quinta-feira, 10 de junho de 2010

834 - HISTÓRIA DOS POVOS CELTAS

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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
A História do Povo Celta e os Druidas


Os Celtas habitavam uma área na Europa que incluía a França e a Espanha e se estendia até o Danúbio. Já estabelecidos na Gália, os celtas passam a fazer incursões na Itália romana e etrusca. Alexandre o Grande recebeu embaixadores celtas em sua corte na Macedônia e tentaram saquear o santuário de Delfos, que foi salvo por uma forte nevasca atribuída ao deus Apolo.


Esse período é conhecido como período chamado La Tène e alguns arqueólogos a consideram como a primeira cultura realmente celta. A arte desse período se originou da síntese dos padrões geométricos de Hallstatt com os estilos decorativos dos etruscos. É uma arte caracterizada por curvas e temas vegetais, claramente mais abstratos e inspirados na Natureza.


Haviam diferentes denominações dadas aos povos celtas. Os gregos os chamavam de galatoi e keltoi. Os romanos os chamavam de galli, belgae e britanni. A Gália, após ser conquistada por Roma foi chamada Gallia e a Bretanha tornou-se Britannia. A Irlanda nunca foi invadida por Roma e é nesse país, portanto, que temos maior preservação do que foi a cultura celta original, e também seus mitos.


É importante esclarecer que os celtas se estabeleceram por toda a Europa, mas nunca formaram um império unificado. Esse é um dos fatores que acabou por facilitar a vitória dos romanos sobre eles. Eram várias tribos independentes, ligadas por uma cultura em comum e que guerreavam constantemente entre si.


Existem dois episódios famosos de sua história onde várias tribos lutaram juntas, mas são considerados casos excepcionais: um foi na Gália, quando Vercingetórix, um rei de formação druida, uniu várias tribos para resistirem à invasão romana. Após algumas vitórias foram sitiados pelas legiões e ele se entregou, para ser morto depois em praça pública romana. O outro foi a unificação de tribos que ocorreu na Grã-Bretanha, liderada pela rainha Boudicca, que também obteve muitas vitórias, mas acabou sucumbindo ao poder esmagador das legiões de Roma.


Júlio César nos relata que os celtas estavam divididos em tribos aristocráticas que mantinham lutas constantes entre si, e esse foi o fator que mais facilitou as invasões romanas. Os romanos muitas vezes encorajavam essas disputas e rivalidades, para assim terem facilitadas as suas invasões em terras celtas.


A sociedade celta estava dividida em três: a nobreza guerreira, os sacerdotes druidas e os homens livres. Era governada por reis guerreiros, por rainhas ou por aristocratas. Esses líderes não eram déspotas, conceito que não cabia na cultura celta, um povo que não se deixava dominar facilmente. O rei era eleito entre o ramo da família de seu predecessor, não necessariamente um dos filhos. Era comum uma mulher se tornar rainha caso seu marido viesse a morrer ou se tornasse inapto para o cargo. Havia, à margem dessa sociedade, a população não livre, no sentido de não terem posição social nem propriedades: eram as populações subjugadas em guerras, que trabalhavam como servos.


Como principais meios de subsistência, os celtas cultivavam o trigo e criavam gado. A posse de bois era uma forma de se determinar a riqueza de cada um. Os celtas criaram o padrão xadrez para as vestimentas e o barril para transportar bebidas.


Usavam calças, túnicas, mantos ou capas de lã, e estavam sempre ricamente adornados por torques de ouro, cintos ou faixas decorativas, broches e variados ornamentos corporais. As túnicas e capas tinham decoração bordada. As túnicas eram normalmente feitas de linho e caíam até os joelhos para os homens e até os tornozelos para as mulheres. As capas eram feitas de lã e seu comprimento ostentava a riqueza ou posição social. Usavam nos pés sandálias e sapatos de couro. A aparência de seus trajes era muito colorida, principalmente púrpura, carmesim e verde.


