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Idade Média8 julho 2010
Universidades e catedrais francesas viraram os farois da cultura medieval
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Quando os cristãos saíram das catacumbas, após o Edito de Milão (313), ocuparam antigos templos pagãos e os consagraram ao culto verdadeiro.

Aproveitaram também prédios civis como as imponentes basílicas, onde outrora desenvolviam-se atividades judiciais, comerciais, bancárias e feiras no inverno.

As basílicas romanas eram imponentes, solenes e espaçosas. Mas, o conceito que presidiu sua construção em nada se assemelha ao conceito de catedral elaborado na França.

A “filha primogênita da Igreja” ideou a catedral como resumo do Universo todo ele ordenado em função da glória do Criador e de sua Santíssima Mãe, Nossa Senhora.

Elas foram chamadas de “Bíblia dos pobres”, explica um dos maiores autoridades em catedrais góticas, o professor Émile Mâle . Nelas, a “sancta plebs Dei” ‒ a santa plebe de Deus ‒ aprendia com seus olhos quase tudo o que sabia sobre a fé.

As estátuas distribuídas segundo um plano escolástico simbolizavam a maravilhosa ordem que, por meio do gênio de Santo Tomás de Aquino, reinava no mundo do pensamento.

Assim, por meio da arte os mais altos conceitos da teologia penetravam nas mentes mais humildes.

Os grandes temas representados na estatuária ou nos vitrais de catedrais como as de Paris, Chartres ou Reims encontram-se admiravelmente desenvolvidos em Burgos, Toledo, Siena, Orvieto, Bamberg, Friburg ou Cracóvia. Mas, em poucas eles estão tão bem expressos como na França. Em toda Europa ‒ observa Emile Mâle ‒ não há um só conjunto de obras de arte dogmática comparável ao da catedral de Chartres.

Nos canteiros de abadias e catedrais góticas a “filha primogênita da Igreja” gerou os vitrais. Tratava-se de livros escritos com luz que iluminavam as mentes com a linguagem das imagens, resumiam todo o saber humano, eram um espelho da vida, um apanhado do passado, do presente e do futuro.

Os primeiros vitrais do século X foram meras aberturas para permitir a entrada de luz e preenchidas com cristais coloridos.

O gótico, porém, quis liberar imensos muros para instalar colossais vitrais. Só a catedral de Metz tem hoje 6.496 m2 de vitrais!

Os vitrais encerram múltiplos significados e simbolismos, inclusive místicos. O principal deles é que o universo é uma imagem do Criador.

A graça divina ilumina a inteligência e lhe faz ver o lado das coisas que espelha melhor a Deus.

No vitral a luz do sol (símbolo da graça) torna a realidade compreensível, bela e admirável e facilita subir até a fonte de tudo, o sol, quer dizer, Deus, com grande e nobre prazer estético.

Na catedral de Chartres, o vitral mais famoso é o de Notre Dame de La Belle Verrière. (ao lado)

Mas, há muitas outras jóias como o vitral da Árvore de Jessé (genealogia de Jesus Cristo), o da vida de Santo Eustáquio, ou o dos feitos de Carlos Magno.

Outro conjunto supremo é o da Sainte-Chapelle em Paris. Entrando nela logo à direita lê-se de baixo para cima o Gênese, a história da Criação. As janelas seguintes resumem o Antigo Testamento até chegar no altar mor.

Ali lemos no vitral a Vida, Paixão e Morte de Cristo. Continuando o giro, encontramos os Atos dos Apóstolos e a vida dos Santos.

Por fim, fechando a volta, acima da entrada resplandece a rosácea do Apocalipse, portanto o anúncio do fim do mundo. É um percurso do início ao fim da História da humanidade.

As igrejas olhavam para o Oriente, de onde Cristo há de vir na sua segunda vinda. Então, quando o sol nascia iluminava o vitral da vida de Cristo centro da História, mas quando se punha fazia brilhar a rosácea do fim da História, com Cristo gladífero que virá julgar os vivos e os mortos.

Nos vitrais, as crianças aprendiam o catecismo, a História Sagrada e a vida dos Santos. Os adultos encontravam a descrição da ordem das ciências, das técnicas e profissões.

Os doutores tiravam inspiração para suas eruditas disputas.

Os simples fiéis sofredores recebiam afago, sorriso, compreensão, novo ânimo e apoio sobrenatural.

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