldizer. No século XIV, em plena transição para o Renascimento, há grande produção literária, principalmente na Itália. Misturam-se elementos do cristianismo com o humanismo nascente. Francesco Petrarca (1304-1374), no Cancioneiro, glorifica o amor e fixa a forma do soneto. Dante Alighieri (1265-1321), na Divina Comédia , faz uma alegoria do percurso da alma em busca de Deus. Em Decamerão, Giovanni Boccaccio (1313-1375) mescla valores cristãos a temas burlescos.





Música



A música medieval caracteriza-se pela combinação das notas em "modos", ou seja, de acordo com a função e o texto cantado, o compositor usa uma escala diferente. As principais formas musicais são as salmodias - cantos de salmos ou parte de salmos da Bíblia - e himnodias, cantos realizados sobre textos novos, numa única melodia, sem acompanhamento. Com a expansão do cristianismo, no século VI a Igreja unifica a liturgia segundo regras do papa São Gregório I, o Magno (540-604).

O canto gregoriano, sempre em latim, língua oficial do catolicismo, é o único aceito nas igrejas. As composições baseiam-se na simplicidade, na austeridade e na homofonia - todos os cantores entoam a mesma melodia a uma só voz. No século XI, o monge beneditino Guido d'Arezzo (990-1050) sistematiza a notação musical, a base para a elaboração de partituras. Os sistemas de notação impulsionam a polifonia (duas ou mais melodias independentes superpostas), que no século XII dá um salto com a música dos compositores que atuam na Catedral de Notre Dame.

No século XIII, surge a ars antiqua (arte antiga), caracterizada pela independência rítmica das melodias e a preocupação de compor uma música sem dissonância.

As obras passam a ser assinadas e surge a figura do compositor. Os principais são Petrus de Cruce e Adam de la Halle (1250-1306). No século XIV, desenvolve-se a ars nova (arte nova), movimento que busca romper com as regras até então aceitas. Em plena crise da Igreja, a música secular predomina sobre a sacra.

A atividade de compositores profanos desse período é marcada pelos minnesangers e meistersangers germânicos e pelos trovadores franceses. Suas composições, de cunho popular, incluem canções de amor, canções de cruzadas, lamentações, duelos poético-musicais e baladas. Com maior liberdade de ritmo, aparecem novas formas vocais, como o rondó e o madrigal. Na área religiosa, a novidade são as missas. Um dos principais compositores é Guillaume de Machaut (1300-1377), autor da missa polifônica mais antiga que se conhece: Missa de Notre Dame (1364).





Teatro



Apesar de o teatro escrito no modelo greco-romano ser proibido pela Igreja Católica, a manifestação teatral sobrevive no início do período medieval com as companhias itinerantes de acrobatas, jograis e menestréis. A partir do século X, a Igreja o adapta à pregação católica e às cerimônias religiosas. Dramas litúrgicos são encenados dentro das igrejas. Depois se desenvolvem outras formas, como milagres (sobre a vida dos santos), mistérios (discutem a fé e misturam temas religiosos e profanos) e moralidades (questionam comportamentos).

As encenações passam a ser ao ar livre por volta do século XII e chegam a durar vários dias. Aos poucos, os espectadores assumem papéis de atores, conferindo às apresentações um tom popular. Uma das primeiras obras independentes da liturgia é a francesa Le Jeu d'Adam (1170). Nessa época, em geral, os textos são anônimos. No século XIII, na Espanha, surgem os autos, peças alegóricas que tratam de temas religiosos, encenadas em palcos provisórios. A proibição pela Igreja quanto à mistura de temas religiosos e profanos - processo que se consolida no fim do século XIV - provoca o surgimento das comédias medievais, totalmente profanas. Uma peça importante é Farsa do Mestre Pierre Pathelim, do século XIV, que apresenta advogados e juízes como trapalhões sem caráter. Na França, a primeira sala permanente de teatro é aberta no início do século XV. A primeira companhia profissional da Inglaterra surge em 1493.





Extraído e adaptado de br.geocities.com/vinicrashbr








COPYRIGHJT BR GEOCITIES.COM/VINICRASHBR

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Contador de visitas