sexta-feira, 11 de junho de 2010

939 - FEUDALISMO

EUROPA FEUDAL
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Europa Feudal


Índice
1 História
2 A Formação do Feudalismo
2.1 Vilas: Uma Tradição Romana
2.2 A Contribuição dos Povos Germânicos
2.3 O Papel da Igreja e as Novas Invasões
3 A Sociedade Feudal
3.1 Os Trabalhadores do Feudo
3.2 O Escravo e o Servo
4 O Feudo
5 Um Poder Fragmentado
6 A Economia Feudal
7 A Cultura Feudal
8 A Igreja na Ordem Feudal
8.1 O Poder da Igreja
8.2 As Heresias
8.3 O Clero Secular e o Clero Regular
9 Ensino, Conhecimento e Arte
9.1 O Ensino
9.2 As Universidades
9.3 O Conhecimento
9.4 Uma Arte a Serviço de Deus
10 O Mundo Feudal em Transformação
11 O Crescimento Populacional
12 As Cruzadas
13 Cidades e Comércio: Nova Paisagem
13.1 A Troca de Moedas
13.2 Dentro dos Burgos, a Burguesia
13.3 As Corporações de Ofício
13.4 As Imposições Econômicas da Igreja
14 O Comércio de Longa Distância
15 Capitalismo versus Feudalismo
16 A Crise do Século XIV
17 Ver também
18 Ligações externas



História

A partir do século III, o Império Romano enfrentou diversas crises internas e invasões de povos germânicos. Em 395, para tentar solucionar os problemas, o imperador Teodósio dividiu o Império em duas partes: uma no Ocidente, com capital em Roma, e outra no Oriente, sediada em Constantinopla.

Separados, os dois impérios conheceriam destinos diferentes. O poderoso Império Romano do Ocidente não resistiria às pressões em suas fronteiras e ruiria, dando lugar a diversos reinos que, baseados em tradições germânicas e romanas, inaugurariam um novo tipo de sociedade: a sociedade feudal.

O Império Romano do Oriente, alterando momentos de apogeu e graves crises, ainda sobreviveria por quase mil anos.


A Formação do Feudalismo
Ver artigo principal: Feudalismo.
Os Romanos, a exemplo dos Gregos, chamavam de bárbaros a todos aqueles que não tinham seus costumes e que não falavam sua língua. Entre esses povos, estavam os germanos, cujas invasões provocariam a desestruturação do Império Romano do Ocidente.

A partir do final do século III, com o enfraquecimento do poderio de Roma, alguns povos que habitavam nas proximidades das fronteiras do Império começaram a se instalar pacificamente em seu território, como aliados, isto é, como colonos e, sobretudo, como soldados.

No final do século IV, os hunos, povo guerreiro de origem asiática, chegaram a Europa oriental e mudaram esse quadro, acelerando o processo de desintegração do Império Romano. Praticamente empurrados pelas invasões dos hunos. Os povos germânicos levariam de roldão as fragilizadas defesas das fronteiras romanas. Assim, francos, burgúndios, alamanos, ostrogodos, visigodos, anglos e saxões invadiam e pilhavam as cidades do Império.

Em 410, os visigodos ocuparam a península Itálica, tomando e saqueando Roma. Os vândalos, por sua vez, avançaram pela península Ibérica, atravessaram o estreito de Gibraltar e estabeleceram-se no norte da África.

O golpe definitivo ocorreu em 476, quando Odoacro, chefe dos hérulos, destronou o imperador de Roma, pondo fim ao Império Romano do Ocidente. Esse acontecimento assinala a passagem entre Antiguidade e a Idade Média na Europa ocidental.

Assim, ao término do século V, toda a porção ocidental do Império Romano, agora sob o domínio dos germanos, começava a assumir uma configuração inteiramente diversa, do ponto de vista de sua organização social, política e econômica. Era o mundo feudal que começava a se formar.