Os celtas viviam em uma oppidum. Assim eram chamadas as comunidades, tribos e aldeias que eram cercadas por paliçadas e fossos para defesa. Viviam em casas circulares com paredes de madeiras e telhados de olmo, e as construções estavam organizadas conforme sua função: haviam áreas exclusivamente residenciais, outras apenas comerciais e ainda aquelas onde ficavam os prédios religiosos. Havia os sofisticados silos para armazenar grãos, além de rede de água e esgoto. Em terras celtas continentais eram também comuns as casas retangulares feitas de pedra em vez de madeira.


Relatos romanos e achados arqueológicos nos informam como eles se vestiam para a guerra: pintavam-se de anil, para pareceram mais aterradores, usavam o cabelo comprido e raspavam os corpos, que eram também tatuados com desenhos abstratos e figuras de animais, muito provavelmente com o animal totem da tribo. Clareavam o cabelo com água de cal e os eriçavam para o alto, ou ainda o prendiam puxado para trás. Os celtas provavelmente aterrorizavam seus inimigos não apenas com essas táticas ou com sua notória coragem para guerrear, mas também por serem altos e musculosos, em sua maioria loiros e ruivos.


A sociedade celta não era matriarcal, mas em muitos casos, era matrilinear, com os filhos sendo nomeados a partir da mãe. A mulher celta gozava de uma posição de igualdade social praticamente única para aqueles tempos.


Um conhecido privilégio das mulheres celtas era o de poder anular o casamento caso seu marido não mais a estivesse satisfazendo sexualmente. Podemos identificar também os privilégios das mulheres celtas ao examinarmos os mitos desse povo, onde não faltam deusas guerreiras e poderosas, deusas independentes e até dominantes.


Para que os recursos naturais de suas terras não se esgotassem quando o número de habitantes atingia um patamar muito elevado, eles tinham o consciente costume de dividir a tribo em duas, uma parte ficando no local e a outra parte migrando para outras terras. Historiadores da época descrevem que essa migração era orientada pelo animal totêmico da tribo em questão. Essas migrações são uma característica do já mencionado período La Tene, que foi a época de maior expansão celta na europa e também o auge dessa cultura.


O legado celta da Irlanda é muito forte e a mais direta fonte para estudos, pois os romanos jamais invadiram esse país. Preciosos manuscritos da mitologia irlandesa nos elucidam muito sobre a espiritualidade e sociedade celta. Alguns textos-chave são “O Livro das Invasões da Irlanda”, “O Roubo do Gado de Cooley”, “A Cartilha do Sábio”, “A Batalha de Moytura”, entre outros.


Os mitos também são tidos como um tipo de explicação para os mistérios da religiosidade. No caso dos celtas, vemos que as lendas celebram a imortalidade e assim encorajam a força de uma sociedade guerreira. A certeza da imortalidade fez dos celtas guerreiros destemidos. As constantes visitas ao Outro Mundo nas lendas refletem os costumes de ritos de transição, como também a celebração da ciclicidade da Natureza, bastante presente nessa sociedade que se baseava na passagem das estações do ano, tanto na vida diária, como na religião. Na verdade, os celtas pouco separavam a religião do dia-a-dia, pelo contrário: um fazia parte indivisível do outro.


A mitologia celta vivia tão entrelaçada ao cotidiano do povo que, mesmo com a chegada do cristianismo, foi impossível sua destruição. O que ocorreu foi que o cristianismo acabou por incorporar os mitos. O deus único cristão teve de dividir a adoração com inúmeros santos, alguns deles deuses pagãos cristianizados, outros antigos druidas santificados. O exemplo mais conhecido dessa “incorporação” é a história de Santa Brígida que entre os celtas pagãos era a deusa Brighid da tríplice chama, uma tuatha dé danann. Até hoje é mantido aceso no santuário de Santa Brígida um fogo sagrado, cuidado por freiras. O culto a essa deusa em terras irlandesas era tão poderoso e forte que foi inviável abafá-lo e ele sobrevive até os dias de hoje na forma da santa com seu fogo sagrado que jamais se apaga.



