sexta-feira, 23 de julho de 2010

1913 - HISTÍORIA DA FILOSOFIA

Cadernos de História e Filosofia da Educação














A ideia da publicação destes Cadernos surgiu na sequência da constatação das enormes dificuldades bibliográficas com que os estudantes se deparam. No caso presente, não é apenas a tradicional indigência das nossas bibliotecas, ou o reconhecimento das graves lacunas editoriais relativamente ao que seria exigível a uma biblioteca básica de História e Filosofia da Educação em língua portuguesa, que se fazem sentir. Uma outra razão nos levou a iniciar este projecto - a tomada de consciência das dificuldades manifestadas pelas actuais gerações no que respeita ao conhecimento de línguas estrangeiras. Raros são os estudantes que declaram saber mais do que uma segunda língua e, na maior parte dos casos, o conhecimento que dessa língua detêm é insuficiente para o trabalho de compreensão de um texto.

Face a estas dificuldades, pensámos que não seria suficiente responder com aquele conjunto de medidas que começa a constituir-se como prática corrente nas nossas universidades - a multiplicação de "dossiers" em que se reúnem materiais seleccionados pelo professor de cada cadeira, fotocópias de páginas ou capítulos de livros, artigos de revista, esquemas, acetatos e outros apontamentos. Tais "dossiers", que os alunos fotocopiam à exaustão, não só afastam do contacto com o objecto livro enquanto totalidade, enquanto obra, como se arriscam a converter-se na versão actualizada da antiga sebenta. Sob o modelo da antologia precária constituída por folhas soltas, é oferecido aos alunos um conjunto de textos que surgem de forma fragmentária, dispersa e descontextualizada. Acresce que estes "dossiers", se constituem uma solução de recurso face às carências bibliográficas unanimemente reconhecidas, não resolvem as dificuldades linguísticas actualmente reveladas por grande parte dos estudantes uma vez que os textos seleccionados são, na maior parte dos casos, simplesmente fotocopiados de livros e revistas que se publicam lá fora e, como tal, apresentados sem tradução.

Perante este estado de coisas, concebemos o projecto de, em conjunto com os próprios estudantes, disponibilizar a tradução de alguns textos que pudessem contribuir para a constituição de uma série de Cadernos de História e Filosofia da Educação. Cada texto seria publicado autonomamente, em pequenas brochuras que poderiam ser utilizadas e conservadas pela vida fora. Nesse sentido, lembrámo-nos de propor aos nossos alunos, enquanto um dos possíveis elementos da sua avaliação na cadeira de História e Filosofia da Educação por nós leccionada, a realização de um trabalho com o seguinte modelo: a tradução de um texto, acompanhada de um estudo sob a forma de prefácio, introdução, ou comentário crítico. Para nós ficaria o trabalho de selecção dos textos a traduzir, o acompanhamento de cada tradução e sua revisão final, a ponderação do mérito dos estudos apresentados pelos estudantes e da sua pertinência para efeitos de publicação. Sempre que possível, procederíamos à elaboração de um contributo pessoal sob a forma de um conjunto de notas críticas, um guia de leitura ou mesmo um estudo complementar de apresentação do autor e/ou da obra.

Na sua versão impressa, estes cadernos podem ser adquiridos no Departamento de Educação da FCUL.

1º Caderno

McLuhan. A Escola e os Media



1) o capítulo final de Understanding Media. The Extensions of Man, New-York / Toronto / London: McGraw-Hill Book Company, 1964, pp. 346-359 ("A automação. Aprender um modo de vida" trad. de Jorge Luís Mascarenhas, finalista da Licenciatura em Ensino da Matemática da FCUL, 1993/94, cuja disponibilidade e exigente e empenhada colaboração sinceramente agradeço).

2) um conjunto de excertos da obra emblemática de M. McLuhan, The Gutenberg Galaxy: The making of Typographic Man, Toronto: University of Toronto Press, 1962 ("Excertos de A galáxia de Gutemberg" selecção e tradução de Olga Pombo).

3) A Automação e as suas Implicações no Ensino, pequenos estudo da autoria de Jorge Luís Mascarenhas.