Mas seriam necessários mais de três séculos para que as estruturas da nova sociedade estivessem plenamente consolidadas. Nesse período, a administração centralizada do Império Romano daria lugar a diversos reinos, como o dos ostrogodos, o dos francos e outros nos quais vigoravam formas descentralizadas de poder.

De todos os reinos feudais, o mais duradouro foi o dos francos. Por volta do século IX, seu poder era tão grande que alguns acreditavam na possibilidade de o Império Romano do Ocidente voltar a surgir.

A base social dos reinos feudais se constituiria a partir do encontro e da combinação de tradições, costumes, crenças e estruturas sociais herdadas dos romanos e dos povos germânicos.


Vilas: Uma Tradição Romana

Ao longo de todo processo de desagregação do Império Romano do Ocidente, que durou cerca de duzentos anos, as cidades se despovoaram, enquanto o comércio e a produção artesanal entraram em declínio. Sem dinheiro para manter as fronteiras, o imperador não conseguia garantir a integridade do território. Para se proteger, a população abandonava as cidades, principais alvos dos povos invasores.

Ao mesmo tempo, com o fim das guerras de expansão do Império, a mão-de-obra escrava, base da economia romana, praticamente desapareceu. Com isso, as grandes propriedades rurais escravistas – os latifúndios – perderam importância.

No lugar dos latifúndios, começaram a surgir as vilas, grandes propriedades rurais que tinham por objetivo a auto-suficiência, tendo em vista que o fluxo comercial diminuiu com as invasões. Nas vilas, a mão-de-obra principal passou a ser dos colonos, trabalhadores que entregavam parte do que produziam ao senhor, em troca da permissão de uso da terra do senhor. Com o passar do tempo, os pequenos agricultores também entregariam suas terras aos grandes proprietários em troca de proteção.

Essas vilas e as relações nelas estabelecidas contribuíram para a formação dos feudos, unidade básica de todo o sistema feudal.


A Contribuição dos Povos Germânicos
A intensificação das invasões germânicas na Europa ocidental trouxe mudanças e acrescentou novos elementos à sociedade que se formava.

Os povos germânicos trouxeram consigo certos costumes que se incorporaram à sociedade nascente, como o padrão de justiça, baseada na tradição, e noções de honra e lealdade, que fundamentavam as relações entre o chefe guerreiro e seus comandados.

A prática de conceder terras como recompensa aos homens que se destacavam nos combates, isso era comum entre os germânicos. Assim, à medida que avançavam e se instalavam no território romano, os guerreiros tornavam-se senhores de terras. A união entre eles e seus comandantes baseava-se apenas na lealdade e na palavra. Assim, os novos senhores da terra passavam a ser praticamente independentes dentro de seus domínios, que agregavam germânicos e romanos. Com o tempo, eles se transformariam em senhores feudais, e a administração fortemente centralizada do Império Romano daria lugar a um poder descentralizado.


O Papel da Igreja e as Novas Invasões
A Igreja Católica representou papel fundamental na formação e consolidação do feudalismo. Era a maior e a mais poderosa instituição do período. Sua influencia alastrou-se aos poucos entre os povos romanos e germânicos, transformando-a no principal elo de toda a população e garantindo certa uniformidade cultural à Europa ocidental.

No século IX, não existia na Europa ocidental quem não acreditasse em Deus. Controlando a fé, a Igreja normatizava os costumes, a produção cultural, o comportamento e, sobretudo, a ordem social. Aqueles que se desviavam de suas normas eram rigorosamente punidos. Sua influencia também se fazia sentir na política, ao sagrar reis legitimar o poder dos senhores feudais.

A Igreja se transformaria também na maior proprietária de terras da Europa ocidental, em um período em que a terra era a principal fonte de poder e de riqueza.

A nova organização social que despontava na Europa com a desagregação do Império Romano – o feudalismo – só assumiu sua forma mais acabada por volta dos séculos VIII e IX. Nessa época, outra onda de invasões, desta vez empreendidas pelos povos árabes, húngaros, eslavos e normandos (ou vikings), isolou a Europa ocidental do Oriente. O clima de insegurança e isolamento criado pela nova onda de invasões dificultava a circulação de pessoas, debilitando ainda mais as atividades comerciais e a força da cidades.

