sábado, 24 de julho de 2010

2015 - HISTÓRIA DA FILOSOFIA

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ENCICLOPÉDIA SIMPOZIO
(Versão em Português do original em Esperanto)
© Copyright 1997 Evaldo Pauli


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MICRO HISTÓRIA DA FILOSOFIA.

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APRESENTAÇÃO TÉCNICA DO TEXTO. 2216y003.



3. A Enciclopédia Simpozio é um sistema de enciclopédias autônomas entre si, pelos temas, pelas dimensões, pelas formas de apresentação dos artigos, ao mesmo tempo que racionalizadas para se citarem reciprocamente.

Tematicamente a Enciclopédia Simpozio é a coordenação de dez enciclopédias coordenadas. A primeira se denomina Enciclopedia Universal, na qual todos os artigos das enciclopédias especiais estão dispostos numa só grande unidade. Esta Enciclopédia Universal é reconhecida pela cifra 0.

A enciclopédia da Filosofia pura está simbolizada pela cifra 1.

A enciclopédia de História da filosofia está simbolizada pela cifra 2. É onde se situa a presente Microhistória da Filosofia. Do ponto de vista temático, a enclopédia Simpozio está em aberto para novas encinclopédias, sob número 3, 4, 5 e assim por diante.

Dimensionalmente, cada enciclopédia se apresenta sob dois tamanhos, Mega e Micro; estamos agora na dimensão Micro-enciclopédia de História da Filosofia. Portanto, a Microhistória da filosofia, embora se estenda aos mais variados assuntos, sempre os trata abreviadamente. Ela supõe um texto mega, consideravelmente maior, ao qual o consulente se deverá dirigir, quando busca informação exaustiva. Leva contudo a Microhistória da filosofia a vantagem de destacar o que é mais significativo, advertindo sobretudo para as linhas mestras do pensamento.

Enfim, do ponto de vista da forma, cada enciclopédia poderá ser constituída, ou de artigos de forma atômica, porque isolados entre si, e então ordenados apenas alfabeticamente; ou de artigos de forma polarizada, alcançando pois a forma híper, com caráter de tratado, ou de livro. A presente Microhistória da filosofia é um texto híper, polarizando de forma sistemática todos os artigos autônomos de história da filosofia; ele contrasta com o texto, em que os artigos estão colocados atomicamente, apenas com a ordem alfabética.



4. A numeração dos artigos da Microhistória da filosofia é de quatro dígitos, seguidos de y, finalmente dos números divisionários.

O índice analítico é caracterizado pela cifra final 1.

O índice sistêmico, pela cifra final 2.








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INTRODUÇÃO GERAL À FILOSOFIA
E À HISTÓRIA DA FILOSOFIA. 2216y005.

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I - Definição de filosofia. 2216y005.


5. É a filosofia o estudo das coisas, pela sua natureza intrínseca. Diz-se o mesmo por palavras equivalentes, como quando se define a filosofia como estudo da natureza profunda; ou, da natureza última; ou, da natureza fundamental; ou das causas últimas; ou das causas primeiras, ou mesmo das causas intrínsecas.

Esta é uma definição essencial da filosofia, porque a distingue das ciências experimentais, ditas também ciências positivas.
Não vai a experiência à natureza intrínseca, mas somente às relações extrinsecas; as ciências positivas observam as sucessões da causalidade, mas não entendem o processo em si mesmo, como acontece no saber filosófico. Por isso a ciência do experimentador e o saber do filósofo se completam como ciência e metaciência; portanto, como física e metafísica, como matemática e metamatemática, como linguística e metalinguística, e assim por diante em todos os campos da investigação ocorre o processo metá de ultrapassagem. Por isso mesmo ninguém é só cientista e nem somente filósofo. Somos, em todo o momento cientistas e filósofos.

Apreciável é também a definição descritiva, que define pelo que a coisa tem de mais característico, decorrente do que lhe é essencial. Então, a filosofia, em vez de ser definida pelo seu objeto, - a intrinsecidade das coisas, - pode ser dita o estudo do meramente inteligível, porque esta é uma propriedade do intrínseco. Também pode ser descritivamente definida como estudo do residual; define-se então pelo que resta após a investigação experimental da ciência positiva. A experiência somente constata que umas coisas vêm depois das outras, mas não consegue constatar diretamente se efetivamente ocorre causalidade; eis um assunto típico da filosofia.

