segunda-feira, 14 de junho de 2010

1104 - ORIGEM DAS UNIVERSIDADES

EXPERIÊNCIAS E DEMANDAS: O PERFIL DOS ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS DE ORIGEM POPULAR
José Iderclei Barriga de Souza
Wollace Scantbelruy da Rocha
Anderson Clayton da Silva Wolff
Profa. Msc. Lídia Ferraz(1)
Departamento de Psicologia
RESUMO: Partindo da proposta nacional do Programa de Extensão Conexões de Saberes: diálogos entre a universidade e as comunidades populares, a equipe interdisciplinar pertencente a este programa na Universidade Federal do Amazonas realizou um diagnóstico sobre as condições pedagógicas e socioeconômicas dos alunos de origem popular no espaço acadêmico. Com a pesquisa diagnóstica realizada junto aos acadêmicos da UFAM, intenta-se colaborar com a construção de um banco de dados acerca das características socioeconômicas e culturais, experiências e demandas dos alunos de Graduação, com ênfase no perfil social dos estudantes oriundos destes espaços; contribuir para a análise das condições de ingresso e permanência dos alunos de origem popular nas universidades públicas, e ensejar o debate, entre universitários oriundos dos espaços populares para a proposição e aplicação de medidas e ações que ampliem suas possibilidades de acesso e de permanência, com qualidade, nas instituições de ensino superior. A coleta dos dados foi realizada por todos os integrantes do programa Conexões e Saberes da UFAM, no período entre junho e agosto de 2005. A construção da categoria Estudante Universitário de Origem Popular foi o resultado da articulação das três variáveis consideradas mais abrangentes em escala nacional: renda e escolaridade dos pais e local de moradia. Para o território/local de moradia o intuito foi encontrar os estudantes que percebem seu local de moradia como um espaço popular, classificando-o, por exemplo, como favela, morro, periferia, bairro popular, loteamento ou categorias afins. A escolaridade dos pais por indicar a provável condição social da família durante a trajetória do indivíduo. A renda familiar é um indicador para retratar a situação econômica presente da família. Com interesse
centrado na renda dos pais, evitando, assim, a influência da renda de outros membros do domicílio (por exemplo, tios e avós). Devido às especificidades regionais o corte foi fixado em média de até três salários mínimos, ou seja, a soma da renda do pai e da mãe não poderia ultrapassar seis salários mínimos. A aplicação do questionário foi presencial, realizada entre os dias 16 a 30 de agosto de 2005. Foram aplicados um total de 2.852 questionários, com o aproveitamento de 2.415. Os descartados não apresentavam clareza, pois os dados não foram informados corretamente, havendo dúvidas quanto ao preenchimento. Entre os resultados obtidos apresentam-se os dados selecionados dos três filtros para a caracterização do Estudante Universitário de Origem Popular. O primeiro filtro trata do reconhecimento do local de moradia como sendo ou não de origem popular, 64% dos alunos entrevistados reconhecem suas moradias como sendo de origem popular e 35% moram em espaços não populares. O segundo filtro, referente à escolaridade dos pais, que é um dos mais importantes indicadores do sucesso na caminhada de jovens ao ensino universitário aqueles que possuem o ensino fundamental completo: pai 31,0%; mãe 27,8%. Na faixa até ensino médio completo: pai 62,6%; mãe: 65,9%. No terceiro filtro, renda dos pais, fator determinante não apenas para o ingresso dos filhos na universidade, mas também para a conclusão do curso. Destacam-se os seguintes dados: Indefinido: pai 40.6% e mãe 46,6%. Até três salários mínimos: pai 21,2% e mãe 28%. Acima de três salários mínimos: pai 38,4% e mãe 25,4%. A instituição universitária pode ser compreendida como um campo social, isto é, um espaço construído a partir de posições de sujeitos em relação no mundo. Emergem daí identidades, conflitos e alianças que tecem o estar sendo e o próprio vir a ser da Universidade. Portanto, elegê-la como espaço privilegiado da realização da pesquisa em curso significa reafirmar sua importância estratégica na transformação democrática da sociedade brasileira. A Universidade não pode isentar-se da responsabilidade social e do compromisso com a formulação de alternativas para o enfrentamento dos problemas sociais das comunidades populares. Há uma dívida social crescente, pela desatenção e precarização do atendimento a esta população. A caracterização dos estudantes de origem popular é um grande passo para estabelecer políticas específicas voltadas para este grupo e garantir não apenas a efetivação da cidadania, mas também a capacidade que a universidade tem demonstrado de crescer nas adversidades que vem de sua construção coletiva, desde sua origem, da consciência da relevância da pluralidade
de sua comunidade, da certeza de que para cumprir plenamente seu papel social precisa de todos os seus talentos, competências e de todas as posições ideológicas, sem espaço para a exclusão.
E-mail: lidiaferraz@ufam.edu.br
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(1) Orientadora

COPYRIGHT: LIDIAFERRAZ@UFAM.EDU.BR.

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