O poder político se transferiu para os grandes proprietários de terras, os senhores feudais, a quem a população recorria para pedir proteção.


A Sociedade Feudal

Monge escriba medieval.Jacques Le Goff e George Duby, especialistas em Idade Média, dividem a sociedade medieval em três grandes ordens. A primeira compreendia os integrantes do clero, que cuidavam da fé cristã; a segunda reunia os senhores feudais, responsáveis pela guerra e pela segurança; a última ordem era aquela constituída pelos servos, que trabalhavam para sustentar toda população.

A mobilidade social praticamente inexistia. Rígidas tradições e vínculos jurídicos determinavam a posição social de cada individuo desde o nascimento.

Na sociedade feudal, a honra e a palavra tinham importância fundamental. Desse modo, os senhores feudais ligavam-se entre si por meio de um complexo sistema de obrigações e tradições.

A fim de obter proteção, os senhores feudais geralmente procuravam por outro senhor mais poderoso, jurando-lhe fidelidade e obediência. Chamava-se vassalo o senhor feudal que pedia proteção a outro. Essa aliança deveria ser consolidada pelo senhor mais poderoso, o suserano, por meio da concessão de um feudo, que podia ser constituído de terras ou de bens ou de ambos.

Nesse sistema, o vassalo devia várias obrigações ao seu suserano, como o serviço militar, por exemplo. Por essa razão, quanto maior o número de vassalos, maior o prestígio e o poder de um suserano. O compromisso estabelecido nesse sistema tinha caráter sagrado e constituía falta grave sua violação.


Os Trabalhadores do Feudo
A terceira ordem da sociedade da Alta Idade Média era formada pelos servos. A relação que se deu inicialmente entre os colonos e os proprietários da vilas romanas pode explicar a origem de servidão no feudalismo.

Diferentemente dos escravos, os servos estavam presos à terra e dali não podiam sair. Mesmo que um feudo mudasse de senhor, não poderiam ser expulsos dele, passando a prestar obrigações ao novo senhor.

Além dos servos, havia os vilões, pequenos proprietários que, por algum motivo, tinham entregado suas terras a um senhor. Embora livres, deviam várias obrigações ao dono do feudo.

Os escravos, em número reduzido e mantidos apenas em algumas regiões próximas ao Mediterrâneo, trabalhavam em atividades domésticas.


O Escravo e o Servo
Havia diferenças, de fato, entre o servo e o escravo.
O servo tinha o direito à sua vida, garantia que o escravo não conhecia, pois podia até ser morto pelo amo. Além disso, ainda que entregasse grande parte da colheita ao senhor, o servo produzia sua própria economia.

Entretanto, a condição de exploração de ambos era semelhante.os servos ficavam à mercê de circunstâncias quase tão cruéis quanto as enfrentadas pelos escravos.

O Feudo
Ver artigo principal: Feudo.

Trabalhadores do Feudo.Os feudos eram os núcleos com base nos quais a sociedade feudal se organizou. Por volta do ano 1000, a maioria das pessoas na Europa ocidental vivia em feudos. Nesse período, a terra converteu-se no bem mais importante, por ser a principal fonte de sobrevivência e de poder.

As terras do feudo distribuíam-se da seguinte forma:

Manso senhorial – Representava cerca de um terço da área total e nela os servos e vilões trabalhavam alguns dias por semana.. toda produção obtida nessa parte da propriedade pertencia ao senhor feudal.
Manso servil – Área destinada ao usufrufo dos servos. Parte do que era produzido ali era entregue como pagamento ao senhor feudal.
Terras comunais – Era a parte do feudo usada em comum pelos servos e pelos senhores. Destinava-se à pastagem do gado, à extração de madeira e à caça, direito exclusivo dos senhores.
Os servos, principal mão-de-obra dos feudos, deviam varias obrigações ao senhor feudal, destacando-se:

