quarta-feira, 9 de junho de 2010

721 - INVASÕES BÁRBARAS (MEDO INFANTIL)

Invasões bárbaras: espaço real, espaço simbólico e os medos infantis.



Maria Inês Garcia de Freitas Bittencourt[1]





Este trabalho propõe uma reflexão sobre um fenômeno que vem se tornando cada vez mais freqüente na clínica infantil, particularmente no atendimento de crianças moradoras de lugares de risco: trata-se da observação de ocorrência de uma forma de medo cujas causas se encontram referidas, de modo brutal, não mais ao imaginário, mas a fatos localizados diretamente na realidade do ambiente. Para marcar a diferença entre o espaço real e o espaço simbólico, será tomado como fundamento teórico o conceito de espaço transicional proposto por Winnicott como base para a compreensão do brincar.



Introdução

Cada contexto sócio-histórico fornece os conteúdos culturais que dão forma e nome aos sonhos e pesadelos humanos, criando heróis e personificando em monstros assustadores a ameaça da alteridade e da morte. O imaginário urbano no mundo globalizado é hoje povoado de figuras em que a ameaça adquire as faces características de uma época em que, através da informação que permeia todas as experiências da vida contemporânea, a violência se torna estranhamente familiar ao nosso cotidiano. Enquanto imagens de assaltos, assassinatos e atentados diversos nos são mostrados diariamente, somos lembrados do perigo que nos ronda. O imaginário do medo infantil então acrescenta às tradicionais representações de monstros e fantasmas cenas vindas diretamente da vida real, como observamos recentemente numa pesquisa realizada com 25 crianças de classe média de 6 anos de idade, às quais se pediu que desenhassem uma coisa “ruim”. Mais da metade dos desenhos representavam bandidos atirando, pessoas feridas, etc.

Mais do que estas representações, no entanto, o que tem chamado nossa atenção na clínica infantil é a presença maciça do real que em alguns casos não chega nem a ser representado, por ser paralizante. Buscamos aqui delimitar alguns critérios que possam ajudar a compreender as diferenças entre os tradicionais medos da infância e essas novas formas que se apresentam .

Freud (1919) constatou que a palavra “estranho” (unheimlich) nem sempre é utilizada em um único sentido definido, acabando por relacionar-se com aquilo que provoca medo em geral. Analisando o uso lingüístico desta palavra, Freud mostrou que aquilo que recebe o nome de “estranho” nada mais é do que uma categoria do assustador que remete ao familiar/conhecido. Descreve então como o que nos causa estranhamento nada mais é do que algo que habita nosso próprio interior, algo que nos é familiar e que foi deixado de lado, mas pode ser reavivado sempre que algo ocorre na vida “ confirmando velhas crenças deixadas de lado”, causadoras de uma angustia da qual jamais nos libertamos completamente. O estranho assustador seria então uma forma de reconhecermos, no lado de fora, depositado num outro, este estranho que habita em nós mesmos. Freud acrescenta que quando o estranhamento decorre de complexos infantis, não existe o problema na realidade material; seu lugar é ocupado pela realidade psíquica. Da leitura do trabalho de Freud se depreende, portanto, que este outro que nos assusta é geralmente mediado por uma representação simbólica. Em certas circunstâncias, porém, a ameaça pode encontrar-se localizada no próprio real, tão invasivo que se mostra capaz de explodir, de modo traumático, os limites dos espaços simbólicos. Nestes casos, retomando uma observação de Freud, nos encontraríamos diante de fatos que não eram sobrenaturais na ficção mas passam a sê-lo se ocorrerem na vida real.. É sobre esta questão que proponho focar o desenvolvimento deste trabalho.

Espaço e imaginário



Estruturando o conhecimento do mundo e a organização do próprio grupo social, a ordenação simbólica do espaço desempenha uma função de grande importância na determinação das práticas e representações comuns, que estabelecem uma relação dialética com o corpo de cada indivíduo. A organização do espaço fornece uma estrutura fundamental para a experiência individual, permitindo uma estruturação das representações a respeito de quem somos, e do que somos, dentro de uma determinada situação. É na cultura que se encontram as representações e valorações que determinam, em cada contexto sócio-histórico, as relações do sujeito com seu corpo e conseqüentemente sua própria identidade ( Augras, 1988).