4) O Meio é a Mensagem - apresentação sumária das principais características dos três grandes paradigmas comunicativos estabelecidos por McLuhan (Olga Pombo).

2º Caderno

Dois textos sobre Educação. Hannah Arendt e Eric Weil


Reúnem-se dois textos que, esperamos, podem constituir importantes elementos de reflexão para todos aqueles que queiram dedicar às questões educativas uma atenção particular:

1)um belíssimo estudo de Hannah Arendt, "The Crisis in Education", publicado pela primeira vez ne Partisan Revew, 25, 4 (1957), pp. 493-513 e posteriormente reimpresso em Frauwurdige Traditionsbestande im Politische denken der Gegenwart, Frankfurt: Europaische Verlagsanstalt, 1957 e em Between Past and Future. Six exercises in political thought, New York: Viking Press, 1961, pp. 173-196 ("A crise na educação", trad. de Olga Pombo).

2) um texto de Eric Weil, "L' éducation en tant que problème de notre temps" e está publicado na colectanea Philosophie et réalité. Derniers Essais et conferences, Paris: Beuchesne, 1967, pp. 297-309 ("A educação enquanto problema do nosso tempo", trad. de Olga Pombo com base numa primeira versão de Paulo Jorge Ribeiro Dias, finalista da Licenciatura em Ensino da Matemática da FCUL, 1994/95).

3º Caderno

A Invenção da Escola na Grécia
Materiais de Estudo




Este Caderno inaugurou um novo modelo. Ao contrário dos anteriores - nos quais recolhemos textos que inauguram formas únicas de pensamento sobre as suas respectivas áreas temáticas - desta vez, disponibilizamos dois estudos que oferecem informações e propõem interpretações relativas a práticas, acontecimentos e figuras elas sim únicas e paradigmáticas. Como diria Foucault, desta vez, não seleccionámos textos monumentais mas documentais. Trata-se, em ambos os casos, de excertos de obras clássicas de História das instituições educativas atenienses. De difícil acesso, estes estudos constituem, segundo cremos, importantes elementos para a compreensão do processo de invenção da escola na Grécia.

1) um capítulo da obra de Rudolf Pfeiffer, History of classical scholarship, from the beginnings to the end of the Hellenistic age, publicada em 1968, em Oxford, pela Clarendon Press, pags. 16-36 ("Os sofistas, seus contemporâneos e alunos nos séculos V e IV" trad. de Olga Pombo com base numa primeira versão de Cristina Maria Martins Alegre (primeira parte) e de Pedro Jorge Custódio (segunda parte), finalistas da licenciatura em Ensino da Matemática, 1994/95).

2) um estudo retirado de Aristotle' s School. A study of a Greek Educational Institution de John Patrick, publicado em 1972, em Berkeley, Los Angeles e Londres pela University of California Press, pags. 32-67 ("As origens da educação superior em Atenas. O Lyceum e a educação ateniense antes de Aristóteles" trad. de Olga Pombo com base numa primeira versão de Nuno Miguel Aniceto Angelino e Patrícia Alexandre Lourenço Monteiro Arsénio, finalistas da licenciatura em Ensino da Matemática, 1994/95 e 1993/94, respectivamente).

4º Caderno

O Museu de Alexandria




Partindo de uma primeira recolha de elementos efectuada por um grupo de alunos da cadeira de História e Filosofia da Educação durante o ano lectivo de 1995/96, decidimos propor a dois estudantes do ano lectivo seguinte a tarefa de sistematizar o trabalho já efectuado pelos seus colegas do curso anterior e enriquecê-lo com novos elementos resultantes da sua própria pesquisa. Ao conjunto assim reunido vieram posteriormente juntar-se novos materiais provenientes de pesquisa na Internet e, sob a forma de prefácio, um estudo da minha responsabilidade.