A corvéia – prestação de trabalho gratuito durante vários dias da semana no manso senhorial;
A talha – entrega ao senhor de parte da produção obtida no manso servil;
A banalidade – pagamento de taxa pelo uso do forno, do lagar (onde se fazia o vinho) e do moinho, dentre outros equipamentos do feudo;
O censo – pagamento efetuado com parte da produção em dinheiro, ao qual estavam obrigados somente os vilões ou homens livres;
A capitação – imposto per capita (por cabeça), pago apenas pelos servos;
A mão-morta – taxa paga pelos familiares do servo para continuar explorando a terra após sua morte.
Essas e outras formas de pagamento eram compulsórias. Por meio delas, transferia-se para o senhor feudal a maior parte da produção.

Os camponeses tinham de viver com o pouco que sobrava. Moravam em casa de madeira, sem divisões internas, com telhado de palha e chão batido. Assim como os senhores, em sua maioria não sabiam ler nem escrever. Vestiam-se com roupas de lã, linho ou couro. Seu divertimento, geralmente, estava relacionado à fé cristã e aos festejos comemorativos por ocasião do plantio e da colheita.


Um Poder Fragmentado
Após a desintegração do Império Romano do Ocidente, a Europa foi ocupada por vários reinos, cuja principal característica era a descentralização do poder, dividido entre o rei e os senhores do feudo. O rei cumpria, sobretudo, funções simbólicas. Era considerado o principal suserano. Também subordinado às obrigações do sistema de suserania e vassalagem, dependia do exército formado por seu vassalos e dos tributos recolhidos em sues próprios domínios feudais.

Ao ser reconhecido e legitimado pela Igreja, o poder do rei revestia-se de um caráter: ele era “rei pela graça de Deus”. Apesar disso, não tinha poderes para interferir nas terras de seus vassalos. Nelas, o senhor feudal era soberano, comandado o seu funcionamento e fazendo justiça segundo as tradições e o direito consuetudinário, isto é, o direito consagrado pelos costumes.


A Economia Feudal
Na Alta Idade Média ocorreu uma acentuada retração das atividades comerciais e artesanais. Em razão disso, houve um processo de ruralização da sociedade da Europa ocidental, com o predomínio da agricultura de subsistência.

Dentro dos feudos, a agricultura era praticada por meio de técnicas simples. Os principais instrumentos eram feitos de madeira, pois o ferro era de difícil aquisição. O arado, puxado por boi, era o equipamento principal. Para não esgotar o solo, usava-se um sistema de rotação trienal: a terra de cultivo era dividida em três partes e o plantio era feito de tal modo que sempre uma dessas partes permanecia em descanso.

Cada família de servos tinha a posse de um lote (ou tenência) em cada um desses campos, para que sempre houvessa terra disponível para o cultivo. O quadro a seguir representa o aproveitamento da terra, de acordo com o sistema de três campos.

Campo 1º Ano 2º Ano 3º Ano
I Cultivo de Trigo Cultivo de Cevada Repouso
II Cultivo de Cevada Repouso Cultivo de Trigo
III Repouso Cultivo de Trigo Cultivo de Cevada


A Cultura Feudal
Em quase toda a Europa Ocidental, durante a Idade Média, o cristianismo era a crença religiosa predominante. A grande exceção era constituía a parte da península Ibérica ocupada pelos árabes. Aí, a religião dominante era o islamismo. Outro caso particular dizia respeito às comunidades de judeus disseminadas pela Europa, praticantes do judaísmo.Na maio parte do continente, porém, a vida das pessoas era determinada pelos ensinamentos e pela ação da Igreja Católica Apostólica Romana.

Herdeira e transmissora dos valores greco-romanos, essa poderosa instituição marcou de maneira profunda a cultura medieval, tanto do ponto de vista material quanto espiritual.