Os druidas eram a classe sacerdotal da sociedade celta, eram professores, médicos, juízes, advinhos e conselheiros dos reis e rainhas. Sabemos que nem todas as tribos celtas possuíam um druida ou seguiam o druidismo como religião, mas certamente as tribos da maioria do mundo celta tinham um druida como conselheiro, médico, juiz e sacerdote e, como religião, professavam o druidismo.


A importância dos druidas na sociedade celta era tal que deles dependiam as ações e decisões dos reis e rainhas. Oriundos de diversas camadas sociais, jovens celtas de ambos os sexos eram enviados a diversos colégios druídicos – o mais famoso deles na Ilha de Môn, atual Ilha de Anglesey - para serem instruídos pelos druidas mais experientes. Eram muitos anos de aprendizado, após os quais os druidas deveriam ser capazes de costurar acordos de paz entre tribos celtas rivais, julgar disputas pessoais e tribais, transmitir oralmente as lendas e a história de seu povo e valer-se de suas habilidades poéticas para enaltecer seus reis e heróis. Sua autoridade era fruto de sua profunda sabedoria. Eram grandes conhecedores das propriedades curativas das plantas, zelavam pela preservação do meio ambiente e aconselhavam seus líderes em momentos de crise. Um desses momentos foi a invasão da Gália pelas legiões romanas. Ciente do poder que os druidas exerciam na sociedade celta, o líder romano Júlio César, em sua luta para conquistar a Gália, sabia que qualquer conquista só seria definitiva se os druidas fossem eliminados. Ele promoveu então violenta perseguição aos druidas, que culminou com o massacre de homens, mulheres e crianças na ilha de Môn, no litoral do País de Gales – um centro de ensino druídico. Esse foi um duro golpe para o druidismo e para toda a cultura celta, agora quase totalmente submetida ao domínio imperialista de Roma.



Embora não haja consenso entre os estudiosos sobre a origem etimológica da palavra, druida parece provir de oak (carvalho) e wid (raiz indo-européia que significa saber). Assim, druida significaria aquele que tem o conhecimento do carvalho. O carvalho, nesta acepção, por ser uma das mais antigas e destacadas árvores de uma floresta, representa simbolicamente todas as demais. Ou seja, quem tem o conhecimento do carvalho possui o saber de todas as árvores.


A visão tradicional mostra os druidas como sacerdotes, apresentam na qualidade de filósofos. Se levarmos em conta que o druidismo era uma religião natural, da terra baseada no animismo, e não uma religião revelada, os druidas assumem então o papel de diretores espirituais do ritual, conduzindo a realização dos ritos, e não de mediadores entre os deuses e o homem.


A sabedoria druídica era composta de um vasto número de versos aprendidos de cor e conta-se que eram necessários cerca de 20 anos para que se completasse o ciclo de estudos dos aspirantes a druidas. Pode ter havido um centro de ensino druídico na ilha de Anglesey (Ynis Mon, em galês), mas nada se sabe sobre o que era ensinado ali. De sua literatura oral nada restou, sequer em tradução. Mesmo as lendas consideradas druídicas chegaram até nós através do prisma da interpretação cristã, o que torna difícil determinar o sentido original das mesmas.


As tradições que ainda existem do que poderiam ter sido suas práticas religiosas foram conservadas no meio rural e incluem a observância do Halloween (Samhaim), rituais de colheita, plantas e animais que trazem boa ou má sorte e coisas do gênero. Todavia, mesmo tais tradições podem ter sido influenciadas pela cultura de povos vizinhos.


O primeiro Imperador romano a lutar contra os druidas foi Augusto, que impediu os druidas de obter a cidadania romana. Em seguida, Tibério baixou um decreto proibindo os druidas de exercerem suas atividades e finalmente Cláudio, em 54 d.C., extinguiu a classe sacerdotal. Certo mesmo é que, 300 anos mais tarde, os druidas ainda continuavam a ser citados por autores como Ausonio, Amiano Marcelino e Cirilo de Alexandria, como uma classe social e religiosa de extrema importância e respeitabilidade.