Estas representações não são únicas de um indivíduo ou de outro. São mediadas por uma dimensão que Castoriadis (1992) chamou de imaginário social, de modo que podemos dizer que a imaginação está para o indivíduo assim como o imaginário social está para a sociedade. O imaginário social faz parte do campo das idéias. Ao contrário dos fenômenos, não é emergente, é algo em si:

“Só podemos pensar este imaginário social, que cria a linguagem, as instituições, os costumes, como a capacidade criadora do anônimo coletivo que se põe em funcionamento cada vez que os humanos se reúnem e se dão, cada vez, uma figura singular instituída para existir.”(1992, p. 92)

Assim, o ser humano age e tem conhecimento das coisas simultaneamente no âmbito psíquico e socio-histórico. Tudo que diz respeito ao indivíduo é construído socialmente, criado de acordo com as instituições da sociedade considerada. No que se refere ao lugar ocupado pelo estranho assustador na nossa sociedade, podemos perceber o destaque alcançado pelo “imaginário do medo” ao analisar os conteúdos diariamente veiculados pela mídia, onde se destacam assuntos relacionados à violência urbana que nos deixam a cada dia mais assustados, pois nos lembram a todo momento que não há mais garantia de lugares seguros, mesmo para os moradores de bairros de classe média ou alta, cercados de proteções cada vez mais sofisticadas em suas casas e usuários de carros também equipados com os últimos lançamentos da tecnologia de segurança.

Porém, como afirma Bauman (1998: 42) “ as idéias e as palavras que as transportam mudam de significado quanto mais longe elas viajem – e viajar entre as casas dos consumidores satisfeitoss e as moradas dos sem poder é uma travessia de longa distância”. Assim, contrariamente aos que moram no “asfalto”, os moradores das zonas de risco vivenciam no seu cotidiano aquilo que para muitos outros ainda está apenas nas notícias, e encontram-se capturados de modo concreto pelas representações que dão nome à violência, como a palavra “caveirão” que se refere ao temido carro blindado da polícia, mas se encontra como que colada ao próprio real, evocando experiências traumáticas de puro terror.

Entre as maiores vítimas desta situação se encontram as crianças, para as quais o medo deixa de existir no imaginário e passa a existir na exposição aos tiroteios, na visão dos mortos e feridos, na apreensão constante que vai confinando suas vidas a espaços cada vez mais exíguos onde muitas vezes não resta nem a possibilidade de brincar, como temos constatado nos atendimentos realizados no Serviço de Psicologia Aplicada da PUC-Rio. Estes casos têm chamado nossa atenção pela freqüência da queixa de “ problemas de comportamento”, que tanto incluem condutas de hiperatividade e agressividade como casos de extrema inibição e atrasos diversos no desenvolvimento cognitivo e social. Mas tem chamado especialmente nossa atenção a crescente freqüência desses medos que caracterizamos como localizados no real, escondidos pelo silêncio ou expressos em agudas formas de ansiedade de abandono, de perda de figuras protetoras, que denotam o desamparo diante da ameaça dos tiroteios, do testemunho das execuções sumárias. Atualmente, essas crianças experimentam, em seu cotidiano, situações reais tão amedrontadoras que os tradicionais medos infantis do escuro e das diversas figuras imaginárias representantes da estranheza, saem de cena e dão lugar a medos que são frutos diretos da vivência da realidade.



Quando podemos localizar em um outro simbólico a causa da nossa angustia, não conseguimos nos livrar dela, mas podemos criar estratégias de proteção que podem ser mais ou menos bem sucedidas, dependendo dos recursos que pudermos utilizar na elaboração destas defesas. Em todos os momentos de nossas vidas, e especialmente na infância, as narrativas tradicionalmente criadas pelo imaginário social, dando nomes aos nossos medos, permitem a ação de mecanismos para exorcizá-los simbolicamente, Mas para isso é preciso o apoio de condições facilitadoras, já que o desenvolvimento psíquico só pode se dar na interação entre determinantes inatos e as condições do ambiente.

Vou procurar ilustrar este processo recorrendo a três exemplos. O primeiro é tirado de um caso típico da nossa experiência clínica com crianças moradoras de favelas atendidas no SPA da PUC-Rio.

João (nome fictício) é um menino de 8 anos, que passou uma noite inteira abrigado em baixo da cama com sua mãe e a irmã de três anos, protegendo-se de uma batalha entre a polícia e traficantes, cujos tiros, varando algumas paredes da casa, deixaram marcas na cozinha, danificando o fogão e a geladeira. Duas semanas depois, sua mãe vem ao SPA, com a queixa de que João tem recusado ir à escola, passa horas brincando sozinho dentro de casa ou vendo televisão, dorme agarrado à mãe e se recusa a falar sobre o ocorrido. A mãe notou, porém, que seu medo tem por nome “ Caveirão”.