Em decorrência de uma e outra modalidade de definição, a filosofia estuda os mais variados temas, mas sob um ângulo que lhe é próprio.

O caráter eminentemente racional do suas operações, ou procedimento, não permite à filosofia alcançar aquela segurança peculiar aos conhecimentos mais objetivos da ciência positiva, a qual se encontra mais próxima dos fatos, podendo sempre testar seus resultados. Compreende-se então que o pensamento filosófico, ainda que também testável na coerência interna de sua logicidade, varie bastante em seus resultados de indivíduo para indivíduo, sobretudo de um tempo para outro tempo.
O residual não captado pela experiência não é algo sem sentido; mas é difícil de captar e demonstrar, principalmente quando se quer ir mais longe que a compreensão ordinária do verbo ser, que rege todo o nosso saber.



6. Definição da história. É a história o estudo da temporalidade dos entes. Isto é, dos entes enquanto duram e se alteram em sucessões. Quando esta temporalidade é estudada à base do raciocinío meramente filosófico sobre o tempo, resulta uma filosofia da história. Quando a temporalidade é verificada apenas experimentalmente, mostrando por exemplo, com dados presentes, que existiu um passado, então se pratica a ciência positiva da história; esta é a história como se a entende ordinariamente, e como se pratica na assim chamada história da filosofia.

Uma pequena história da filosofia não comprime por igual todas as questões filosóficas tratadas através dos tempos, mas seleciona os mais valiosos em si mesmos e os que mais influíram no desenvolvimento da filosofia, ainda que em si mesmos não significativos.

Além disto, podem ocorrer critérios eventuais, por exemplo didáticos e até mesmo pedagógicos, ligados à idade dos usuários do texto. Pode uma pequena história da filosofia ser elementar, no sentido de ser escrita para os primeiros níveis do ensino, comoginásio e colégio. Pode também ser um história da filosofia de nível superior, apesar de pequena. Situado em nível superior, o texto presente, pressupõe vencidas as limitações do estágio elementar.





II - Divisão da história e da história da filosofia. 2216y007.



7. Divisão da história. O verdadeiro históriador da filosofia deve prestigiar em primeiro lugar a sequência histórica, isto é, da sequência do tempo, e então, ao dividir, adverte para épocas, períodos, fases. Efetivamente, este é o ponto de vista formal da história, e sobre ele deve por isso concentrar o esforço pelo qual busca provar o passado como ele efetivamente ocorreu. Provam-se os fatos, como evoluiram em fases, períodos e épocas, bem como se determinaram as verdadeiras causas que efetivamente atuaram.
Depois importa a divisão material da história, ordenadora dos materiais historiados. Então se prefere dividir por sistemas e por último, mas com destaque, os nomes dos filósofos que os veicularam, anotando-os inclusive pelas biografias e obras escritas.

Mas a história é tão vasta em seus materiais, que seu ordenamento didático costuma principiar pela divisão material. Ordinariamente se começa dividindo os maeriais pela dimensão, em história geral e especial. Depois, a história especial é organizada, em história de diferentes objetos , por exemplo, da filosofia, da política, dos países, das artes, e assim por diante. Tais divisões se fazem em virtude do grande número de material a historiar e diversidade de interesse nos temas escolhidos.

Em cada história materialmente dividida se repete o ponto de vista formal, isto é, essencial, - a temporalidade. Todas procuram medir seu objeto, do ponto de vista da duração e da alteração temporal.

Como ciência positiva, - a qual sempre atinge experimentalmente a dimensão dos fatos, - a história tende, como as demais ciências experimentais, a medir matematicamente os fenômenos esplorados. As medidas mais conhecidas são as que dizem época, período, fase. Ou, - mais abstratamente, - milênio, século, ano, mês, semana, dia, hora, minuto, segundo, unidades de segundo.
Esta unidade formal entre as ciências históricas é apoiada ainda por uma certa unidade material contextual entre os objetos. Dali resulta a solidariedade entre a história geral e a história das idéias. Pelo visto a unidade formal dos acontecimentos, se fundamenta na própria coerência total da realidade das coisas. Resulta, que as épocas, períodos e fases da história da filosofia podem coincidir mais ou menos com as mesmas medidas acontecidas na história de outros fatos, sobretudo os políticos.