Mesmo que eles fossem herdeiros diretos da cultura megalítica que construiu Stonehenge, isso significaria apenas um conhecimento mais elaborado dos ciclos lunares e solares e não a sofisticação da astronomia praticada pelos babilônios e egípcios.


Finalmente, recentes trabalhos de arqueologia da professora Miranda Aldhouse-Green da Universidade de Cardiff confirmam os autores clássicos e demonstram a participação crucial dos druidas na realização de sacrifícios humanos.


O Druidismo é o termo usado hoje em dia para designar a religião praticada pelos neodruidas, isto é, aqueles que através de estudos profundos da história e arqueologia, buscam resgatar a religião dos druidas pré-cristãos e adaptá-la para os dias de hoje.


Originalmente associado às tradições dos celtas - povo de origem indo-européia que habitava extensas áreas da Europa pré-romana -, o druidismo é um caminho espiritual de natureza pagã. O termo “pagão” tem origem no vocábulo latino “paganus”, que era usado para designar alguém que nasce no “pagus” (o campo, a Natureza). Em termos espirituais, portanto, pagão é aquele que acredita na sacralidade da Natureza e de todas as formas de vida. Exemplos de povos pagãos da antigüidade são os gregos, os egípcios, os sumérios, os germânicos e os persas - todos com diversas deidades em seus panteões associadas à Natureza, com deuses e deusas que personificavam as grandes forças naturais do mundo em que vivemos.


Um druida deveria ser tão versado nas leis de seu povo quanto hábil em contar os mitos e lendas que formaram aquele povo. Um druida deveria ser sábio o bastante para aconselhar os reis, como também deveria ser sensível o bastante para praticar a cura, um elemento fundamental dos deveres dos druidas.


Certamente as práticas do druidismo moderno são muito diferentes das dos druidas históricos, pois vivemos em outros tempos, com outras necessidades. Essa é uma das vantagens de uma tradição oral. Ao contrário de religiões que têm como base textos sagrados imutáveis, o druidismo não fica limitado a escrituras ou leis, mas sabe evoluir com o passar dos séculos, sendo sempre algo novo, significativo e capaz de satisfazer os anseios de quem segue este caminho.


Como tudo no universo celta era tripartido (3 mundos – de cima, do meio e de baixo; 3 reinos – terra, água e ar; etc) também eram tripartidas as funções do druida. Embora não fossem uma hierarquia, essas três funções eram aprendidas na ordem exibida no título. Depois disso, o druida tinha como opção exercer uma delas em especial.


Os bardos: eram os druidas especializados na absorção e transmissão do conhecimento druídico, através dos mitos, lendas, poemas e canções que transmitiam a memória ancestral. Os bardos eram os zeladores da tradição e da memória da tribo.


Os ovates: palavra com a mesma origem do verbo português “vaticinar” (predizer, prenunciar, adivinhar). Eram os responsáveis pela cura e pela previsão de eventos futuros. Através de técnicas divinatórias (divinar = conversar com o divino, com os deuses) como o ogham, por exemplo, os ovates eram capazes de antever eventos ou endências futuras, orientando assim a comunidade. Eram xamãs por excelência, que conversavam com os ancestrais para pedir bênçãos e conselhos, que conheciam os animais e os segredos das ervas e das árvores.


Os druidas: esse nome significa “aquele que tem a sabedoria do carvalho”. Eles eram os sábios, os sacerdotes que conduziam os rituais, os conselheiros dos reis e os juristas das tribos. Seus “templos” eram as clareiras nos bosques sagrados (nemetons). Eram extremamente respeitados pelo povo e muitas vezes suas palavras tinham mais peso do que dos reis e rainhas.


Portanto, a função do bardo é conhecer sua história e suas lendas para transmiti-las aos demais. Sua matéria-prima é o passado, a experiência, a memória ancestral. Já o ovate trabalha com o futuro, o potencial, o porvir. São duas facetas do mesmo conhecimento sagrado que permeia os mistérios do tempo e permite, com base na experiência do passado e das potencialidades do futuro, criar um presente melhor, que é a função do druida.



