sábado, 5 de junho de 2010

413 - OS ROMANOS

1
Palavras do Presidente do Supremo Tribunal Administrativo
Conselheiro Manuel Fernando dos Santos Serra
na Tomada de Posse de um dos Vice-Presidentes
Lisboa, 14 de Julho de 2008
Os romanos, que nos legaram, entre muitas outras coisas, os
fundamentos das ciências jurídicas, tinham por singular costume
marcar os dias solenes com PEDRAS BRANCAS.
PEDRAS BRANCAS usadas para indicar a inocência das pessoas
ilegitimamente acusadas de crimes.
PEDRAS BRANCAS dadas a escravos libertados, em sinal da sua
recém-adquirida cidadania.
PEDRAS BRANCAS ofertadas a vencedores de corridas e aos
vitoriosos em batalha.
PEDRAS BRANCAS, afinal, assinalando alguns dos mais
importantes eventos, militares e civis, que testam a fibra dos
homens e os autorizam a começar NOVA, porventura mais
auspiciosa, vida.
2
Muitos séculos transcorridos, o costume perdeu-se na memória dos
tempos.
Mas se PEDRAS BRANCAS aqui houvesse, suficientes motivos
teríamos para reviver tão nobre ritual.
É que a recente jubilação do Senhor Conselheiro Azevedo Moreira
proporciona uma reflexão e justifica uma especial saudação a
quem, ao longo de 46 anos de carreira na magistratura, vinte e sete
dos quais despendidos na jurisdição administrativa e fiscal, não
regateou esforços nem sacrifícios para construir uma auréola de
respeito para a função judicial, para a Justiça Administrativa e –
muito em particular – para o Supremo Tribunal Administrativo.
Dando continuidade ao trabalho de eméritos julgadores, que no
passado marcaram a vida das suas jurisdições, o Senhor
Conselheiro Azevedo Moreira deixa um EXEMPLO e um APELO
aos julgadores do futuro.
No seu trabalho rigoroso, ascetismo e disciplina férreas, exímia
cultura jurídica e humanística, honradez e integridade, AMOR ao
estudo e à profissão, aí vemos o sentido de ser-se Juiz.
3
Foi este Magistrado e Amigo, capaz de aconselhar com
FRONTALIDADE e FRANQUEZA, que encontrei desde a minha
chegada à Presidência do Supremo Tribunal Administrativo no
Senhor Conselheiro Azevedo Moreira, na sua qualidade de Vice-
Presidente deste Supremo Tribunal.
Um amigo que, sem suspender o juízo crítico, soube sempre
coadjuvar o Presidente, nos BONS e MAUS momentos, sempre
com lealdade e solidariedade, tornando a PROSPERIDADE mais
brilhante e ILUMINANDO a adversidade que necessariamente se
experimenta quando se dá diariamente a FACE e se preside aos
destinos de uma instituição desta complexidade, deste dinamismo,
desta projecção.
É este mesmo Tribunal que, uma vez mais, se metamorfoseia, com
a eleição de um novo Vice-Presidente.
E nesta passagem de testemunho, que hoje aqui se assinala, reside
uma esperança: a de que o futuro da Vice-Presidência deste
Tribunal dê continuidade, no mesmo espírito de estreita
colaboração entre Vice-Presidentes e Presidente, a esse trabalho
coroado de uma gloriosa PEDRA BRANCA, que nos deixa o Senhor
Conselheiro Azevedo Moreira e que os actuais Vice-Presidentes,
Senhores Conselheiros Brandão de Pinho e Rosendo José, mantêm
em suas mãos.
4
Caros Colegas e Amigos
Minhas Senhoras e Meus Senhores
Olhando para a brilhante carreira profissional e conhecendo de
perto a pessoa do Senhor Conselheiro Santos Botelho, não tenho
dúvidas de que é o Homem – e o experiente Magistrado – capaz de
responder, com coragem, ao desafio do novo cargo em que foi
agora investido.
Este ritual de passagem está inserido numa acumulação histórica,
num percurso de longa duração do pensamento, e consolidação de
resultados, sobre a verdadeira Vocação deste Supremo Tribunal e
seu devido LUGAR no nosso sistema de administração de Justiça.
Estamos hoje bem mais próximos do arquétipo de Supremo
Tribunal, responsável pela melhor aplicação e progresso do Direito
Administrativo e Fiscal, que durante longos anos, penosos anos
mesmo, fôra mais realidade SONHADA do que efectivamente
VIVIDA.
5
Mas hoje, com novas leis, surgiu também um tempo novo: o que
espera dos Tribunais Administrativos e Fiscais, designadamente do
seu órgão de cúpula, uma jurisprudência sábia, tempestivamente
produzida e dada a conhecer ao Mundo.
Um Mundo de milhões e milhões de Portugueses ciosos de boas
razões para acreditarem de novo na nossa Justiça.
E nós oferecemos essa razões sempre que persistentemente, entre
noites mal dormidas, debelamos pendências, ou quando, com
sentido único de responsabilidade, exercemos esse novo poder,
que é hoje nosso, de definir e julgar, em matéria de revista
excepcional, aqueles casos que, pela sua complexidade, relevância
jurídica ou social, mais reflectem os ritmos e as reais urgências
dessa sociedade efervescente que nos circunda.
Mas na Justiça de hoje, uma Justiça que vive literalmente sob a luz
das câmaras, uma Justiça que, para prevenir abusos, tem de saber
comunicar claramente com o público, na Justiça de hoje, dizia, o
SER e o FAZER dissolvem-se infelizmente num quase nada, se
trabalhado não for também o PARECER.
6
Cada um de nós, funcionários ou magistrados, é hoje um potencial
REPRESENTANTE do Supremo Tribunal Administrativo: a sua
FACE voltada para o MUNDO, um Mundo que o Tribunal indaga,
um MUNDO que a Justiça que nele se faz quer compreender.
E, também neste domínio, coadjuvando o Presidente, como é de lei,
o Senhor Vice-Presidente Santos Botelho, quando chamado a
representar o Supremo Tribunal Administrativo, saberá
condignamente transmitir para o exterior o produto de um trabalho
conjunto: a confiança, o respeito e o prestigio solidamente
radicados nesta secular instituição.
As suas conhecidas e reconhecidas qualidades de íntegro
Magistrado, de exímio jurista e notável administrativista, aliadas a
uma pronta disponibilidade e a um alto sentido de responsabilidade,
constituem garantia de que o Senhor Conselheiro Santos Botelho
assumirá um novo ROSTO, um rosto que, estou certo, incarnando
em cada singular expressão os DEVERES e a HUMANIDADE do
cargo de Vice-Presidente, será motivo de orgulho para todos nós.

TODOS OS DIREITOS DE COPYRIGHT RERSERVADOS AO AUTOR.

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