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Universidades de Oxford e Cambridge - sua origem e evolução (I)
As Universidades de Oxford e Cambridge são renomadas no mundo inteiro. As suas origens, porém, são pouco conhecidas...até agora! Comecemos, pela primeira - Oxford, finalizando com a segunda, que contrariamente ao seu inegável palmarés universitário a sua origem pode surpreender muitos admiradores!
A Inglaterra pode orgulhar-se das suas duas mais antigas instituições académicas - as universidades de Oxford e Cambridge, que desde o século XVII e até 1948, foram tratadas como círculos eleitorais, com o direito de eleger um deputado cada para a Câmara dos Comuns. (*). Oriundas de instituições monásticas, como dominicanos, franciscanos, carmelitas e agostinianos, geralmente baseadas em centros episcopais como Lincoln (centro da Inglaterra), Exeter (sudoeste) e York (Norte), mais tarde, Oxford notabilizar-se-ia como centro de ensino, dando, assim, lugar à Universidade do mesmo nome. Fundada no século XIII, existem, porém, anais de que as primeiras lições remontam ao final do século XII (+) e a de Cambridge a 1209 (1). Embora conhecidas por universidades de Oxford e de Cambridge, a sua estrutura é formada por "Colleges" independentes, a quem compete a ministração do ensino, embora os diplomas ou formaturas sejam atribuídos na base genérica de Oxford ou Cambridge. Enquanto Oxford é composta por 39 "colleges", albergando 14.500 estudantes, Cambridge conta com 31, mas mais ou menos com o mesmo número de estudantes.
Oxford (1)
A tradição académica de Oxford é pautada pelas Humanidades, a de Cambridge prima pela Ciência. Por isso, no dominio das Letras e das Artes, Oxford orgulha-se da Biblioteca Bodlleian, que rivaliza com a Biblioteca Nacional (British Library), o Museu Ashmoleum, que foi o primeiro museu público britânico (1683), é um dos mais notáveis do país em obras de arte e de arqueologia, principalmente da Europa e do Médio Oriente. Além disso, o facto de depois da Universidade (Oxford University Press) editar os primeiros livros do mundo (1478), a seguir à invenção da impressão por William Caxton (1420-1491), como o nome indica, é dali que sai o mais famoso dicionário mundial o Oxford English Dictionary (OED) (2), com a primeira edição completa em 1928, e uma constante miríade anual de obras, principalmente de carácter didáctico e académico (3). De Oxford é igualmente originária da primeira tradução da Bíblia em inglês, cuja iniciativa se ficou a dever ao então director do Balliol College (1361-1382), John Wycliff, que se baseou na versão da Vulgata (em Latim).
Outra particularidade de Oxford, é, primeiro o facto de ter sido escolhida por Carlos I (1625-1649), para capital do Reino, embora temporariamente, durante a primeira fase da guerra civil, que rebentou com o primeiro encontro, em Edgehill (nas proximidades de Banbury, condado de Warwickshire, sudoeste da Inglaterra), em 23 de Outubro de 1642, entre as forças a favor do rei e as hostes parlamentares, também chamadas Roundheads, sob o comando do então deputado Oliver Cromwell, e terminou, com vitórias dos parlamentares, em 14 de Junho de 1645, em Naseby (condado de Northampton, centro da Inglaterra). O segundo, é a origem do New College. A febre bubónica e outras pragas que se lhe seguiram, que entre 1348-49 dizimou entre um terço e metade da população inglesa, e que permaneceu endémica até ao século XVII, com graves consequências principalmente em Londres, igualmente vitimou um largo número de membros do clero, particularmente quando prestavam a extrema unção às pobres vìtimas. Os efeitos foram tais, que muitos mosteiros ficaram completamente destituídos de monges. A situação foi particularmente grave devido ao facto da acção dos prelados não se limitar apenas a actos religosos, mas também a aspectos da administração civil, por serem altamente letrados. Para tentar resolver a crise, o bispo de Winchester, William of Wykeham, também ministro das finanças, fundou tanto o New College, em 1375, como o Colégio de Winchester, ns proximidades de Southampton, no sul da Inglaterra.
A Universidade de Oxford é também pioneira dos jardins de plantas medicinais. Graças a um avultado donativo de 5000 libras para a época, iniciativa do então Conde de Danby, Henry Danvers, em 1621, foi fundado para "a glória de Deus e progresso do conhecimento".Trata-se do primeiro jardim científico exclusivamente dedicado ao estudo das propriedades medicinais das plantas. Estava-se no período áureo da botânica em que se destacava o cientista botanista, John Tradescant (1570-1638), também jardineiro oficial de Carlos I. Plantas até então desconhecidas, como a batata, oriunda do Perú, que provocou sensação, particularmente devido às suas altas qualidades nutritivas, passando a fazer parte indispensável das refeições e que, desempenharia importante papel na supressão da que ficou catalogada como a Grande Fome, na Irlanda, em 1740. O Jardim Botânico de Oxford notabilizar-se-ia, três séculos e meio depois da sua fundação,devido ao facto de a ele chegarem espécies raras de plantas dos quatro cantos do Globo.
(*) O número de deputados aumentou para 9 no século XIX e para 15 em 1918, com representação extensiva a outras universidades do país, cabendo a abolição desta concessão ao governo de Clement Atlee, na Lei Eleitoral de 1948, que entrou em vigor em 1950. Na República da Irlanda, porém, esta prática mantém-se, mas em termos de senado (Seanad), em que seis membros da Câmara Alta, três da Universidade Nacional da Irlanda e outros três da Universidade de Dublin, completam os 60 representantes
(+) O historiador Peter Ackroyd, na sua obra Thames Sacred River, pag. 101 sugere que embora as origens da Universidade sejam difíceis de identificar, afirma que o mosteiro de St. Frideswide foi o seu predecessor e o que inspirou a sua criação. Já centro de saber no século IX, teve como seu patrono o rei Alfredo (848-900) que se notabilizou como o patrono do esnino.
(1) Rivalidades entre apoiantes medievais das duas universidades reivindicavam a origem de Cambridge ao antigo príncipe espanhol
Cantaber, dando lugar ao alvará atribuído nada mais nada menos que o Rei Artur. Inconformados, os apoiantes da Universidade de
Oxford invocaram a fundação ao primeiro britânico, o exilado troiano Brutus. (Vide The History Today Companion to British
History, pág 123), editado por Juliet Gardiner & Neil Wenborn e publicado por Collins & Brown.
(2) Com actualizações regulares, a equipa editorial permanente do OED, convida o envio de novos vocábulos, que são devidamente escrutinados. Esta prática "democrática" levou a BBC a produzir o programa Balderdash & Pifflea, transmitido em 2005/2006, em que, depois de investigação intensa desafiava asserções e inclusões, cuja maioria foi tomada em conta.
(3) Esta editora dispunha, em 2008 de uma dependência em Portugal.
Publicação: Thursday, August 21, 2008 6:46 PM por gilfer
Arquivado em: Universidades - História
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