A Igreja na Ordem Feudal
A Igreja era a mais importante instituição do mundo feudal. Os membros mais elevados de sua hierarquia, bispos e abades, eram recrutados entre os nobres. Naquela época, tinha-se o costume de fazer com que o segundo filho de um família nobre seguisse a carreira eclesiástica - o primeiro filho herdava o feudo, segundo o direito de primogenitura.

Até mesmo o tempo era regulado pela religião cristã - as pessoas marcavam o ritmo de suas vidas pelo toque do sino das igrejas. Completamente voltadas para as práticas religiosas, acreditavam que a vida na Terra era apenas um momento antes da eternidade, que seria vivida ao lado de Deus.


O Poder da Igreja
Na Idade Média, a Igreja Católica dominava o cenário religioso. Detentora do poder espiritual, a Igreja influenciava o modo de pensar, a psicologia e as formas de comportamento na Idade Média. A igreja também tinha grande poder econômico, pois possuía terras em grande quantidade e até mesmo servos trabalhando. Os monges viviam em mosteiros e eram responsáveis pela proteção espiritual da sociedade. Passavam grande parte do tempo rezando e copiando livros e a bíblia.

Colocando-se como a única intermediária entre a humanidade e Deus, a Igreja passou a deter o monopólio da salvação. Sua organização hierárquica, no topo da qual estava o papa, era extremamente centralizada e rígida. A serviço de Deus, os membros do clero cumpriam um rigoroso regime de obediência e disciplina.

Seu raio de ação, entretanto, não se limitava à vida espiritual. Na verdade, ao longo dos séculos, a Igreja tornou-se proprietária de grande patrimônio – possuía terras, vassalos e servos – acumulados graças às doações feitas por aqueles que queriam, por seu intermédio, ser libertados da condenação divina.

Em meio a uma sociedade constituída de pessoas iletradas, mantinha o controle absoluto do saber erudito. Detendo informações e conhecimento importantes, garantia que seu domínio se estendesse ao longo de séculos de maneira quase inabalável.


As Heresias
Aqueles que questionavam os dogmas (verdades reveladas) instituídos pela Igreja eram vistos como inimigos. Em outras palavras, os que interpretavam os ensinamentos cristãos de maneira diferente daquela que a Igreja pregava eram (e são) chamados de hereges (por professarem uma fé diferente da católica).

Com o intuito de manter a coesão da Igreja e da cristandade, reagindo aos levantes de seitas e grupos dissidentes, a Igreja voltou-se contra os hereges. Como forma de reprimi-los, criou-se o Tribunal do Santo Ofício, mais conhecido como tribunal da Inquisição. A primeira era o ato pelo qual impedia que o cristão recebesse os benefícios da salvação, concedidos por seu intermédio (os sacramentos). Oficializada pelo Papa em 1231, a Inquisição julgava os hereges e dissidentes. Aos que se recusavam a se retratar, punia de maneira implacável, condenando-os a penas variadas, por vezes a pena capital. É interessante notar que os tribunais eclesiásticos eram os mais justos dentre aqueles encontrados na Idade Média, trazendo consigo uma série de inovações que futuramente viriam a implementar os tribunais laicos que hoje conhecemos.


O Clero Secular e o Clero Regular
Desde o final da Antiguidade, a hierarquia do clero era costituída pelo papae pelos arcebispos, bipos, abades e padres. Eles formavam o clero secular (do latim saeculum, mundo), expressão que designava os sacerdotes que desenvolviam atividades voltadas para o público.

Paralelamente, desenvolveu-se o clero regular, formado pelos religosos que viviam em mosteiros(monges e abades), em regime de reclusão ou semi-reclusão.

O hábito de viver em mosteiros - chamado monasticismo - foi introduzido no Oriente no século VI, quando São Bento fundou o mosteiro do Monte Cassino, na penísula Itálica, dando origem à ordem(ou irmandade) dos beneditinos. A regra criada por São Bento para disciplinar a vida de seus monges, aprovada pelo papa, serviu de modelo para outras ordens surgidas posteriormente, como a dos franciscanos, a dos dominicanos etc. O modelo dos mosteiros masculinos, dirigidos por um abade, foi logo instituídopara as mulheres.

