segunda-feira, 7 de junho de 2010

545 - IMPÉRIO ROMANO

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Romance reconstitui Império Romano com bom humor

Alvaro Costa e Silva, Jornal do Brasil


RIO - O centésimo em Roma, de Max Mallmann, agrada e surpreende: é um bem-humorado romance histórico escrito com base em uma sólida pesquisa, com direito a epígrafes de Plutarco e Machado de Assis. Para se ter uma ideia de quanto o autor é apaixonado e pesquisou o assunto, basta ler as extensas “Notas diversas (ou o quê, quem, onde, quando, por quê e como, mas não nessa ordem” que fecham o volume. O herói é o ambicioso centurião Publius Desiderius Dolens, que, depois de sete anos combatendo bárbaros na Germânia, onde ganhou o epíteto de Carniceiro de Bonna, está de volta às vielas da cidade eterna. Isso em 68 d.C., quando as legiões romanas dominavam o mundo. Nero, o insano, imperava. Nesta entrevista, Max Mallmann fala de seu fascínio pela antiguidade, da pesquisa que realizou para escrever o livro e de como o cinema e a literatura veem a Roma Antiga.

Uma das epígrafes de O centésimo em Roma é de Plutarco. Você pesquisou muito? A quantidade de informações que o livro apresenta é espantosa.

Desde 2005, quando comecei a trabalhar n'O centésimo em Roma, soube que teria de lidar com um volume monstruoso de informações. O desafio seria tecer com elas uma narrativa que não se tornasse maçante. Espero ter conseguido. Li Plutarco, especialmente as Vidas de Galba e Otho. Li Suetônio, li Tácito, li um pouco de Dion Cássio, outro tanto de Flávio Josefo, algo de Plínio, o Velho e mais um tanto de Cornelius Celsus, e vasculhei historiadores contemporâneos como Paul Veyne, Adrian Goldsworthy e Pierre Grimal, isso para citar apenas os nomes principais da “estante romana” que tenho no quarto. Pesquisei obsessivamente: antes de começar a escrever, durante a escrita e continuo a pesquisar agora, com o livro já nas livrarias. Não consigo nem quero abandonar meus romanos.

Outra das epígrafes vem de Machado de Assis, que também empresta título à obra. É mais fácil do que se pensa juntar Machado e Roma Antiga?

É bastante fácil. Machado era leitor de Tácito, Suetônio e Plutarco. Em Dom Casmurro, em Memórias póstumas de Brás Cubas e em vários contos, como o Um homem célebre, do qual tirei o título, há menções a esses autores. Assim, a ponte de mil e oitocentos anos que une Plutarco e Machado de Assis nas duas epígrafes de O centésimo em Roma é bem mais curta do que parece.

Que autores clássicos da história romana são seus preferidos?

Tácito, sempre. Sou fã de Tácito. Ele escrevia maravilhosamente bem. Tentei imitá-lo o mais que pude. É uma pena que quase não haja traduções em português das obras de Tácito. Minha edição preferida é em espanhol, com tradução de José Luis Moralejo Alvarez. Também gosto muito de Suetônio, porque ele se ocupava das pequenas maledicências que valem ouro para um ficcionista.

Você gosta das recriações romanceadas: Eu, Claudio, de Robert Graves e outras do tipo?

Gosto. Li Robert Graves, Marguerite Yourcenar e alguns outros, como Theodore H. White e seu César no Rubicão. Até Bertolt Brecht fez sua recriação de Roma, com Os negócios do Senhor Júlio César.

E dos filmes da velha Hollywood?

Ah, a velha Hollywood! Onde todos os romanos tinham olhos azuis e se sentiam muito à vontade a fazer refeições, cortejar donzelas ou mesmo cochilar usando a couraça das legiões, que podia pesar dez quilos e não era lá muito confortável. E viviam com tanta seriedade os seus melodramas... Não sei dizer se é apesar ou por causa do exagero, mas gosto dos velhos filmes hollywood-romanos. Tenho especial carinho pelo Júlio César do Rex Harrison, que interpretava seu papel com a dor de quem sabia que, antes do final do filme, a Cleópatra Elizabeth Taylor acabaria na cama com o Marco Antônio Richard Burton.

