1005 - UNIVERSIDADES

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Gilfer
segunda-feira, 27 de Outubro de 2008 2:31 Gilfer
A universidade desordeira - Cambridge - História das Universidades de Oxford e Cambridge – sua origem e evolução (II) Cambridge
Com origem pouco abonatória, pela desordem que prevalecia, a Universidade de Cambridge é hoje um dos principais centros mundiais da Ciência e da Arte, redimindo-se assim, dos seus repreensíveis primórdios A Universidade de Cambridge, (que segundo uma lenda, assás credível, deve-se à expulsão de alunos desordeiros de Oxford, que devido às boas famílias de que eram oriundos persuadiram os monges a educá-los), orgulha-se de uma tradição liberal, com raízes profundas na música, principalmente coral e medieval (Trinity College). Embora tivesse sido fundada em 1209, em 1226 teve o primeiro Reitor, reconhecido tanto pelo rei como pelo papa, mas só em 1284 é que viu o seu primeiro "college", Peterhouse. As lutas e provocações por parte dos estudantes levaram à destruição das escrituras e alvarás universitários, provocando também a morte de vários estudantes. Dos sérios distúrbios só o colégio Corpus Christi,. fundado em 1352, demonstrando invulgar espírito de mediação, permaneceu incólume devido ao notável pacifismo e exemplo demonstrados (*). Aliás, pautada pelo seu puritanismo e em sequêmcia dos incidentres, o Colégio Corpus Christi, proibiu os seus alunos a participar em peças teatrais, que na altura eram predominantes no meio académico. Exemplo idêntico, este em termos de organização de peças teatrais, foi seguido pelo Colégio Emmanuel, fundado em 1584. Este negro capítulo, levou o Reitor da Universidade, Lorde Burghley (William Cecil), também ministro das finanças, a decretar, em 1585, normas severas, incluindo o envergar obrigatório de uniforme (+ ) (*+). Mas, quase dois séculos mais tarde, em 1776, o recruta que viria a ser famoso anti esclavagistar, William Wilberforce, notaria, decepcionado, que a devassidão entre os alunos era predominante: "bebem imenso ... pelo que fiquei chocado com a sua conduta". Outro contemporâneo apontava que "era escandalosa a ignorância da ordem e da disciplina na Universidade" (1) Não surpreende que a partir do século XIX, Cambridge libertou-se dos atavios religiosos (2), como, por exemplo, exames de religião como prova obrigatória de admissão e começou a abrir o curriculo às Ciências Naturais (1851), à Engenharia (1894) e à Matemática. Foi também neste período que graças ao Girton College, foram admitidas alunas (1869), o que constituíu uma verdadeira revolução no ensino superior para a época (3). Se a Universidade de Cambridge se orgulha de muitos laureados Nobel, em que se destacam, pela sua importância, Ernest Rutherford (mais tarde Lorde), inventor da separação do átomo em 1932, como os Drs. James Watson e Francis Crick, que juntamente ao Prof. Maurice Wilkins, este do King''s College de Londres, descobriram a origem da vida, o ADN (ácido dióxidoribonucleico), em 1953, para ser igualmente fiel à irreverência de que a origem de Cambridge é timbre, nela foram também formados actores, jornalistas e escritores igualmente irreverentes, como é o caso, principalmente de John (Marwood) Cleese e de David Frost. Fiel à tradição, ou seja, depois do director da cátedra de matemática, Charles Babbage, ter inventado, em 1833, a "máquina analítica" tida como a percursora dos computadores, Cambridge é conhecida como verdadeiro Centro Científico, em que a informática desempenha papel importante. Em relação a John Cleese, o principal mentor dos "Monty Python's Flying Circus", o autor lembra-se perfeitamente da gravação do primeiro programa desta série anárquica, no estúdio 5 de Television Centre da BBC, a que assistiu, em 5 de Outubro de 1969. Idêntica situação passou-se em relação à estreia na televisão tanto de John Cleese como do célebre jornalista e que viria a ser temível entrevistador da TV, David Frost, mais tarde elevado a "Sir", no programa também da BBC, transformado em clássico, That Was The Week That Was, em 24 de Novembro de 1962. A contrastar, a Universidade de Cambridge foi alfobre de espiões notáveis e os que mais danos causaram ao país. Dentre eles destacam-se, Kim Philby, Donald McLean, Guy Burgess, todos na década de 50 e Anthony Blunt, primo de Isabel II, denunciado em 1979, que pertenceram à notável sociedade secreta de elitistas intelectuais, chamada "Círculo dos 12 Apóstolos". Antes destes, porém, principalmente já à volta de 1580, no reinado de Isabel I, Cambridge era alfobre de recrutamento de espiões ou informadores por iniciativa do então espião-mór, o ministro de Isabel I "Sir" Francis Walsingham, empenhado na detecção e prisão de católicos ou daqueles que procuravam aliciar estudantes a abraçar o Catolicismo, como servir a França e, por sua vez, ajudar A Raínha Mary da Escócia, detida pela prima, Isabel I, a reconquistar o Trono. Dentre os mais notáveis, constam Robert Poley (mais tarde torturado e executado), Richard Baines e o escritor-dramaturgo, Christopher Marlowe (4). Actualmente a rivalidade entre as duas vetustas universidades é particularmente notável no desporto, principalmente nas modalidades do râguebi e do remo. Todos os anos, equipas das duas universidades, nas modalidades anteriormente descritas, confrontam-se no território neutro da capital britânica. Embora o embate de râguebi seja renhidamente disputado no estádio nacional da modalidade, Twickenham (sudeste de Londres), a prova de remo, que se efectua normalmente duas semanas antes da Páscoa, no Tamisa, por ser transmitida em directo pela televisão atrai particular interesse. A prova, com equipas de oito remadores cada, é disputada entre Hammersmith e Putney (a oeste de Londres), um trecho do rio em que as correntes são particularmente difíceis. Com 152 provas disputadas, a de 2008 foi ganha pela equipa de Oxford, mas a de Cambridge suplantava a adversária com 78 vitórias contra 74. (5) (*) Christopher Marlowe, Poet & Spy, por Park Honan, (Edição da Oxford University Press) pg. 72. (+) Idem pg. 77 (*+) O uniforme era tão característico ao ponto de distinguir tanto doutores de religião como doutores de direito e ainda alunos formados como alunos em formação. Cambridge Guide, pgs. 29-35 (1) William Wilberforce, por William Hague, (edição de HarperPress) pág. 21. (2) Pelo menos até e durante o século XIX, virtualmente todos os directores e a maioria dos professores dos "colleges" eram membros do clero, e pelo menos metade dos alunos, depois de formados, eram párocos, assumindo, simultaneamente, funções de magistrados. (3) A estrata social dos alumos era composta por cinco categorias: "Commoners", provenientes das classes abastadas; bolsistas, que representavam o maior número; "sizers", ou seja, os alunos que estudavam a troco de serviços prestados às instituições em que se encontravam, como fazer camas e efectuar limpezas; alunos com capacidades excepcionais como, por exemplo, o caso do poeta Edmund Spenser (1552-1599) e, empregados, designados por "quadrantarii", que trabalhando na instituição académica era concedido o direito a estudar. (4) Christopher Marlowe Poet & Spy, pag 120 5)Em 2007, no Reino Unido existiam 130 Universidades. Tags: Universidades Britânicas - Oxford e Cambridge
Comentários
laranjalima // segunda-feira, 27 de Outubro de 2008 14:53

Pensava que o nascimento de Cambridge a partir da cisão de Oxford era um facto histórico e não uma lenda.

Cumprimentos

Laranjalima


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