Ficou, portanto, claro, que a história da filosofia, do ponto de vista formal, é o estudo do pensamento filosófico, enquanto se desenvolve temporalmente. Ficou estabelecido igualmente que a matéria da história da filosofia é o pensamento filosófico. Neste sentido, não inclui a história da filosofia a biográfia dos filósofos, por que isto, em última instância, é assunto de história geral. Mas, em vista da solidariedade das coisas, que mutuamente se influenciam, a história da filosofia muitas vezes se relaciona com a história geral. Estes outros elementos, embora secundários, ilustram e esclarecem a história total das doutrinas.





8. Divisão, em especial, da história da filosofia. Ordinariamente, a história da filosofia se divide materialmente (pelos objetos ou temas estudados) e formalmente pelo tempo percorrido (épocas, períodos, fases). Esta divisão, que já vem da história em geral, adquire algumas características no campo das idéias.

Materialmente, a história da filosofia se redivide em escolas, correntes e filósofos. Esta ordenação material não é ainda a história formalmente, porque ainda não inclui oaspecto cronológico ou temporal, aonde importa chegar. Todavia, a divisão material é importante, porque ordena o material histórico e interessa diferentemente ao estudioso.

Entende-se por escola um grupo de pessoas de pensamento homogêneo com alguma relação entre si, como de mestre para discípulo. Acidentalmente a homogeneidade é reforçada pela unidade geográfica com as antigas escolas pré-socráticas.

Corrente se refere simplesmente a identidade de direção doutrinária. Com vistas a exemplificar, dizemos que, através dos tempos, sobretudo nos tempos modernos, se destacaram duas correntes - a do empirismo e a do racionalismo. Importa ao historiador advertir, quando foram estas as correntes dominantes, e quando foram outras, por exemplo políticas, sociais, religiosas.

Formalmente, o objeto da história da filosofia é a temporalidade das idéias filosóficas.

Sua divisão formal se dá, portanto, por espaços temporais, que são mediados por denominações cronológicas matematizadas como século e milênio, ou por denominações mais concretas como época, período, fase.
Assume caráter especial a divisão valorativa: formação, apogeu, decadência. Costuma-se com esta divisão determinar a época como um todo; para período é um destes valores; finalmente, fase é parte do período. Trata-se efetivamente de uma divisão da temporalidade por meio de uma referência concreta importante.





9. Divisão aqui adotada para a história da filosofia. Pertence ao historiador descobrir a cronologia dos fatos. Ainda que outros já tenham feito este trabalho, compete a cada historiador aprender como isto se fez. A divisão é um fato não diretamente conhecido, mas que se estabelece a partir de dados conhecidos no presente, de onde se parte para o passado. As divisões fundamentais da história em épocas, didaticamente significa a divisão em partes gerais.

A divisão temporal da história da filosofia em épocas, estabelecida pela ciência da história, como é geralmente admitida pelos historiadores, acompanha de perto as grandes maneiras de dividir a história dos acontecimentos em geral. Isto mostra um certo relacionamento entre os acontecimentos e as idéias. Eis uma descoberta importante, e que valoriza a filosofia. Atenda-se para o quadro, a seguir:


I - Filosofia antiga (séc. 6 a.C. - séc. 5 d.C., ou queda de Roma, em 476). É denominada também filosofia grega e romana, ou simplesmente greco-romana.
A expressão filosofia antiga contém literalmente a filosofia oriental, persa, indu e chinesa. Mas, não havendo esta filosofia oriental se constituído em ponto de partida linear definido, não expressa o início histórico propriamente dito da filosofia ocidental, e que foi a que se globalizou posteriormente.
Preferimos iniciar pela história da filosofia grega, para ao mesmo tempo e a seguir mostrar o conteúdo da filosofia oriental e suas influências sobre o ocidente. Estas se dão sobretudo pela face religiosa dos acontecimentos.


II - Filosofia medieval (séc. 6 a séc. 15, ou seja, da queda de Roma (476) à queda de Constantinopla (1453).


III - Filosofia moderna (séc. 16 aos nossos dias).

Redivide-se cada época em períodos e os períodos em fases. Didaticamente, pode-se estudar estas redivisões à maneira de rápida antecipação, para depois aprofundar o tema, quando cada parte for estudada em separado, com uma introdução à respectiva época. A antecipação exerce também uma função, porque o passado é também importante na medida que atuou através do tempo.

A filosofia antiga se redivide em função à Sócrates, em pré-socrática, socrática e pós-socrática. Sobre os detalhes desta redivisão deve discutir a Introdução à filosofia da antiguidade (vd... ), ao mesmo tempo que apontando para os principais fatores que nela atuaram.