O símbolo da awen foi inventado pelo gênio e, ao mesmo tempo, “charlatão” da história do druidismo do século 19, Iolo Morganwg, como uma expressão do poder da awen, a essência do druidismo. Mais comumente desenhado com 3 círculos com 3 linhas embaixo, ele pode ser entendido como o Sol em 3 pontos: dos equinócios (o círculo do meio), do solstício de inverno (círculo à esquerda) e do solstício de verão (círculo à direita), e os 3 raios (linhas) são entendidos como os dons do Sol: os raios de luz, de calor, de inspiração, indicando um simbolismo de conhecimento, de guia, de sabedoria. Os círculos podem também ser entendidos como as 3 gotas de inspiração da lenda galesa de Cerridwen.


Quando o cristianismo chegou à Irlanda, logo se fundiu ao druidismo que lá ainda existia. O resultado foi o chamado Cristianismo Celta – mais místico, mais profundo e mais filosófico do que o cristianismo de Roma. Na Idade Média, contudo, o poder e a intolerância dos papas não pôde mais suportar as diferenças e a independência do cristianismo irlandês. Foi imposto então, através da força, o cristianismo ortodoxo romano, que sufocou quase que por completo a ancestral sabedoria dos druidas celtas.


Depois de enfrentar o imperialismo conquistador de Roma e a intolerância da igreja, o druidismo adormeceu por séculos, vindo a despertar em 1717, quando o irlandês John Toland, juntamente com o inglês John Aubrey, fundou a Druid Order. Esta é a primeira de muitas ordens druídicas a surgir nessa época. O tema atraiu tanto interesse que, décadas mais tarde, nomes de peso da literatura inglesa, como William Blake e posteriormente W.B. Yeats contribuíram de forma determinante para o ressurgimento do druidismo.


Em 1781, surge a Ancient Order of Druids (AOD), outra ordem que apostava na mesma fórmula cristianismo/druidismo/ ocultismo. Seu fundador, Henry Hurle, inspirou-se claramente na maçonaria para desenvolver a AOD. Ela ainda existe e conta atualmente com cerca de 3000 membros na Grã-Bretanha.



Mas a principal personagem do renascimento druídico do séc. XVIII ainda estava por aparecer. Edward Williams era um galês apaixonado pela cultura celta e possuidor de um profundo senso patriótico e fazia de tudo para dar ao povo galês uma identidade que contrastasse com a cultura imposta pelos ingleses. Tudo mesmo - até forjar textos e tradições na tentativa de provar uma autenticidade celta em suas criações. Williams ganhou notoriedade quando, em 1792, realizou um ritual de inauguração de sua Gorsedd (assembléia de druidas) em plena Londres. A partir dali, Williams seria mais conhecido por sua alcunha: Iolo Morganwg. Ele instilou nas diversas ordens druídicas de então o desejo de resgatar as tradições originais dos druidas celtas, o que despertou interesse para as pesquisas arqueológicas.


Os avanços das descobertas arqueológicas e antropológicas dos séculos XIX e XX trouxeram um novo fôlego a muitas dessas ordens que, amparadas nessas descobertas, conseguiram resgatar os elementos do druidismo histórico. É graças a essa nova postura, mais séria e responsável, que em 1964 surgiu a Order of Bards, Ovates and Druids (OBOD). Resgatando o druidismo celta e livrando-o de elementos estranhos (influências hindus e cristãs), seu fundador, Ross Nichols, foi instrumental para a consolidação do druidismo moderno. Na década de 70, uma ordem irmã, a British Druid Order (BDO), foi fundada por Phillip Shallcrass. Não demorou para ele dividir a liderança da BDO com uma carismática jovem druidesa chamada Emma Restall Orr, autora dos principais livros sobre druidismo da atualidade.