Museu e Biblioteca. A “alma“ da Escola - por Olga Pombo

O Museu de Alexandria

Filipe da Macedónia

O Império de Alexandre Magno (o exército, a conquista do Império)

A Fundação de Alexandria (a arquitectura, a vida quotidiana, o porto, o farol)

O Museu de Alexandria (antecedentes, instalações, funcionamento)

A Biblioteca de Alexandria

Grandes nomes da Cultura Alexandrina (Astronomia, Matemática, Geografia, Medicina,
Engenharia, Poesia)

O fim do Museu de Alexandria

O fim da Biblioteca de Alexandria
Aos estudantes que colaboraram nesta iniciativa em 1994/95, Alexandra Filomena da Silva Dias Martinho, Alexandra Maria da Fonseca Ferreira, Ana Cristina Gonçalves Madeira, Filipa Alexandra Bagueixe Cruz, Maria Amélia de A. Gageiro, Maria João Miranda Varela de Oliveira, Mónica Isabel Santos, Nelson Manuel de Jesus Alves Teixeira Serôdio, e àqueles que lhe deram continuidade, Carla Conceição, Luís Miguel Teixeira Gaspar e, sobretudo, Dora Raquel Viana e Rui Engrácio Dias, aqui fica o nosso agradecimento.

Retomado por uma outra geração de alunos, o tema deste caderno deu origem a uma webpage sob o título "Museu de Alexandria"

5º Caderno

Utopia e Educação




Este Caderno reúne um conjunto de excertos sobre o tema "Utopia e Educação" seleccionados pelos alunos de uma turma de História e Filosofia da Educação no 1º semestre do ano lectivo de 1996/97.

Foi nosso objectivo dar a ler alguns dos textos matriciais do pensamento utópico e propor aos estudantes a sua análise. Tratava-se de pensar a articulação entre os conceitos de utopia e de educação, articulação constitutiva quer do pensamento utópico, necessariamente educativo, quer do pensamento educativo, por natureza utópico. Articulação eloquente na compreensão da escola como dispositivo utópico, de repressão ou emancipação, de controle ou libertação, em qualquer caso de transformação. Articulação decisiva na compreensão do humano, da nostalgia que o habita de um mundo perdido, da consciência crítica que sabe ser do seu presente, da vontade que o anima de antecipar o futuro, da capacidade que o leva à descentração, à ex-centração radical, do desejo que o conduz à realização imaginária das possibilidades que o seu tempo contém e anuncia.

Do ambicioso plano inicialmente traçado com os estudantes, e face às dificuldades encontradas, em especial no que se refere às carências bibliográficas entre nós existentes e à necessidade de realizar um trabalho deste tipo no curto espaço de tempo de um semestre, resta o que a seguir se apresenta: 19 obras que puderam ser lidas pelo grupo dos 19 estudantes envolvidos. Estamos conscientes das lacunas (Wells), da precaridade (utopia e socialismo), das escandalosas ausências (Rabelais). Porém, sem cobrirem todos os grandes períodos da história do pensamento utópico e educativo (aqui, o grande esquecido é St. Agostinho), os textos que a seguir se apresentam ainda assim distribuem-se de Platão a Ivan Illich. Sem esgotarem os complexos enredos da articulação utopia / educação, ainda assim procuram cruzar a ordenação histórica de alguns marcos fundamentais com a sua distribuição segundo um leque de categorias que fomos desbravando, da utupia benévola de Thomas More ou Rousseau à utopia negra de Huxley, Orwell ou Azimov, da proposta risonha e edificante de Montaigne à crítica corrosiva de Erasmo, da utopia sonhada de Bacon e Campanella à utopia realizada de Pestalozzi ou Neil, da ficção romanesca de Flaubert à utopia militante de Paul Lafargue, do exercício de deslocamento de perspectivas (Deföe e Michel Tournier) à construção efectiva de uma maquinaria utópica (Skinner e Wiener), da utopia perdida do nosso próprio passado selvagem, tribal e mítico ao futuro anunciado de uma promessa, por enquanto ainda em aberto.

Aqui fica o meu agradecimento aos estudantes que realizaram este trabalho: Adelino Queiróz, Alexandra Marques, Alexandra Olival, Ana Amaral, Ana Martins, Ana Mussaça, Anabela Lemos, Ângela Costa, Helena Almeida, Luisa Lima, Luís Ganhão, Margarida Pessoa, Mário Silva, Marta Coutinho, Paulo Lima, Rui Pinto, Sandra Fernandes, Tânia Santos e Vasco Domingos.