Os mosteiros ou monastérios desempenharam um importante papel na Europa medieval, cristianizando povos, cultivando terras, organizando e mantendo escolas e bibliotecas.


Ensino, Conhecimento e Arte
Durante a Idade Média, as pessoas que sabiam ler e escrever em geral pertenciam ao clero. Os poucos livros que sobreviveram ao período das invasões germânicas eram conservados nas escassas bibliotecas pertencentes à Igreja. Nelas, os monges copistas encarregavam-se de reproduzir os livros à mão. Dessa forma, oe integrantes da Igreja eram os únicos capazes de lidar com o saber escrito e, portanto, com o ensino formal.


O Ensino
Todo o ensino estava sob o controle da Igreja e era voltado para o ingresso na vida religiosa. A língua utilizada para transmitir os ensinamentos era o latim, falado pelos integrantes do clero e pelas pessoas cultas.

Os primeiros estudos eram feitos nas escolas que funcionavam nos conventos e nas igrejas das vilas, onde se aprendia a ler e escrever, noções de cálculo e cato religioso. A continuação dos estudos (curso superior), orientada sempre por padres ou monges em escolas mantidas nas catedrais, era dividida em dois ciclos: o trivium (gramática, retórica, lógica) e o quadrivium (música, aritmética, geometria e astronomia).


As Universidades
A principal inovação medieval realizada pelos europeus no campo do ensino e do conhecimento foi a criação das universidades.

No final do século XI, a primeira instituição de ensino superior a aparecer foi a Escola de Direito de Bolonha, no norte da atual Itália. Outras instituições surgiram quase simultaneamente na penísula Itálica, na França e na Inglaterra. Até o final do século XIV, já havia mais de quarenta delas espalhadas por diversas regiões da Europa.

A disseminação desses estabelecimentos de ensino teve relação com o ressurgimento urbano e comercial que ocorreu na época. Com esse surgimento tornou-se necessário um número de letrados para gerir os negócios, tanto públicos como privados.

Inicialmente regulamentadas pela Igreja, as universidades restringiam-se ao ensino de disciplinas do trivium e do quadrivium. No século XIV, ganharam independência e passaram a assumir um caráter mais voltado para a visa secular, ministrando também cursos de artes, de medicina, além de direito e de teologia.


O Conhecimento
Devido à forte presença da Igreja, os primeiros pensadores medievais, chamados doutores da Igreja, voltaram-se para questões relativas aos dogmas e preceitos da fé, numa tentativa de dar forma à nova religião que se organizava. Inúmeros foram aqueles que estabeleceram os fundamentos da teologia católica, combinando por vezes elementos da filosofia greco-romana com ensinamentos da religião critã.

Entre os principais estudiosos que ajudaram a transformar a religião de Cristo em uma doutrina formal está Santo Agostinho. Associando o cristianismo aos textos de filósofo grego Platão e de seus seguidores, Santo Agostinho construiu argumentações capazes de sustentar e explicar as verdades religiosas.

Algum tempo depois, Santo Tomás de Aquino, professor da Universidade de Paris e um dos mais importantes doutores da história da Igreja, reuniu o saber medieval na obra Suma teológica.

No caminho aberto por ele, a Escolástica - movimento que reunia as idéias de Tomás de Aquino - representou uma tentativa de conciliar fé e razão com base no pensamento de Aristóteles, fundindo assim elementos da filosofia pagã com a doutrina católica.

No final da Idade Média, houve algumas tentativas de mudar as orientações teóricas. Na obra de Roger Bacon, por exemplo, estão fortemente presentes preocupações científicas. Monge franciscano inglês do século XIII, Bacon recomendava observações e a experimentação como meios indispensáveis para chegar ao conhecimento. Isso lhe custou a condenação pela Igreja ao cumprimento de uma pena de catorze anos de prisão.