A ordem cresceu mundialmente, com druidas afiliados nos quatro cantos do mundo. Emma fazia freqüentes viagens a diversos países para dar palestras, cursos e iniciações, e como o druidismo parecia crescer cada vez mais fora da Grã-Bretanha, ela decidiu, em maio de 2003, fortalecer o contato com outros países e ampliar as atividades mundialmente. Para isso, ela criou a DruidNetwork, uma organização para unir grupos e indivíduos que sigam práticas druídicas – a DruidNetwork não é uma ordem ou grove.


Em 2002, a convite da editora Hi-Brasil e da Hera Mágica Cultural, Emma veio ao Brasil para apresentar seu trabalho em um workshop e uma série de eventos. Pela primeira vez, o público brasileiro teve acesso direto a uma das principais lideranças do druidismo. Atualmente, o escritor Claudio Quintino, um dos representantes da DruidNetwork no Brasil, dá continuidade a esse trabalho através de workshops, palestras, textos e artigos que apresentam o druidismo, suas características e sua profunda validade a mais e mais interessados.


Muitos associam o kardecismo ao druidismo. Não existe, porém, nenhuma relação entre essas duas correntes religiosas. Ao criar o espiritismo, Denizard Hypolyte Leon Rivail decidiu adotar o nome Alan Kardec para permanecer no anonimato, uma vez que ele era um conhecido professor e filósofo. Um dos espíritos que transmitia informações sobre a doutrina espírita, teria dito ao mesmo que este era a reencarnações de um sacerdote druida, na Gália pré-romana.


Vale sempre lembrar aqui que os celtas não eram reencarnacionistas como o são os kardecistas. Para os celtas, a alma era imortal e podia ou não viver muitas vidas. Imperava o livre-arbítrio, mas não havia carma, recompensas ou punições como no moderno kardecismo. O livre-arbítrio possibilitava à alma celta a opção de ir viver no Outro Mundo ao lado de seus ancestrais e seus deuses para sempre, ou voltar ao nosso mundo, não para cumprir alguma tarefa, ou pagar algumam dívida, mas para viver algo que ainda não havia sido vivido, para experimentar, conhecer, vivenciar, enfim.


Para os celtas, era a ordem natural das coisas e nenhum deus ou deusa interferia nisso. A vontade da alma era o que regia o que lhe acontecia depois da morte. Voltar a habitar um corpo não era uma necessidade e nem uma obrigação para evoluir – não havia o conceito de evolução espiritual para eles, mas sim, uma opção.


O druidismo é uma religião politeísta e seus deuses e deusas não possuem hierarquias ou conceitos de dominância tal qual na mitologia grega, por exemplo. Tampouco possuem um único atributo, como "o deus da guerra" ou "a deusa do amor". Os deuses dos diversos panteões celtas têm múltiplas faces, atributos e características.


Nenhum deles é totalmente bom ou mau, mas desempenham diversos papéis. Não são apenas bons ou apenas maus, mas possuem tanto potencial para o bem como para o mal. Não há a dicotomia de que estamos acostumados, mas sim o equilíbrio de forças negativas com positivas. Os deuses podem ser ao mesmo tempo benevolentes e cruéis: assim como uma chuva que cai sobre a Terra pode ser uma benção quando os campos estão ressequidos ou então uma desgraça quando causa enchentes e destruição. Como curiosidade, vale observar que muitas deidades associadas à guerra/batalha são femininas, enquanto muitas deidades da fertilidade são masculinas.


Os druidas não adoram os deuses, procuram desenvolver com eles um relacionamento pessoal baseado em honra, amizade, reconhecimento e laços de hospitalidade, mesmo porque alguns deuses são os ancestrais, ou seja, nossa família. Assim era com os celtas em tempos antigos, assim continua hoje entre os druidas modernos.


Os celtas não temiam a morte, uma vez que para eles, esta era apenas uma pausa na espiral da vida, um momento de preparo e descanso para um posterior renascimento. Essa crença era também baseada na observação da Natureza, onde o inverno seria o período de recolhimento e descanso para possibilitar a chegada da primavera com vigor e fertilidade. Também temos aí um paralelo com o ciclo do dia: o dia “morre” ao pôr-do-Sol, segue-se um período de descanso na noite para depois o dia renascer pleno ao nascer do Sol.