10. Na Idade Média o espaço geográfico da filosofia se ampliou, e ele influencia a redivisão desta época. Na Europa Ocidental se especulou em torno do pensamento grego e da herança cristã, dali resultando a filosofia escolástica. No Oriente grego se desenvolveu a filosofia bizantina, também cristã. Nos países maometanos criou-se a chamada filosofia árabe, de fundo aristotélico. O maior escolástico foi Tomás de Aquino (1225-1274). Entre os bizantinos se destacou o Pseudo-Dionísio (séc. 6-o). Um grande árabe foi Averróis (1129-1198), que atuou na Espanha dos mouros. Continua ainda o Ocidente e o remoto Oriente sem contato entre si.





11. A filosofia moderna foi dominada pelos problemas gnosiológicos, havendo tomado rumos com frequência subjetivistas. Além disto o desenvolvimento das ciências positivas, impulsionadas por Galileu (1464-1542), libertou o homem de falsas conceituações em física, biologia, psicologia e religião, que haviam lesado profundamente a filosofia anterior.

No primeiro período moderno, chamado cartesiano, ainda que precedido pela Renascença, se destacaram duas correntes filosóficas, - o racionalismo de Descartes (1596-1650), pai da filosofia moderna, seguido por Spinosa (panteista) e Leibniz; o empirismo de Francisco Bacon (1561-1626), seguido por Hobbes, Locke, Hume e enciclopedistas franceses.

No segundo período moderno, denominado kantiano, se projetaram primeiramente o apriorismo, de Kant (1724-1804), seguido pelo idealismo dialético, de Fichte, Schelling, Hegel, que levaram ao extremo o racionalismo cartesiano; depois o positivismo de Comte (1798-1857), que deu novas feições ao empirismo.

Tornaram-se muito variadas as filosofias modernas e contemporâneas. Neste sentido sejam lembrados os nomes de Karl Marx (materialismo dialético), Bergson (intuicionismo), Husserl (fenomenologia), Scheler (filosofia dos valores), James e Dewey (Pragmatismo), Dilthey (historicismo), Georg Simmel (relativismo), Bertrand Russel (positivismo), Heidegger, Sartre, Jaspers, Marcel (estes três, existencialistas), Cardeal Mercier, Maritain (escolásticos modernos).



Finalmente a filosofia se tornou um fenômeno globalizado. Descentralizando-se, passou a ser universal, sem ser apenas européia, ainda que o globalizante tenha acontecido a partir da Europa. A divisão didática da filosofia contemporânea assumiu portanto feições mui diferenciadas com referência à do passado.

O fenômeno da globalização da filosofia teve início com a descoberta das novas vias marítimas, que puseram Ocidente e Extremo Oriente em contato.
Mas, antes deste fenômeno de contato, o Extremo Oriente desenvolvera uma filosofia já de milênios. Onde situar didaticamente esta outra filosofia, anterior à descoberta no Extremo Oriente? Ela poderá ser arrolado entre as novidades do Renascimento. A filosofia do Extremo Oriente poderá ser incluída, em um texto de história da filosofia, à altura do Renascimento, em forma de artigo, ou capítulo, sob o título Pensamento oriental pré-moderno. Havendo-o tratado primeiramente como pensamento pré-moderno oriental, a seguir será historiado sincronicamente, quer mostrando o que no Oriente continua acontecendo, em interação com o Ocidente, quer no mesmo Ocidente, como sobre este atua, em interação, o Oriente.

No continente americano a filosofia apareceu simplesmente como extensão da européia. Com a globalização e até com a crescente importância da América no contexto mundial, passou a ocorrer também um processo de retorno da América para a Europa,como também da América para o mundo globalmente.





III - Importância da história da filosofia. 2216y012.



12. Decorre a importância da história da filosofia da natureza de seu objeto material. O pensamento filosófico é efetivamente muito significativo, não podendo ser colocado em nível inferior ao pensamento científico, apesar do significado deste. E nem é a história da filosofia inferior à história dos acontecimentos políticos, não obstante à relevância destes últimos.

Ainda há uma razão subjetiva pela qual a história da filosofia se apresenta muito importante, - a dificuldade do filosofar. Este é a variável, criando um desenvolvimento mais oscilante que a ciência positiva, o que lhe dá mais historicidade. Para desenvolver a ciência positiva talvez não seja tão importante conhecer o seu passado, do que para entender a filosofia. Muito mais que na ciência, o estudo da filosofia depende de sua história.







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