A referência ao Caveirão como figura representante do medo me levou a uma associação com a observação de uma brincadeira inventada por um grupo de crianças que provavelmente tinham medo de caveiras, como tão freqüentemente acontece. Tratava-se de uma alegre versão do clássico pique-pega, denominada pelo grupo de brincar de esqueleto humano. Segundo as regras do jogo, sentavam-se todos num banco de jardim, à exceção da criança que era inicialmente sorteada para ser o Esqueleto, cujo papel era sair andando, enquanto as outras crianças o seguiam, fazendo palhaçadas diversas, os mais ousados provocando com toques nas suas costas, até que ele se virasse e saísse correndo atrás do grupo, que entre gritos e risadas disparava de volta para o banco. Quem fosse agarrado tomava o lugar do Esqueleto e a brincadeira continuava. Durante este jogo era possível observar, no comportamento das crianças, sinais do enorme prazer que decorre da possibilidade de explorar múltiplos aspectos de uma situação, assumindo o lugar do objeto ameaçador, ou experimentando o prazer de escapar dele, ou ainda, se capturado por ele, viver a excitação do medo de mentirinha e rir da situação. Aquela representação assustadora, que se referia à morte, podia ser contida, simbolizada em palavras, transformada em ações controladas por regras no espaço nem totalmente imaginário, nem totalmente real da brincadeira, de modo a possibilitar o crescimento no mundo real.

Agora passo para uma outra historia de medo, protagonizada por um menino que chamarei Antonio. Tendo assistido a TV pouco antes da hora de dormir, Antonio, de 6 anos, recusa-se a ir para o quarto e chora apavorado, confessando aos pais, depois de muita insistência, que está com medo de uma múmia que acabou de ver num desenho. O pai tenta convencê-lo de que aquilo é apenas ficção, mas o esperto Antonio sabe que existem múmias reais, levando o pai a tentar outras explicações que só pioram as coisas. Esgotados os argumentos racionais, o pai, mobilizado com a sinceridade dos sentimentos do menino, e já sem saber o que fazer, diz o seguinte: “ olha aqui, Antonio, múmia viva não existe porque EU estou dizendo que não existe”. O efeito é surpreendente, Antonio para de chorar e apenas pede ao pai que o coloque na cama e deixe uma luz acesa “para poder ver o escuro”.

No dia seguinte, na hora de dormir, ele sussurra no ouvido do pai : “ fala aquilo de novo? Fala que a múmia viva não existe?”...



Chamo atenção para o fato de que as três situações relatadas podem ser vistas como complementares, pois ilustram alguns aspectos importantes a serem considerados quanto às estratégias disponíveis nos embates entre a criança e os seus medos.



A caveira e a múmia representam assustadoras imagens da morte que, originando-se no real, podem ser transformadas em matéria prima para uma produção simbólica que procura dar forma ao inominável da condição humana, buscando seu controle, substituindo o medo da morte por projetos de vida. O caso de João, porém, enfatiza a presença de um real tão aterrorizante que parece capaz de anular os espaços simbólicos. O medo sentido pelo menino João demonstra todo o seu sentimento de impotência frente aos fatos, numa situação onde a ameaça do mundo real é tão intensa que não há possibilidade de criação de um vínculo de confiança com um adulto firme, capaz de proteger a criança e favorecer movimentos de elaboração do medo, pois os adultos estão submetidos à mesma pressão. Podemos aqui lembrar que a função simbólica se desenvolve numa área assim definida por Winnicott:



“Trata-se de uma área que não é disputada, porque nenhuma reivindicação é feita em seu nome, exceto que ela exista como lugar de repouso para o indivíduo empenhado na perpétua tarefa humana de manter as realidades interna e externa separadas, ainda que inter-relacionadas.” (1975:15 – grifo nosso)



É a existência deste espaço de repouso que permite, ao longo da vida, a aceitação da realidade externa, inevitavelmente articulada com o reconhecimento do sofrimento e da morte, mas isto pode acontecer quando existe a possibilidade de dar um sentido à vida pela criação simbólica.





A brincadeira do esqueleto humano, descrita anteriormente, pode ser dada como exemplo do processo de faz de conta tornado possível pela separação paradoxal que ao mesmo tempo afasta e aproxima duas realidades, processo que implica uma ação efetiva de um meio externo provedor de algumas condições essenciais para que um limite de tipo poroso seja instaurado. O caso do Antonio, com medo da múmia, pode nos ajudar a compreender alguma coisa sobre a construção deste limite. Vemos entrar em cena o pai, que, ocupando seu lugar simbólico de autoridade, usa da prerrogativa que lhe confere sua posição para assegurar que existe um corte entre o mundo externo e a fantasia da criança. O limite, que possibilita que os excessos imaginários sejam contidos, é criado pela palavra do pai, símbolo poderoso construído numa experiência infantil de 6 anos de vida marcada pelo afeto, pela confiança, pelo incentivo ao crescimento. Uma vez criado o espaço intermediário, torna-se possível a função simbólica, desempenhada pela palavra que transforma a múmia em personagem de fantasia, possibilitando seu controle mágico por meio de uma luz que ajuda a ver o escuro . Neste caso, a palavra aparece como condição de construção da própria capacidade de criar a vida.