No druidismo antigo e moderno, portanto, existe a crença no retorno da alma, que pode viver várias vidas terrenas. O que vai determinar quantas vidas viveremos e de que forma? Não há um julgamento moral quando alguém morre. A percepção, o desejo e a necessidade da alma são os fatores determinantes de como se dará a continuidade da vida.


Em sua origem, o Halloween não tinha relação com bruxas. Era um festival do calendário celta da Irlanda, o festival de Samhain, que ia de 30 de outubro a 2 de novembro e marcava o fim do verão (samhain significa literalmente "fim do verão" na língua celta). O fim do verão era o ano-novo dos celtas, uma data sagrada e, nesse período, o véu entre nosso mundo e o mundo dos mortos e dos deuses fica mais tênue. Por isso, o Samhain era comemorado por volta do dia 1.º de novembro, com alegria e homenagens aos que já partiram e aos deuses. Para os celtas, os deuses também eram seus ancestrais, os primeiros de toda árvore genealógica.


Com a cristianização, essa celebração se dividiu em duas: o Dia de Finados e o Dia de Todos os Santos. O primeiro, comemorado no dia 2, surgiu para homenagear os ancestrais, os mortos. O Dia de Todos os Santos surgiu das homenagens aos deuses do Samhain. As entidades pagãs viraram santos católicos. Foi o que aconteceu com a deusa Brighid, que virou Santa Brígida.


Entre o pôr-do-sol do dia 31 de outubro e 1.º de novembro, ocorria a noite sagrada que deu origem ao nome atual da festa: Hallow Evening - Hallowe'en - Halloween.
A relação da data com as bruxas começou na Idade Média, na Inquisição, quando a Igreja condenava curandeiras e pagãos. Todos eram designados bruxos. Essa distorção se perpetuou e o Halloween, levado aos Estados Unidos pelos irlandeses no século 19, ficou conhecido como Dia das Bruxas.


Um ritual simples para a noite de 31/10 é o de acender uma vela numa janela de casa, em homenagem a seus ancestrais, para que eles te inspirem e protejam.


Muitos grupos se reúnem e meditam em volta de fogueiras para honrar seus mortos e seus deuses, com oferendas como frutas e flores, e terminam a festa compartilhando comida e bebida, música e dança. Uma boa bebida para essa época é o leite quente com mel, servido com pedaços de maçã e polvilhado com canela. Pode-se acrescentar o chocolate, que na época dos celtas não existia, mas que hoje é muito bem vindo!


Existem inúmeras formas das oferendas serem feitas. Oferendas podem ser colocadas no altar pessoal ou aos pés de uma árvore ou ainda sobre uma pedra. Podem ser queimadas no caldeirão ou na fogueira de um ritual (o fogo é o veículo que transporta oferendas e pedidos ao Outro Mundo). Podem ser jogadas nas águas de um rio, lago ou do mar, ou enterradas num pedaço de terra que seja especial ou represente alguma coisa ao druida.


Também podem ser entregues de variadas formas. Se vai oferecer alimentos, ervas ou flores pode depositar em algum local especial além de seu altar, como também pode enterrar, como já foi dito. Outra forma é oferecer alimento a alguém que tenha fome, em nome da deidade que você quer honrar. Os alimentos, tanto oferecidos/enterrados num local, como entregues a alguma pessoa, podem ser carne, leite, queijos, bebidas alcoólicas, grãos... Flores secas ou frescas são ótimas oferendas também.