E das séries recentes, a exemplo de Roma, produzida pela tevê a cabo?

Gostei de Roma, da HBO. A cenografia e o figurino eram perfeitos. E o roteirista e produtor Bruno Heller tomou uma decisão dramatúrgica que funcionou muito bem: as três décadas passadas desde a Guerra das Gálias até o triunfo de Augusto apareceram nas duas temporadas da série como se fossem um período de sete ou oito anos. Num livro, essa aceleração do tempo seria quase uma trapaça, mas na TV ficou ótimo.

A vida de Brian, de Monty Python?

A vida de Brian é um de meus filmes preferidos. Tenho o DVD e volta e meia o revejo. Há uma cena que, além de inesquecível, é exemplificativa do legado romano para a civilização ocidental. Reg, interpretado por John Cleese, é o líder da Frente do Povo da Judeia e, diante do seu grupo de conspiradores, lança a pergunta retórica: os romanos tiraram tudo o que tínhamos, e o que nos deram em troca? Um dos conspiradores, timidamente, ergue o braço e sugere: o aqueduto? Outro cria coragem e fala no saneamento. Mais alguém menciona as estradas. E a irrigação. E a medicina. E a educação. E o vinho. E os banhos. E a ordem pública... Reg, contrariado, tem de reformular a pergunta: Tudo bem. Mas além do saneamento, da medicina, da educação, do vinho, da ordem pública, da irrigação, das estradas e da água potável, o que mais os romanos fizeram por nós? Depois de um breve silêncio, outro conspirador diz: eles trouxeram a paz. Reg fica furioso.

Acaba de sair no Brasil uma pequena novela do escritor catalão Eduardo Mendoza, A assombrosa viagem de Pompônio Flato, cuja ação se desenrola um pouco antes da narrada em seu livro. No de Mendoza, Jesus é um menino. Você já leu o livro? Pois é: os dois tratam a Roma Antiga com humor. Por que a opção?

Não li ainda A assombrosa viagem de Pompônio Flato, mas já o incluí na minha lista de futuras compras. Até onde pude perceber, Eduardo Mendonza, com os romanos dele, é um pouquinho mais simpático ao cristianismo do que eu com os meus... Quanto à opção pelo humor, aconteceu simplesmente porque não vejo outra. Não só na literatura, mas na vida. O humor está presente em tudo o que faço. Até, espero, nesta entrevista.

O centurião Publius Desiderius Dolens, anti-herói do seu romance, é um sofredor como indica seu nome? Ou uma vítima?

O adjetivo dolens significa doloroso, o que tanto pode indicar aquele que sofre quanto aquele que causa o sofrimento. Desiderius Dolens é um pouco das duas coisas. Em seus piores dias, ele certamente se considera uma vítima. Mas, apesar da pouca autoestima, ele se orgulha de, teimosamente, resistir aos maus fados. Ele não é um semideus; é um sobrevivente.

O seu livro dava um filme? Com quem nos papéis principais?

Talvez O centésimo em Roma pudesse dar um filme, sim. Mas não seria uma adaptação fácil. Enquanto escrevo, meus personagens não têm rosto nem voz. Eles são vultos nebulosos feitos de palavras. Se eu fosse pensar num ator para viver Dolens, quem seria? Alguém com uma cara meio esquisita, um olhar forte e algum carisma que o tornasse simpático. E que fosse ao mesmo tempo bom de drama e de comédia. Talvez, quem sabe, alguém parecido com o Ray Milland, com a idade que ele tinha quando fez Farrapo humano, do Billy Wilder, em 1945.

CLIQUE AQUI para ler a entrevista na íntegra


21:02 - 14/05/2010



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