sábado, 12 de junho de 2010

973 - HISTÓRIA DAS UNIVERSIDADES

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História das universidades
Christophe Charles e Jacques Verge
Editora Unesp, São Paulo, 1996
por Carlos Vogt


Como se sabe, a universidade é uma instituição medieval: no sentido literal, sempre; no sentido metafórico, de vez em quando, senão com freqüência, em alguns casos.

O fato é que pelo menos sete séculos de existência contemplam a universidade. Sua história, suas transformações, suas características ao longo do tempo têm sido, com persistência cada vez maior, objeto de estudos e análises que têm contribuído para a compreensão do papel social que ela tem desempenhado desde as suas origens até a nossa época.

O livro História das Universidades, de Christophe Charles e Jacques Verger, constitui mais um desses esforços no sentido de fazer conhecer a universidade e as suas transformações históricas.

Para que se entenda o ponto de vista a partir do qual os autores formulam a sua história da universidade é preciso, com eles, atribuir a essa instituição o sentido relativamente preciso de comunidade (mais ou menos) autônoma de mestres e alunos reunidos para assegurar o ensino de um determinado número de disciplinas de nível superior.

Aceita essa perspectiva, deveremos também aceitar, com os autores, que a universidade é uma instituição criada pela civilização ocidental e cujo nascimento se dá na Itália, na França e na Inglaterra, no início do século 13.

O livro pretende acompanhar o desenvolvimento da instituição por meio das diferentes épocas históricas. Divide-se, assim, em seis capítulos distribuídos por duas partes que coincidem com grandes épocas históricas: a primeira parte trata das universidades da Idade Média e do Antigo Regime e a segunda vai desde o período aberto pela Revolução Francesa até o fim da 2ª Guerra Mundial.

Ao traçar esse amplo panorama das universidades, os autores procuram arrolar uma série de indicadores que permitam compreender a dinâmica institucional do ensino superior em sua época. Para tanto, trazem indicadores quantitativos no que diz respeito ao número de estudantes, ao número de professores e funcionários, aos seus salários, aos dados de orçamento e de dispêndio. Outros dados, esses agora de natureza mais qualitativa, permitem acompanhar de forma mais viva o papel social e muitas vezes político das universidades. Entre esses dados estão aqueles de natureza filosófica e conceitual, aqueles de características mais metodológicas - no que concerne ao ensino e à pesquisa -, além daqueles relativos às origens sociais dos estudantes e das diferentes vocações que a universidade foi perseguindo ao longo do tempo, com especial ênfase para a tensão entre uma concepção humanista-idealista-humboldtiana e seu papel e uma concepção mais pragmática e profissionalizante.

Nesse percurso diversificado e rico de acidentes destaca-se, com uma constância significativa, o esforço histórico das universidades buscando consolidar a sua autonomia. De um modo geral, a autonomia das universidades se enfraquece na medida em que aumenta a sua dependência direta dos recursos do Estado e a conseqüente ingerência deste nas coisas próprias da vida acadêmica. A questão da autonomia de gestão financeira das universidades vai, pois, se configurando ao longo da história como um dos principais objetivos a serem conquistados pela sua comunidade, sobretudo a partir do momento em que o modelo do ensino superior público e gratuito vai se impondo como a forma mais eficiente e eficaz de realização dos fins principais da atividade universitária: o ensino, a pesquisa e a prestação de serviços.

O livro do Christophe Charles e Jacques Verger é uma visão resumida do amplo panorama que pretendem desenhar. É um trabalho de divulgação que trata, salvo brevíssimas menções à América Latina e uma pequena parte dedicada ao Japão, das universidades européias e dos Estados Unidos. Traz, no final, uma bibliografia brevemente comentada, constituindo-se, desse modo, num guia importante para aqueles que desejam se iniciar no conhecimento dessa instituição que foi se tornando cada vez mais universal e indispensável à vida social, política, cultural e econômica das nações.

Atualizado em 10/02/03
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2003
SBPC/Labjor
Brasil

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