Uma Arte a Serviço de Deus
A arte medieval era também dominada pelos preceitos da religião. Na pintura e na escultura, os temas representados eram Deus, os anjos, os santos e, de modo geral, as cenasque instruíssem os fiéis a respeito dos conhecimentos morais e espirituais da doutrina critã.

Na arquitetura imperava a mesma concepção. As maiores construções medievais foram as igrejas. Nos primeiros tempos, imitava-se os modelos romanos.

A partir do século XI, desenvolveu-se um estilo arquitetônico propriamente medieval, chamado românico. Os edifícios eram relativamente simples, embora de grandes proporções. Sua aparência sólida, com paredes grossas e poucas janelas, assemelhava-se à das fortalezas. Seus elementos característicos eram a coluna e o arco romano.

A partir do século XII, começou a afirmar-se no norte da França um novo estilo, batizado posteriormente com o nome de gótico. Introduzindo uma nova técnica de construção, o arco gival, o estilo gótico disseminou-se com a edificação de enormes catedrais, que passaram a simbolizar a riqueza das novas cidades.

Caracterizadas pelas torres altas e pontiagudas, pelas colunas graciosas e, claro, pelos arcos ogivais, as catedrais são construções elegantes, ornamentadas com muitas estátuas e com belos vitrais coloridos, representando cenas da vida de Cristo, da Virgem Maria e dos santos.


O Mundo Feudal em Transformação
A sociedade feudal conheceu, entre os séculos XI e XIII, um período de grandes mudanças, assinalado pelo advento da arte gótica, da Escolástica e das universidades.

Durante esse período, que compreende os primeiros séculos da Baixa Idade Média, houve um aumento populacional proporcionado pela diminuição das invasões e das epidemias que assolaram a Europa durante os primeiros séculos do feudalismo. Esses acontecimentos, associados às características do próprio sistema feudal, como descentralização do poder e isolamento dos feudos, minaram algumas estruturas peculiares a esse sistema.

Para a composição do novo quadro, foram decisivas as Cruzadas, expedições de caráter religioso e militar surgidas no final do século XI. Elas contribuíram para acentuar as mudanças na estrutura do feudalismo na Baixa Idade Média.

Em decorrência das Cruzadas, algumas cidades começaram a surgir, outras renasceram e os vínculos servos e senhores feudais sofreram drásticas alterações. As profundas transformações que se verificaram tiveram como conseqüência a modificação das organizações internas dos feudos, bem como das relações entre eles e os reis.


O Crescimento Populacional
A população européia era de aproximadamente 18 milhões de pessoas no ano 800. Em trezentos anos, até o ano 1100, esse número aumentou em cerca de 8 milhões de habitantes, saltando a população total para quase 26 milhões. Em 1200, foi atingida a marca de 34 milhões de habitantes. Isso quer dizer que em apenas quatrocentos anos a população da Europa praticamente dobrou.

A diminuição das invasões a partir do século X gerou um clima de estabilidade social sem precedentes no mundo feudal. O isolamento entre os feudos permitiu que o número de mortes por epidemia diminuísse consideravelmente. Sem disputas contra invasores e momentaneamente livres das epidemias, o número de nascimentos começou a superar o de mortes, ocasionando o aumento populacional.

Com esse crescimento, iniciou-se um processo de exploração agrícola das terras de florestas e de pântanos. A ocupação de novas áreas e a introdução de algumas inovações nas técnicas de cultivo permitiram aumentar a produção agrícola. Entretanto, isso não foi suficiente para alimentar a população crescente dos feudos.

Os senhores feudais começaram então a expulsar o excedente populacional. Banidos dos feudos geralmente sob a alegação de terem quebrado alguma regra, muitos servos viram-se obrigados a mendigar ou a saquear nas estradas.

Enquanto isso ocorria com a população mais pobre, os filhos de senhores feudais viram-se na contingência de abandonar a propriedade paterna. Para garantir a supremacia dos feudos e não dividir suas posses, os senhores feudais fizeram do seu filho primogênito o seu único herdeiro. Assim, os outros filhos eram praticamente expulsos das terras, tendo de encontrar novos meios para sobreviver.