Uma regra muito importante a ser levada em conta é que a oferenda lançada na Natureza, especialmente se for lançada num rio ou no mar, seja 100% biodegradável e não contenha nada tóxico ao meio-ambiente. Nesses casos, dê preferência a alimentos naturais que possam ser consumidos em poucos dias. Evite alimentos industrializados. E jamais use para esses fins objetos que poluam ou sujem o local. Cuidado também com sementes que possam germinar, fazendo assim nascer alguma planta que seja prejudicial ao local. O equilíbrio entre espécies de plantas num bosque e até mesmo num parque é muito delicado. O ideal é que se use sementes já secas e que servirão apenas como alimento, sem germinar. Caso queira deixar um objeto, um presente, a melhor opção é que ele seja feito de fibras naturais, ou mesmo de gravetos, madeira sem química, pedras, cristais, etc.


O altar do druida moderno é parte importante da prática do dia-a-dia e deve ser usado sempre, não apenas em rituais. Trabalhar com o altar é bem simples e o objetivo é "dar um tempo" do dia-a-dia para comtemplar a simbologia dele e honrar os seres que estão nele representados. Também serve para criar uma rotina de comunicação, uma interação, estimular uma convivência pacífica para que os guardiões do local nos aceitem e protejam. Você pode meditar diante do altar, fazer orações e tentar se comunicar com deuses, ancestrais e espíritos para obter inspiração e ajuda, mas o básico para todo dia é acender as velas, ficar em silêncio diante dele por um tempo e ao final fazer uma oferenda.


Sobre os ancestrais, a importância de honrá-los no druidismo vem do óbvio: sem eles não estaríamos aqui. Trabalhar a ancestralidade é trabalhar nossas raízes.


Os Dez Mandamentos


1. Eu sou a Natureza, tua Mãe. Te gerei, te pari, te dou vida. Quando chegar o momento da tua morte, como Pietá eu te receberei de volta no meu seio. Tu me amarás de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento.
2. Nada se pode comparar a mim. Tu não me trocarás por coisa alguma.
3. Aprenderás os nomes dos meus filhos e os amarás. Chamarás pelos seus nomes os animais que andam sobre a terra, as aves que voam no céu, os peixes que nadam nas águas, os insetos e as plantas que vivem no teu caminho. Juntos contigo eles cantam a grande sinfonia da vida que faz pulsar o universo.
4. Os animais e as plantas não são objetos insensíveis à mercê dos teus caprichos. Eles amam a vida tanto quanto os homens e sofrem quando estão morrendo. Plantas e animais são nossos companheiros nesse mundo maravilhoso. Se eles desaparecerem o homem ficará numa solidão sem remédio. Antes de serem objetos de uso, eles são presenças de alegria.
5. Tu me honrarás e protegerás para que os teus dias sobre a terra se prolonguem.
6. Não matarás. Toda a vida será sagrada. A reverência pela vida será o teu valor espiritual supremo. Uma coisa apenas se pode matar: o tempo.
7. Não deixarás sobre mim teus dejetos e detritos mal cheirosos e venenosos. Os campos, as matas, os rios, os mares, são o meu corpo. Cuidarás para que permaneçam puros e limpos. Uma coisa apenas pode deixar sobre minha pele: as marcas da tua passagem atenciosa.
8. Não furtarás. Somente tirarás da natureza as coisas necessárias à tua sobrevivência. Jamais tirarás qualquer coisa para satisfazer a tua ambição.
9. Tu me cantarás como amantes cantam a amada. Sou tua mãe. Te dei a vida. Sou tua amante. Tuas sementes me engravidam. Diante de mim tu serás poeta.
10. De mim nada cobiçarás. Tu não me podes possuir porque não possuis nem mesmo o teu próprio corpo. A brisa fresca, as águas cristalinas, o céu azul, o zumbir dos insetos, a sombra das árvores, o perfume das plantas - nada disso pertence a quem quer que seja. São minhas dádivas gratuitas a todos os seres vivos.


Este artigo e uma compilação de Textos da “Wikipédia a Enciclopédia Livre” e do “Druidismo Brasil”. Clique no Banner e Saiba Mais!



Postado por Waldemar Alvarenga Lapoente (Reizinho) às 23:07
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- 07 Jun 2010
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- 07 Jun 2010
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