6º Caderno

Educar / Ensinar
Materiais de Estudo






O objectivo imediato foi reunir alguns textos que foram sendo trabalhados nas nossas aulas e que se revelaram pertinentes para o esclarecimento dos conceitos de ensino e educação. A mais amplo âmbito, visamos disponibilizar, a todos os interessados, materiais que possam contribuir para obviar à identificação embrutecedora com que, cada vez mais, se tende a amalgamar num todo indiferenciado aquilo que a sabedoria da língua quis distinguir: educar, ensinar.
1) o primeiro capítulo da reputada obra de Olivier Reboul, La Philosophie de L'Éducation, Paris: Puf, 1971, pp. 11-32 ("O que é educar?", trad. de Olga Pombo com base numa primeira versão parcial de Ana Paula Figueiredo Silva, finalista da licenciatura em Ensino da Matemática, 1999/00).

2) a introdução de Jacques Ulmann a La Prensée Éducative Contemporaine, Paris: Vrin, 1982, pp. 9-26 ("O Pensamento Educativo Contemporâneo"), trad. de Olga Pombo com base numa primeira aproximação de Artur Marques Magalhães, finalista da licenciatura em Ensino da Matemática, 1997/98).

3) um estudo clássico de John Passmore, intitulado "The Concept of Teaching", incluído no seu The Philosophy of Teaching, London: Duckworth, 1980, pp.19-33 ("O Conceito de Ensino" trad. de Olga Pombo com base numa versão muito preliminar de Manuel José Seixas Constantino, finalista da licenciatura em Ensino da Matemática, 1994/95).

4) finalmente, um artigo de Paul H. Hirst, "What is Teaching?", inicialmente publicado no Journal of Curriculum Studies, Vol. 3, No. 1 (Maio, 1971), pp. 5-18 e reimpresso in R. S. Peters (edr.), The Philosophy of Education, London: Oxford University Press, 1973, pp. 163-177 ("O que é ensinar" trad. de Olga Pombo com base numa primeira versão de Renato Jorge Ribeiro Casimiro, finalista da licenciatura em Ensino da Matemática, 1999/00 (primeira parte) e de Nádia Maria Pereira Quaresma e Anabela Martins Veloso Rocha (respectivamente, segunda e terceira partes), finalistas da licenciatura em Ensino da Física, variante Química, 200/01).

7º Caderno

Três textos sobre educação para um mundo difícil




Neste novo volume, reúnem-se três textos que têm em comum o facto de procurarem pensar a relação entre educação com o futuro, nomeadamente, com um futuro que se antevê difícil. Nele se reúnem 3 textos, um de Bertrand Russell e dois de Ortega y Gasset, antecedidos de uma pequena Nota de Abertura de Olga Pombo

O primeiro texto, escrito por Russell em 1961, é aquele que dá o título ao volume: “Educação para um Mundo Difícil” (trad. de Nuno Ferreira, revisão de Olga Pombo)
O segundo texto, “Pedagogia e Anacronismo”, da autoria de Ortega Y Gasset, discute de forma desassombrada aquilo que, muitas vezes, é apresentado como o objectivo global da educação: "formar cidadãos" (trad. de Nuno Ferreira, revisão de Olga Pombo)

Curiosamente, o terceiro texto, “Apontamentos para uma Educação para o Futuro”, também da autoria de Ortega Y Gasset e escrito trinta anos depois, em 1961, ocupa-se daquilo mesmo que o segundo deixou em suspenso: será mesmo a política que deve adaptar-se à pedagogia? (trad. de Nuno Ferreira, revisão de Olga Pombo)

A organização deste caderno foi integralmente realizada pelo estudante Nuno Ferreira no ano lectivo 2003-2004. Aqui fica o merecido agradecimento pelo seu trabalho empenhado e cuidadoso.


Próximos números:

Ivan Illich e o repto da desescolarização

O estatuto disciplinar da História e da Filosofia da Educação

Rousseau e a educação como utopia

Dewey, democracia e educação

Ortega Y Gasset. Mestres, professores e alunos

Contos infantis e educação

Crianças selvagens. O grau zero da educação

Agostinho da Silva e as antinomias da educação

Alain. Um pensador da educação esquecido

Educação e oralidade. Provérbios e contadores de histórias


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