A este respeito, lembro que Winnicott assim define aquilo que é fundamental para a determinação do espaço imaginário existente entre o indivíduo e o meio ambiente, área de experiência onde ocorrem simultaneamente a separação e o encontro do real e do irreal:



“O espaço potencial entre o bebê e a mãe, entre o indivíduo e a sociedade ou o mundo, depende da experiência que conduz à confiança. Pode ser visto como sagrado para o indivíduo, porque é aí que este experimenta o viver criativo” (Winnicott, 1975:142)



Na transição para a maturidade, que envolve aceitação e relação com o mundo do não- eu , é imprescindível estabelecer-se uma ponte entre a realidade e a fantasia, de modo que o indivíduo possa lidar, segundo as palavras de Winnicott, com o "insulto" do princípio de realidade.



Infelizmente, no caso do menino João, assim como em todos os que a ele se assemelham, encontramos um outro processo. No lugar da caveira metafórica entra em cena o Caveirão, figura da lei ameaçadora, excessivamente real sob a forma de um veiculo invasor fazendo face aos bandidos que semeiam o pânico sem nenhuma lei.

Muitas crianças vivem hoje experiências que, destroçando os espaços externos, afetam também a possibilidade de construção de sentimentos de confiança, impedindo a instauração dos espaços simbólicos onde podem ser controlados os medos, sonhados os projetos e elaboradas as condições do crescimento. São vivências determinadas por condições de vida em lugares onde não há na maioria das vezes espaço para brincar. Para estas crianças confinadas em moradias precárias, pequenas e promíscuas, proibidas de sair por mães amedrontadas, a atividade simbólica criativa é substituída por ver televisão ou jogar videogames de modo repetitivo e muitas vezes solitário. A violência em vez de ser elaborada é apenas re- encenada como num círculo vicioso, nas imagens da TV e dos jogos. Na ausência de espaços favoráveis, o nome do medo se encontra colado à experiência de ameaça explícita que anula o efeito das práticas comuns de dedicação e cuidado, seja porque estas são substituidas por atitudes superprotetoras, ou porque, em casos mais extremos, ocorre a destruição dos laços familiares e a substituição dos vínculos com pais afetuosos e firmes por maus tratos e abandono.

Se por um lado os fenômenos de “colapso simbólico” são muito relacionados aos confinamentos decorrentes da miséria, é importante lembrar que eles podem ocorrer e têm sido observados, de forma mais sutil mas igualmente nociva, sempre que os valores de solidariedade e respeito desaparecem, confinando também crianças materialmente privilegiadas em espaços desprovidos das condições mais básicas de um desenvolvimento saudável .

Para concluir, destacamos então que, separando o medo do Caveirão do medo imaginário da caveira não há um espaço potencial fértil de possibilidades criadoras, mas apenas um grande vazio onde se instala a “ameaça impensável” tal como a descreve Winnicott(1963), num desamparo que pode levar a modos de subjetivação onde finalmente nem o medo pode mais ser admitido.Lembro a este respeito uma frase que foi grafitada no muro do canal situado a alguns metros da saída da PUC-Rio: “para que o medo, se o futuro é a morte?”

Em função disso, o medo de perigos reais, com o qual tão comumente nos deparamos hoje, não só nos sinaliza um pedido de socorro urgente, como talvez represente, em muitos casos, a última oportunidade de uma intervenção, antes que seja tarde demais.






















Referencias Bibliográficas









AUGRAS, Monique (1988) O ser da compreensão. Petrópolis, Vozes



BAUMAN, Zygmunt ( 1998) O mal estar da pós modernidade, Rio de Janeiro, J. Zahar



CASTORIADIS, Cornelius (1992) A criação histórica. Porto Alegre, Artes e Ofícios



DAVIS, Madeleine e WALLBRIDGE, David ( 1982) Limite e Espaço. Rio de Janeiro, Imago



FREUD, Sigmund (1919) O estranho Edição Standard Brasileira das obras de S. Freud , vol. XVII.

Rio de Janeiro, Imago, 1972



LAPLANCHE, Jean e PONTALIS, J.B.(1978) Vocabulaire de la Psychanalyse. Paris, Presses

Universitaires de France

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WINNICOTT, Donald W. ( 1963) O medo do colapso. In: Winnicott, C.; Shepherd,R e

Davis, M. Explorações psicanalíticas.Porto Alegre, Artes Médicas ,1994



------------------------------ (1971) A criança e o seu mundo. Rio de Janeiro, Zahar



------------------------------ (1975) O Brincar e a realidade. Rio de Janeiro, Imago





















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[1] Doutora em Psicologia Clínica. Professora Assistente do Departamento de Psicologia da PUC-Rio. Coordenadora do Serviço de Psicologia Aplicada da PUC-Rio




COPYRIGHT DEVIDO À AUTORA DO TEXTO.

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