A conseqüência desse quadro foi o aparecimento de inúmeros grupos de bandoleiros nas estradas, que viviam de raptar algum senhor feudal poderoso para exigir o pagamento de resgate.

Essas circunstâncias acentuavam o clima de disputa entre os nobres cavaleiros. Durante esse período, efetuavam-se também combates e torneios que transformavam os campos em verdadeiras arenas. Foi necessária a intervenção da Igreja, instituindo dias para os torneios, como forma de regulamentá-los e evitar que a produção agrícola fosse prejudicada. Esse ambiente, dominado pelo espírito guerreiro, favoreceu o movimento das Cruzadas, promovido pela Igreja.


As Cruzadas
No século XI, grande parte dos domínios árabes, incluindo a Terra Santa – que englobava Jerusalém e outros lugares onde Jesus viveu e pregou sua doutrina -, caiu em poder dos turcos seldjúcidas, um povo vindo do Oriente, que se convertera ao Islã. Diferentemente dos árabes, que nunca haviam se oposto às peregrinações dos cristãos à Terra Santa, os turcos as proibiram.

Diante disso, o papa Urbano II, falando aos nobres reunidos em Clermont, na França, em 1095, fez-lhe um apelo pela libertação da Terra Santa. Por trás da exortação estava o interesse da Igreja em aumentar seu prestígio e expandir seu domínio sobre os territórios controlados pelos mulçumanos.

A adesão dos nobres ao apelo do papa foi quase imediata. Para eles, as expedições à Terra Santa foram vistas como uma forma de conquistar terras, prestígio e riquezas no Oriente. Afinal, muitos estavam empobrecidos por causa do direito de primogenitura.

Assim, no ano seguinte, tiveram início as Cruzadas. Costurando cruzes vermelhas sobre suas roupas, nobres, camponeses, pobres, mendigos e até mesmo crianças partiram da Europa em grandes expedições militares com objetivo de conquistar a Terra Santa, tomando-a dos mulçumanos.

A primeira Cruzada conseguiu conquistar Jerusalém após três anos de lutas. A vitória permitiu a criação de alguns Estados cristãos na Palestina, nos quais as terras foram distribuídas como na Europa feudal. Pouco tempo depois, entretanto a Terra Santa foi novamente tomada pelos mulçumanos.

Fizeram-se outras sete Cruzadas, a última das quais em 1270. Todas fracassaram. Apesar disso, como conseqüência delas, o Mediterrâneo foi reaberto à navegação européia e os contatos culturais e comerciais entre o Ocidente e o Oriente foram restabelecidos.

As Cruzadas contribuíram ainda para aumentar a circulação de pessoas e de riquezas na Europa. Por meio delas, o comércio se fortaleceu e acabou estimulando o povoamento das cidades.


Cidades e Comércio: Nova Paisagem

A Troca de Moedas

Dentro dos Burgos, a Burguesia

As Corporações de Ofício

As Imposições Econômicas da Igreja

O Comércio de Longa Distância

Capitalismo versus Feudalismo
O renascimento comercial e urbano, ocorrido a partir do século XI, introduziu muitas novidades na organização a sociedade feudal. Surgiram diferentes grupos sociais, tais como a burguesia e os trabalhadores assalariados. Criaram-se novas formas de enriquecimento,por meio do crescimento das atividades bancárias e do comércio de mercadorias. Ganhou importância o comércio em grande escala e a produção para o mercado. Essas novidades indicavam o aparecimento de um novo sistema econômico: o capitalismo. Aos poucos, o sistema capitalista acabaria por substituir inteiramente o feudalismo, tornando-se dominante no séculos seguintes.


A Crise do Século XIV

Ver também
Feudalismo
Idade Média

Ligações externas
A EUROPA FEUDAL (em espanhol)
As origens do sistema colonial

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